17.11.11

Opinião: República e “republicanos”

A Associação Nisa Viva realizou, no espaço de quinze dias, duas interessantes iniciativas, nas instalações da Biblioteca Municipal de Nisa.
No dia 29 de Outubro, uma Palestra subordinada ao tema “Um olhar sobre o 1º ano da República em Niza” e tendo como orador José Dinis Murta, historiador, ex-vereador da Cultura do município nisense.
José Murta produziu uma excelente palestra, uma lição de história local que “guiou” o público presente desde os primórdios da nacionalidade até ao alvorecer da revolução republicana, detendo-se neste período, no “antes e depois” relativo ao concelho de Nisa.
Foi, já o dissemos, uma lição viva e bem documentada, sobre o nosso passado próximo, seguida atentamente por quem se sentiu interessado e atraído pelo tema.
Uma “lição” de história local, de borla, que, nem mesmo assim, foi aproveitada pelos nossos governantes locais – presidente e vice-presidente da Câmara – pessoas que, como se sabe, são amplamente versadas no assunto.
Nem um nem outro se dignaram comparecer, mandando às urtigas o insubstituível dever de representar o município.
No passado sábado, dia 12, a Nisa Viva homenageou, por ocasião dos 50 anos da sua morte, o Engº José Custódio Nunes, com uma palestra conduzida por dois historiadores nisenses, Sara Silva e José Joaquim Carmona, para além da inauguração de uma importante exposição sobre o ilustre cidadão alentejano e a sua obra no arranque da produção e distribuição de energia eléctrica em Portugal.
O município de Nisa, um dos primeiros a beneficiar da acção empreendedora e dinâmica do Engº Custódio Nunes, “marcou pontos”, negativamente, a exemplo da iniciativa anterior, não se fazendo representar e, o que é tanto ou mais grave, sem justificar a lamentável ausência.
Bem sabemos que, à mesma hora, se realizava uma sessão de cariz político e reivindicativo pela manutenção da freguesia de Tolosa, evento onde a presidente da Câmara marcou presença, situação que, no entanto, não obstava a que a edilidade se fizesse representar pelo vice-presidente e vereador da Cultura, na referida sessão de homenagem.
Os vereadores do PS e do PSD, o presidente da Assembleia Municipal - este vindo propositadamente de Lisboa - fizeram questão de honrar com a sua presença, um evento evocativo de uma personalidade que, sem “declarações de amor platónico” fez da sua vida, um devotado acto de amor à sua terra (Póvoa e Meadas), a Nisa e a toda a região norte alentejana.
A Câmara, ao primar pela ausência, mostrou um completo desrespeito pela associação que dinamizou a iniciativa e esqueceu o seu dever institucional e indeclinável de lembrar um dos homens que no século passado mais contribuíram para o desenvolvimento do concelho de Nisa e tornaram conhecida esta terra que, hoje, ironicamente, ostenta no seu logótipo, a água que dá mais vida ao seu slogan promocional.
Que tristes “republicanos” servem a República em Niza...
Mário Mendes