8.3.12

OPINIÃO - Nisartes: Contra ventos e marés

Uma proposta, aprovada na Câmara, por unanimidade, visando “abrir a porta” para realização da Nisartes ainda este ano, tanto bastou para que a presidente da Câmara, resolvesse tomar tempo de antena radiofónica para dizer que “está contra”.
A autarca nisense, ausente da referida reunião, defende que o certame “só deverá regressar quando estiver assegurado o padrão de qualidade a que habituou os visitantes”, sugerindo a realização do mesmo em 2013.
A edil nisense não disse e podia ter esclarecido, de vez, quais os custos e quem os suportou da edição da Nisartes de 2009, a última a ser realizada.
De acordo com a proposta apresentada pelos vereadores do PS e votada por unanimidade, ali se refere que as despesas relativas à Nisartes de 2009 só foram totalmente saldadas em 2011, não se compreendendo por que razão uma empresa de montagens, a Spormex, continua a reclamar da Câmara o pagamento da importância de 17.393, 52 €, conforme consta na página oficial do Ministério da Justiça.
Perante esta situação, que é pública, será legítimo a qualquer munícipe perguntar: quais as dívidas das edições da Nisartes que estão por pagar?
Este será, a meu ver, o primeiro e principal, “padrão de qualidade” a ter em conta numa futura realização da Nisartes: não ter mais olhos que barriga, ou seja, não contrair despesas que outros terão, inevitavelmente, de suportar!
No site Mala de Porão, http://maladeporao.blogspot.com  José Monteiro assina um artigo de opinião com o qual estou, globalmente, de acordo.
Defendo a realização da Nisartes – com este ou outro nome, porque os autarcas passam e as instituições ficam – nos moldes em que se efectuavam as Feiras de Artesanato e Gastronomia., visando, em primeiro lugar a divulgação do nosso artesanato e gastronomia, conjugando essa intenção com iniciativas que mostrem o concelho, o nosso rico património monumental e paisagístico e proporcionando, por outro lado, um programa de entretenimento e lazer, para fruição dos naturais e visitantes.
A propaganda política deve estar ausente de uma tal manifestação artística e cultural e não constituir – como aconteceu em 2009 com a Nisartes e a inauguração das Termas – a rampa de lançamento de candidaturas e candidatos de “uma nota só” com o banquete eleitoral a ser suportado por todos os munícipes. Quem quer “carnunça prepara a caldunça”, paga do seu bolso as despesas com os convidados, a festa e o foguetório.
A Nisartes ou Feira de Artesanato e Gastronomia deve ser um espaço de festa e de união de todos os nisenses. Não deve servir – como serviu num passado recente - para afirmação pessoal de quem quer que seja e para discriminar cidadãos.
Com todos os ventos e marés, com a vontade e empenho de todos, vamos ter, estou certo, a Nisartes de volta. Em 2012, uma festa dos nisenses, de origem ou por afecto.
Por que é de afectos e de convívio que a festa faz sentido.
Mário Mendes