Cavaco
Silva tomou sempre ao longo deste mandato, a defesa das posições do governo.
Nada
que espante, Cavaco Silva sempre foi politicamente de direita.
No
entanto, enquanto Presidente da República, tem o dever da neutralidade e o
papel de mediador nas causas fraturantes.
E
foi a neutralidade e a mediação que foram por ele esquecidas, o que o levou a
que nas suas últimas intervenções tenha despudoradamente tomado partido pelos
partidos do governo e pelas suas "ideias para o país"
Ontem, falando no distrito de Portalegre, em vez de explicar porque ao longo de um
mandato de oito anos, apenas agora, a meses de o terminar, quando já não
aquenta nem arrefenta, veio visitar o distrito, resolveu apoiar o Ministério da Educação e a Câmara Municipal do Crato, no diferendo que vem mantendo com os
professores os quais renegam a municipalização do ensino.
Há
meses, os sindicatos de professores promoveram um referendo perguntando aos
professores quem de entre eles está a favor da municipalização do ensino e quem
está contra. Obviamente este referendo não tem valor legal, é apenas indicador da
vontade dos professores. E a vontade dos professores revelou-se numa esmagadora
maioria contra esta medida.
No
concelho do Crato (PS) o presidente e vereação resolveram avançar com a
municipalização do ensino, já em setembro.
De
notar que neste concelho, o referendo obteve 100% de negativas.
Tem
pois havido um braço de ferro entre presidente da câmara e os professores e as
estruturas que os representam.
Digamos
que no Crato os professores tem estado em luta.
E
foi neste contexto que Cavaco Silva proferiu (mais ou menos) o seguinte:
"-
neste país, sempre que é necessário modernizar há sempre forças de interesses
corporativos que se lhe opõem. É urgente descentralizar imediatamente o
ensino!"
(Alguns
dirão que descentralizar não é municipalizar. E renhonhonhó, pardais ao ninho).
Ou
seja, além de se colar às teses do ME e de algumas Câmaras, Cavaco Silva ofende
os professores em dose dupla:
1.
Nos últimos anos se houve classe profissional que investiu na inovação e na
modernização foram os professores. Frequentando ações de formação pagas na
maioria do seu próprio bolso, fora do horário de trabalho, portanto no horário
em que devia estar a descansar e a conviver com a família, aos sábados e
domingos.
2.
Quanto aos interesses corporativos, idem aspas, não há classe profissional que
tanto tenha prescindido e perdido dos seus direitos. Inclusivamente como já
referi, o direito a estar com a família.
Ainda
por cima estas falácias não batem certo com certa propaganda: "Portugal
está a formar as melhores gerações de sempre. Vão lá para fora e competem de
igual para igual com os seus coetâneos dos países desenvolvidos".
Em
que ficamos? Formamos as melhores gerações de sempre mas os formadores
(professores) estão caducos? E o sistema necessita ser deitado abaixo para
fazer outro.
Temo
que já não seja possível atender ao conselho de António Costa "vamos todos
ajudar o senhor presidente da república a terminar o seu mandato com
dignidade":.
E
já não é possível cumprir este conselho porque sua excelência o senhor Presidente da República, a cada intervenção tem o rancor de confrontar franjas
da sociedade portuguesa, franjas essas que ele tem o dever de também defender
pois seria o presidente de todos os portugueses, caso não se tivesse
transformado apenas no presidente da direita revanchista portuguesa.
O
que ele está a merecer é uma enorme manifestação, dos ofendidos pelo dr. Cavaco
e assim terminar o seu mandato conforme merece: ouvindo uma enorme vaia!
Jaime
Crespo
Cabeça de lista por Portalegre pelo
Livre / Tempo de Avançar