Foto de Jorge Nunes
Foto de Jorge Nunes
Meio milhar de caminheiros fizeram a ponte
internacional
Êxito de participação e organização em toda a linha. Assim
se pode sintetizar a décima quinta edição da “Rota do Contrabando”, organizada
pela associação Inijovem e que juntou 540 caminheiros de Portugal e Espanha,
muitos mais do que a própria organização estipulara, o que obrigou a um redobrar
da conjugação de esforços para que tudo decorresse com o brilho de anteriores
“Rotas”.
No sábado, a Rota do Contrabando voltou ao local da primeira
caminhada transfronteiriça, realizada há 15 anos, a primeira grande “aventura”
pedestre da Inijovem. A aldeia de Salavessa vestiu-se com o colorido da festa,
do movimento, da participação, de risos e cantares, do alarido dos grandes dias
que num passado, algo distante, faziam a vida e o pulsar daquela povoação. O
êxito de tal iniciativa está mais do que demonstrado, tanto pela excelência da
organização, como me foi realçado por caminheiros vindos de locais tão díspares
como a Covilhã ou Mérida, de Lisboa ou Cáceres, pelos próprios cedillanos, que
vêem nesta “Rota” a recordação dos tempos difíceis, da miséria e do
contrabando, e nos falares das gentes ou nos sorrisos dos jovens, a construção
da ponte, solidária e humana, que alguns políticos sem vergonha, teimam em
prometer e (des)prometer.
Esta, a Rota do Contrabando é a grande ponte que une os
povos de dois municípios, de dois países, de muitas regiões. São as pessoas, de
todas as idades, irmanadas num mesmo desejo de convívio e de amor pela
natureza, que contornam, as barreiras, levianamente, lhes são impostas, mesmo
quando tanto se fala na Europa das Regiões...
A ponte da Esperança
Há anos, demasiados anos, que se fala na ponte sobre o
Sever. A ponte já teve (tem) projectos, planos, orçamentos, que vão mudando ao
sabor das circunstâncias e dos tempos políticos.
A União Europeia aprovou uma candidatura para a construção
da ponte e dos acessos. Por ínvios caminhos e carreteras, já se “construíram”
mental e politicamente, dezenas de pontes sobre o Sever. Umas mais acima,
outras mais abaixo, nenhuma no sítio onde deveria, realmente, ser feita, para,
num tempo declarado de crise, se aproveitarem as infra-estruturas rodoviárias
existentes de um lado e do outro, com isso se adequando, eficazmente, a dotação
financeira atribuída.
Da ponte já se falou até à exaustão e muito se irá falar
ainda.
António Gonzalez, alcaide de Cedillo e Miguel Morales, da
deputación Provincial de Cáceres e cedillano, há anos que participam na Rota do
Contrabando e uma vez mais reafirmaram a sua determinação de lutarem pela
construção da ponte.
Do lado português, Idalina Trindade, edil de Nisa, está
convicta de que mais cedo ou mais tarde, a ponte acabará por ser uma realidade.
Por ora, a ponte sobre o Sever, a “ponte do Miguel” (como
lhe chamaram alguns eleitos do PP em Cáceres) não mais é do que a Ponte da
Esperança.
Fundamental é que esta se mantenha, perene e activa, para
que o sonho volte a comandar a vida de alentejanos e extremenhos.
Mário Mendes in "Alto Alentejo" - 26/3/2014