De
acordo com a Ordem dos Médicos, as urgências do hospital da capital do distrito
estão “permanentemente sobrelotadas”.
No
Hospital de Portalegre, os maiores problemas têm a ver com constrangimen-tos de
espaço e organização envolvendo, principalmente o Serviço de Medicina e a
Urgência.
Os
doentes (a grande maioria da Medicina Interna) ficam internados na Urgência em
corredores e compartimentos esconsos e alguns chegam a ter alta daí, sem serem
transferidos para o serviço de internamento. Este é um problema permanente desde
há vários anos que, naturalmente, se agrava durante os picos. Infelizmente este
cenário já faz parte dos hábitos dos utentes e dos profissionais.
Com
causas principais apontam-se são a redução do nº de camas da Medicina (o 7º
piso foi ocupado pelos serviços de conva-lescença e paliativos), a
desestruturação do serviço de Medicina onde não há hie-rarquia nem liderança
(os directores de serviço sucedem-se) e o efeito perverso da actividade clínica
dos tarefeiros, onde falta o espírito de equipa resultante do horizonte
temporal da sua tarefa.
As
sucessivas administrações querem resolver este problema crónico construin-do
“enfermarias” no espaço físico da Ur-gência (as obras irão permitir o
interna-mento de 18 doentes mas a média de doentes internados ronda os 30, pelo
que continuará a haver doentes internados em macas nos corredores).
As
políticas praticadas nos últimos anos centraram-se na redução drástica do
número de camas de internamento e na desvalorização das Carreiras Médicas, em
que as hierarquias garantiam uma flexibilidade e compliance dos serviços que
asseguravam as respostas adequadas às situações excepcionais, sem
interferências administrativas.
Agora
com a excessiva burocratização, constata-se a incapacidade das administra-ções
das unidades, das ARS e da própria tutela na resolução do problema.
O
Sindicato dos Enfermeiros Portugueses defende que o descongestionamento das
urgências hospitalares passa pelo alargamento dos horários de funcionamento
dos centros de saúde, mas considera que a medida tem que ser acompanhada pelo
reforço de médicos e de enfermeiros nos serviços de urgência.
Estas
realidades resultam da sucessiva redução do horário de atendimento dos centros
de saúde e a falta de médicos são resultantes de politicas destrutivas que
desde há anos vem destruindo o Serviço Nacional de Saúde.
Eugénia
Palha Ferreira | CDU Alter do Chão