19.3.12

NISA: Memória do Cine Teatro

A COMPANHIA TEATRAL HORTENSE LUZ
A Companhia teatral Hortense Luz em digressão pelo país, visitou Nisa em Novembro de 1934, tendo apresentado três espectáculos, que registaram uma afluência de público considerável, nada menos de que 1188 espectadores que deixaram uma receita nas bilheteiras no valor de 5.206$50, dos quais 1.791$00 foram para os cofres da empresa do Cine Teatro Nisense.
Em Nisa, desde remotas épocas sempre o povo gostou de teatro e os espectáculos da Companhia de Hortense Luz mais não fizeram do que mostrar esse gosto pelas artes teatrais, em tempo de crise e num curto espaço de tempo.
No primeiro espectáculo, no dia 11 de Novembro, Hortense Luz apresentou a revista “Sopa de Massa”, a que registou maior número de espectadores: 490.
No dia seguinte, o cartaz em destaque era “O Grão de Bico” a que assistiram 420 pessoas. Seguiu-se, no dia 15 e a concluir a presença em Nisa de tão categorizada companhia, o espectáculo “O tio do Brasil”, com menor afluência de público, 278 espectadores, ainda assim uma presença assinalável, atendendo às dificuldades económicas da época.
BIOGRAFIA
Nascida a 8 de Fevereiro de 1900 em Lisboa no seio de uma família ligada ao teatro (o irmão João Guilherme era cenógrafo), frequentou o conservatório, tendo terminado o curso em 1918 com a nota de 18 valores.
Nesse mesmo ano estreou-se no Teatro Sá da Bandeira, na peça A Vizinha do Lado, levada à cena pela Companhia de Maria Matos.
Estrela de várias revistas e das operetas, casa nos anos 20 com Mário Pombeiro, com quem funda uma companhia teatral que levava o seu nome, e onde actores como Eugénio Salvador se vão estrear no teatro. Com a companhia faz várias turnés às colónias Africanas de Portugal, e ao Brasil. A Companhia Hortense Luz é na realidade uma das que mais virá a fazer turnés nas colónias africanas.
Em 1927 Hortense Luz foi eleita “1ª figura de cartaz” pelo público, e em 1928, já como empresária, apresenta o grande êxito de 1928 “A Rambóia” com Corina Freire, António Silva, Ema de Oliveira e Francis Graça.
Hortense Luz no filme "A Vizinha do Lado"
No final dos anos 30 começa também a colaborar na rádio e em filmes; participa em 1938 no primeiro filme dobrado em português, nos estúdios da Tobis Portuguesa, O Grande Nicolau, um filme francês distribuído pela Filmes Império. Na dobragem participam os actores Vasco Santana, Alberto Ghira, ou Ribeirinho. Mais tarde, com o advento da RTP, participa em vários programas, entre os quais apresenta Melodias de Sempre, na companhia de Jorge Alves, bem como em peças de teatro e filmes.
Em 1932 vai com a sua companhia até Angola, para a inauguração a 1 de Janeiro do Cine Teatro Nacional em Luanda, com a revista Zabumda.[2]
Nos anos 40 participa em peças da companhia "Comediantes de Lisboa" de António Lopes Ribeiro.
A sua última participação numa revista foi na “Delírio em Lisboa“ em 1959. Retira-se dos palcos em meados dos anos 70, vindo a falecer em Lisboa em Agosto de 1984.
A maioria do seu espólio (fatos de cena, fotografias, guiões, etc), foi doada pela família ao Museu Nacional do Teatro.
Tem ruas com o seu nome em Barbacena, Odivelas e na Costa de Caparica.
Participações - Teatro
A Vizinha do Lado (1918)
Traulitania (1919)
A Rambóia (1928)
O Grão de Bico (1931)
O Jorge Cadete (1931)
Zabumda (1932)
Revista das Revistas (1932)
Três Num Automóvel (1952)
Mulheres há muitas (1954)
Delírio em Lisboa (1959)
Cinema
A Vizinha do Lado (1945)
Os Vizinhos do Rés-do-Chão (1947)
Não Há Rapazes Maus (1948)
O Costa D'África (1954)
Televisão
Lisboa em Camisa (série, 1960)
Riso e Ritmo (série, 1964)
A TV Através dos Tempos (mini-série, 1964)
Romance na Serra (filme, 1964)
Cruzeiro de Férias (filme, 1965)