10.11.17

MEMÓRIA: Colheita de sangue em Nisa muito participada (Janeiro de 2006)

Quarenta e seis dadores benévolos de sangue responderam ao apelo da Associação distrital e compareceram no passado dia 7 de Janeiro, nas instalações do quartel dos Bombeiros Voluntários de Nisa, dispostos a doar um pouco do seu sangue, naquela que seria a primeira acção de recolha de dádivas do presente ano.
O presidente da associação, António Eustáquio e a sua equipa, vindos de Portalegre, estavam satisfeitos com a adesão dos dadores, tendo em conta o facto de a mesma se realizar num dos primeiros dias do ano.
Nesta acção promovida pela Associação dos Dadores Benévolos de Sangue do Distrito de Portalegre, António Eustáquio refere como dados muito positivos, o número de mulheres que ofereceram dádivas e a participação de dadores jovens, situações que, na sua opinião, demonstram que os apelos e a mensagem da Associação a que preside é escutada e entendida como uma causa humanitária ao serviço da comunidade.
No final das recolhas e como habitualmente, técnicos de saúde, dirigentes da associação, pessoal administrativo e dadores de sangue participaram num agradável almoço-convívio que decorreu no refeitório municipal e oferecido pela autarquia nisense.
SER DADOR DE SANGUE
UMA FORMA DE AJUDAR QUEM PRECISA
Quem são, o que fazem e quais as motivações dos dadores benévolos de sangue? Estas e outras, foram interrogações que colocámos a diversos dadores. As respostas aqui ficam, acompanhadas de um apelo: Dê sangue! Vai ver que não custa nada!
Isabel Bizarro – 50 anos
Dei sangue pela primeira vez em 1972, quando um dos meus irmãos partiu uma perna, num acidente. O meu irmão tinha um tipo de sangue raro, tal como o meu e eu fui dar-lhe.
Foi aí que percebi a importância das dádivas de sangue. Desde então já contribuí por 21 vezes. Não custa nada e como sei que não há muita gente com este tipo de sangue, é uma forma de poder ajudar outras pessoas que precisam e por vezes têm dificuldade em obter o sangue de que necessitam.
Joaquim Dinis Miguel – Funcionário público
A primeira vez que dei sangue foi em 1964, na tropa, em Angola. Depois, a partir de 1975 fui dando cada vez que me pediram e desde a criação da Associação de Dadores venho sempre contribuir com uma dádiva de sangue. Contando com as do Ultramar, foram mais de vinte as vezes que dei sangue.
Nunca tive problemas e acho que aquilo que a Associação diz está certo: hoje os outros, amanhã, nós.
Avelino Silva – 43 anos
Sou dador desde 1999 e já dei sangue por sete vezes. A primeira vez foi porque me pediram e nessa altura é que eu tive a noção deste problema e da ajuda que com o nosso sangue podemos dar a pessoas que dele necessitam.
Deixo um apelo às pessoas para que sempre que possam venham dar sangue, porque amanhã podem ser elas a precisar.
Zulmira Silva – 44 anos - Desempregada
Já dei sangue por 14 vezes e a primeira vez vim de livre vontade. Dar sangue é um modo de ajudarmos os outros e ajuda-nos a sentirmo-nos bem connosco próprios. Nunca tive problemas após as recolhas de sangue e aconselho as pessoas a virem contribuir para esta causa humanitária. Para além do mais ficamos a saber também se estamos ou não de boa saúde.
Pedro Mourato – 56 anos- Aposentado da função pública
A primeira vez que dei sangue foi em Nisa, em 1968. Depois disso, dei quando estava na tropa, em Nisa, Portalegre e em Angola. Foram já 61 as vezes que dei sangue e sou um dos dadores que mais vezes contribuiu com a sua dádiva. Não o faço por louvores, mas por saber que posso salvar vidas e cada vez que venho dar sangue ficamos a saber que estamos bem de saúde e fisicamente. E não esquecer que: uma gota de sangue pode evitar um mar de lágrimas!”
Francisco Nascimento – 51 anos –operário construção civil
Comecei a dar sangue há três anos e a primeira vez ouvi falar nas colheitas realizadas pela Associação de Dadores e apresentei-me. Já dei sangue por quatro vezes e sinto-me bem. Julgo que é uma tarefa em prol da humanidade, que nos ajuda a ser solidários e com o sangue que damos voluntariamente podemos ajudar outras pessoas e até a salvar vidas.
Ana Meira (enfermeira)
“Faço aquilo que gosto e sempre idealizei”
É uma das caras mais conhecidas e simpáticas de entre o pessoal que participa na recolha das dádivas de sangue. Falamos da senhora Ana Maria Fernandes Meira, natural de Portalegre, 58 anos, enfermeira, responsável pelo Banco de Sangue. A conversa foi curta, entre o vai e vem de uma recolha de sangue, mas ficou desde logo prometido, retomarmos o diálogo num dia destes.
“Estou nesta actividade (colheitas de sangue) há 31 anos e sou uma das fundadoras e dinamizadoras com o senhor Eustáquio da Associação dos Dadores de Sangue do Distrito de Portalegre.”
Convidada a fazer um pequeno balanço sobre os 15 anos desta Associação, Ana Meira, diz-nos:
“Tem sido uma actividade muito positiva. Incentivamos toda a gente a vir dar sangue e no nosso trabalho procuramos cativar cada vez mais pessoas, sobretudo jovens, para contribuírem com as suas dádivas de sangue. Tem havido uma boa recepção por parte das populações, talvez pela nossa simpatia, pelo carinho e pela dedicação que pomos neste trabalho. Eu já podia estar reformada desde há um ano, mas estou aqui porque continuo a fazer aquilo que gosto e sempre idealizei”.
A senhora Ana Meira nunca deu sangue porque, informa, “estive em África e por causa do paludismo não posso dar”, mas logo acrescenta que “tenho um filho que é mais jovem dador medalhado de prata. Tem 38 anos e já deu sangue 53 vezes”.
Mário Mendes in "Jornal de Nisa" nº 199 - Janeiro de 2006