20.7.15

OPINIÃO: As urgências do Hospital de Portalegre

De acordo com a Ordem dos Médicos, as urgências do hospital da capital do distrito estão “permanentemente sobrelotadas”.
No Hospital de Portalegre, os maiores problemas têm a ver com constrangimen-tos de espaço e organização envolvendo, principalmente o Serviço de Medicina e a Urgência.
Os doentes (a grande maioria da Medicina Interna) ficam internados na Urgência em corredores e compartimentos esconsos e alguns chegam a ter alta daí, sem serem transferidos para o serviço de internamento. Este é um problema permanente desde há vários anos que, naturalmente, se agrava durante os picos. Infelizmente este cenário já faz parte dos hábitos dos utentes e dos profissionais.
Com causas principais apontam-se são a redução do nº de camas da Medicina (o 7º piso foi ocupado pelos serviços de conva-lescença e paliativos), a desestruturação do serviço de Medicina onde não há hie-rarquia nem liderança (os directores de serviço sucedem-se) e o efeito perverso da actividade clínica dos tarefeiros, onde falta o espírito de equipa resultante do horizonte temporal da sua tarefa.
As sucessivas administrações querem resolver este problema crónico construin-do “enfermarias” no espaço físico da Ur-gência (as obras irão permitir o interna-mento de 18 doentes mas a média de doentes internados ronda os 30, pelo que continuará a haver doentes internados em macas nos corredores).
As políticas praticadas nos últimos anos centraram-se na redução drástica do número de camas de internamento e na desvalorização das Carreiras Médicas, em que as hierarquias garantiam uma flexibilidade e compliance dos serviços que asseguravam as respostas adequadas às situações excepcionais, sem interferências administrativas.
Agora com a excessiva burocratização, constata-se a incapacidade das administra-ções das unidades, das ARS e da própria tutela na resolução do problema.
O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses defende que o descongestionamento das urgências hospitalares passa pelo alargamento dos horários de funcionamento dos centros de saúde, mas considera que a medida tem que ser acompanhada pelo reforço de médicos e de enfermeiros nos serviços de urgência.
Estas realidades resultam da sucessiva redução do horário de atendimento dos centros de saúde e a falta de médicos são resultantes de politicas destrutivas que desde há anos vem destruindo o Serviço Nacional de Saúde.

Eugénia Palha Ferreira | CDU Alter do Chão