28.2.17

CRÓNICAS DA TABANCA: A Mega revista

Em tempo de Carnaval (podia ser noutro tempo que não neste?), Filhosina Andrade produziu uma mega revista, em cinco fascículos com o título “Não consigo dormir de tanto pensar no povo”.
A revista foi distribuída gratuitamente - qual bodo aos pobres, que alguém teve de pagar-  pelos principais locais da tabanca e dos Arrabaldes, chegando até à rua da Caganita, circunstância que enfureceu um dos principais elementos do séquito da edil, garbosamente vestido com um fato à medida e obrigado a sujar as mãos com a tinta da propaganda impressa.
Na revista, cuidadosamente preparada para agradar a “gregos e troianos” e ajustar contas com o passado e com os elementos do partido da oposição, a edil de Nhabula bem se esforçou para deixar um retrato “cor de rosa” e benevolente dos seus três anos à frente da corte. Linguagem a preceito, cuidada, institucional, sem qualquer acesso de fúria ou raiva como é seu timbre, para ilustrar três anos de grande trabalho e dedicação, em que mal teve tempo para dormir e para pagar as dívidas, tal a preocupação em servir o povo e assim poder garantir o tacho para mais quatro anos de governação filhosinal.
Foram precisos cinco fascículos, cinco, de conversa da treta, sem focar os grandes problemas do concelho ou apontar caminhos para o futuro, que Filhosina Andrade utilizou para enumerar a longa lista de “bordados” - que a edil considera obras – que deixa como legado de um mandato de quatro anos. O passado está sempre presente na boca da edil nhabulense, como contas ainda por ajustar ou como desculpa para o notório fracasso da sua acção municipal. Em ano de eleições, a mega revista, mostra uma edil “madura e contida”, apenas preocupada com o bem do povo, principalmente, com o do emblema do Partido da Sanzala a quem, cirurgicamente, tem colocado em lugares relevantes e de controlo, através de concursos públicos e respeitando, rigorosamente, a lei dos primos e dos afilhados.
Filhosina Andrade disfarçou como pôde, nas palavras e nas fotos da revista, um pouco da crispação contra os trabalhadores municipais, principalmente aqueles que a edil colocou, mentalmente, na lista negra, conotados com a oposição e alvo de assédio profissional.
A mega revista funcionou como “balanço” e como “manifesto pré-eleitoral” como que a dizer que está cá para as curvas e contra-curvas, mas que não lhe falem nem em geringonças nem em trotinetas, pois o caminho faz-se caminhando.
Sozinha. Como é bom de entender...
Hoji Ya Enda