16.11.11

NISA: Engº Custódio Nunes, homenageado nos 50 anos da sua morte

O homem, a vida e a obra do Engº José Custódio Nunes (1887 – 1961) foram o pretexto para uma sessão pública de homenagem, a título póstumo, realizada no passado sábado na Biblioteca Municipal de Nisa e promovida pela Associação Nisa Viva com o apoio da Câmara Municipal de Nisa, Juntas de Freguesia de Nossa Senhora da Graça e Espírito Santo (Nisa), Póvoa e Meadas (Castelo de Vide) e da Fundação EDP.
Simultaneamente foi inaugurada uma exposição sobre alguns dos principais projectos levados a cabo pelo ilustre cidadão e técnico português, nascido em Póvoa e Meadas e um dos principais precursores da produção de energia eléctrica e da electrificação do país, na qualidade de fundador e responsável técnico da empresa Hidro Eléctrica do Alto Alentejo (HEAA), em meados dos anos vinte do século passado.
No auditório da Biblioteca Municipal, lotado, podiam ver-se antigos trabalhadores da HEAA e da EDP empresa em que a primeira se integrou após a nacionalização do sector eléctrico português, autarcas de Nisa e de Castelo de Vide, familiares e amigos do homenageado.
Na mesa da sessão António Montalvo, presidente da Nisa Viva, Sara Silva, ex-conservadora do Museu da Electricidade e José Joaquim Carmona, historiador.
Todos evidenciaram a vida e a obra do engº José Custódio Nunes, o primeiro destacando o seu pioneirismo e a sua ligação à terra e à região, a preocupação com o desenvolvimento dos seus conterrâneos e o sonho de transformar a Ribeira de Nisa num projecto inovador e de fonte de riqueza nos aproveitamentos hídricos para a produção de energia eléctrica. António Montalvo, propôs que fosse dado o nome do Engº José Custódio Nunes a uma rua de Nisa, tendo em conta todo o esforço e trabalho no engrandecimento dos concelhos de Castelo de Vide e de Nisa, assim como do Norte Alentejano.
Sara Silva, baseou a sua intervenção, na leitura de inúmeras actas da empresa Hidro Eléctrica do Alto Alentejo, nos seus primórdios e das quais, disse, ressalta a importância das intervenções de José Custódio Nunes, a sua visão estratégica, muito avançada no tempo, dando como exemplos, os projectos que apresentou na década de 30 e que não foram considerados pelo Governo, para o aproveitamento hidro-eléctrico do Fratel e do Alvito, o primeiro implementado a partir dos finais dos anos 60 e o segundo actualmente em projecto de execução.
As preocupações de carácter social por parte do Engº Custódio Nunes, informou Sara Silva, eram também uma constante das actas, muito anos antes de haver por parte das empresas essa noção de responsabilidade social.
José Joaquim Carmona falou da importância da criação da HEAA nos anos vinte e da sua contribuição para o desenvolvimento do concelho e região, não apenas na construção de equipamentos, infra-estruturas, vias de comunicação, na fase inicial, como também na de construção de transporte e de distribuição de energia eléctrica, possibilitando trabalho a muitas centenas de pessoas numa época de crise económica e social bastante grave.
O orador destacou também o papel cívico de José Custódio Nunes, um dos fundadores e dinamizadores da Casa do Alentejo e do espírito regionalista, que se tornou numa estrutura de apoio, de convívio e lazer, para tantos alentejanos chegados à capital.
A voz de um antigo trabalhador da HEAA, João Carrilho da Graça, fez-se ouvir, comovida e sentidamente, para realçar a justeza da homenagem e lembrar o importante legado patrimonial do Engº José Custódio Numes, não apenas nas obras que projectou e ergueu, mas no seu trato afável, na bondade do seu carácter e na amizade com que distinguia todos os trabalhadores.
A homenagem pública teve o seu epílogo com a cerimónia de descerramento de uma placa evocativa do Engº José Custódio Nunes, num dos edifícios, na rua Alexandre Herculano, em Nisa, onde funcionou durante muitos anos a Hidro Eléctrica do Alto Alentejo.
Mário Mendes in "Alto Alentejo" - 15/11/2011