Manuel
Simões Freire de Figueiredo Lima, filho de Bernardo Velez de Lima e Maria Velez
de Lima, nasceu em Nisa a 10 de Junho de 1911 e faleceu em Lisboa em 1991. É
das personalidades nascidas na Corte das Areias, porventura uma das menos
conhecidas entre os seus conterrâneos. Manuel Lima desde tenra idade evidenciou
particular vocação para as artes plásticas e foi nela que se distinguiu durante
a sua vida. Sobre ele escreveu Mário Elias (alentejano de Mértola), pintor e
seu amigo pessoal, um texto publicado em 1998 no “Jornal de Nisa, em que
referia que “Manuel de Lima era um pintor probo, dotado de um estilo vigoroso e
pessoal”, naquela que é, possivelmente, a única referência publicada no
periodismo nisense no século XX, à figura e obra de Manuel Lima.
Vinte
e cinco anos passados sobre o seu falecimento, urge conhecer e
divulgar a obra
deste ilustre cidadão na terra que o viu nascer. A biografia de Manuel Lima que
a revista “Nisa Viva” reproduz e dá a a conhecer aos leitores, foi publicada
pela sua neta Maria Inês Gonçalves, na página oficial que o pintor tem na rede
social Facebook, na Internet.
Biografia
«Manuel
Lima nasce em Niza, Alentejo, a 10 de Junho de 1911. Evidencia, ainda criança,
talento para as Artes Plásticas. Frequenta, em Coimbra, o liceu. Cursa, mais tarde,
a Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, onde teve por mestres, Simões de
Almeida (sobrinho), Luciano Freire, Veloso Salgado, Henrique Franco e Varela
Aldemira. Termina o Curso Superior de Pintura com a classificação de 18
valores.
Obtivera,
muito jovem, (1926) o primeiro prémio, num concurso a nível nacional, para um
cartaz. Era o precedente de muitos outros: Prémio “Miguel ngelo Lupi”; “Medalha de Prata” da Sociedade
Nacional de Belas Artes, “Prémio Gustavo Cordeiro Ramos” (1983) - atribuído
também pela Sociedade Nacional de Belas Artes—com o quadro “Mercador de
Ilusões”; “Prémio Correio da Manhã” (1984), com o quadro “Maternidade”.
Marcou
presença em exposições colectivas. Entre outras, no Salão Bobone, em Lisboa
(1931/32); na Galeria Espaço, no conselho de Évora (1932); numa outra exposição
de Arte, em Lisboa (1935); na Missão Estética de Férias, em Tomar (1937); em
mais outra exposição no Mosteiro dos Jerónimos, da qual foi o organizador
(1979); na Galeria de S. Francisco (1981/84); no Palácio dos Coruchéus
(1980/86); na Galeria d’Arte do Casino do Estoril (1990); na Maternidade
Alfredo da Costa (1991).
Em
1932 começou a expor—e continuará a fazê-lo regularmente durante o espaço de 20
anos ou mais—com o “Grupo de Artistas Portugueses”.
Participara,
a convite de José Tagarro, no “Salão dos Independentes”, organizado por aquelo
Pintor. Muito mais recentemente, em 1992, participa na Primeira Exposição de
Artistas Alentejanos, realizada na Câmara Municipal de S. Tiago de Cacém.
Está
representado no Museu de Arte Contemporânea e muitas das suas obras
encontram-se incluídas em colecções particulares, quer no País, quer no
Estrangeiro, sobretudo Espanha, França, Alemanha e Brasil.
Individualmente,
expôs na Galeria do Diário de Notícias em 1983 e, no mesmo ano, na Galeria
Teoartes de Évora; na Casa de Cultura D. Pedro V, (Mafra), em 1990.
Trabalhou
com o Pintor António Soares nos painéis do Palácio da Assembleia da República;
colaborou na Exposição do Mundo Português em 1940, sendo da sua autoria os
arranjos decorativos e pinturas murais das salas “Oceania”, “Documentos” e
“Ordens Militares”; apresentou na Exposição Histórica da Ocupação o painel “Os
Navegadores”; integrou a equipa dirigida pelo arquitecto Miguel Jacobetty no
Estádio Nacional.
Em
1931, convidam-no a prestar ao Teatro a Contribuição dos seus dotes artísticos
como cenógrafo e nessa actividade se mantém dedicadamente por largos anos.
Das
numerosas maquetes e cenografias que concebeu e realizou, cita-se:
“L’Alouette”; de Jean Anouilh; “As mãos de Euridice”, de Pedro Bloch, com
Rudolfo Mayer no protagonista; “Seis Personagens à procura dum Autor”, de
Pirandello, encenada por Redondo Júnior; “Está lá fora um inspector”, de
Priestley, com João Vilaret; “O Mar”, de Miguel Torga, pelo Teatro Experimental
do Porto, sob a direcção de António Pedro; “Ana Cristina”, adaptação de
Henrique Galvão, da obra de Eugénio O’Neil; “Bailados e Cantares de Portugal”,
de Fernando Lima e Águeda Sena.
Colaborou,
como director de montagem, em várias revistas e operetas.
A
partir de 1941 estende ao Cinema o seu contributo artístico, como maquetista,
decorador e cenógrafo, nomeadamente dos filmes: “Camões”, de Leitão de Barros;
“O Desterrado”, de Manuel Guimarães; “O Último Crime de João Bolandas”, do
romance de Domingues Monteiro, produção de Bourdin de Macedo e realização de
Jorge Brun do Canto; “Vidas sem Rumo”, realizado por Manuel Guimarães sobre
argumento de Alves Redol e Guimarães.
Em
1952 vai para o Brasil, expressamente contratado como cenógrafo de teatro,
cinema e televisão, mas, apesar das óptimas condições que ali desfruta,
regressa, impelido pela saudade, em 1956.
Fez
parte, como maquetista e ilustrador, das Redacções do Jornal dirigido por
Augusto de Castro, “Anoite”, e do semanário orientado por Artur Portela, “Mundo
Gráfico". Entre 1965 e 1981 dedica-se especialmente à pintura mural, à
tapeçaria e à cerâmica, executando trabalhos para o Palácio da Justiça de
Almada, Igreja de Alcoentre, Palácio da Justiça de Alcácer do Sal, Hospital de
Portalegre, Câmara Municipal de Miranda do Douro e Capela do Hospital Egas
Moniz em Lisboa.
A
actividade docente - que já tinha exercido nas escolas secundárias “Afonso
Domingos” e “António Arroio” - retoma-a, em 1956, como professor da Escola de
Artes Decorativas António Arroio. Nesse mesmo ano presta provas públicas para
provimento de um lugar de professor do 5º. Grupo da Escola Superior de Belas
Artes de Lisboa, obtendo o título de Professor Agregado.
Em
1974 é nomeado professor efectivo de pintura, função que desempenha até atingir
o limite de idade em 10 de Junho de 1981.
Pertence
à Academia De Belas Artes. Continua sempre a trabalhar e a dar aulas
particulares no seu atelier no Palácio dos Coruchéus em Lisboa.
Após
a morte do Pintor, ocorrida em 1991,
a família de Mestre Manuel Lima propõe-se efetuar uma
série de exposições com obras do Artista. Duas dessas exposições já foram
realizadas em 1992. Uma, no Padrão dos Descobrimentos sob o patrocínio da
Câmara Municipal.»
Maria
Inês Gomes Gonçalves (neta de Manuel Lima)
Trabalho de José Manuel Lopes inserido na edição nº 29 da "Nisa Viva"