27.2.25

NISA: Lançamento do livro de Patrícia Porto sobre o Artesanato de Nisa

 

Este livro é um relato sobre “A Alma dos Artesãos de Nisa: Um Tributo à Tradição e à Cultura”.

Entre as colinas e planícies da bela Vila de Nisa, reside uma riqueza que vai além do que os olhos podem ver. É uma riqueza tecida pelos habilidosos dedos dos seus artesãos, aqueles que ao longo dos tempos moldaram não apenas objetos, mas também a própria identidade cultural desta terra encantadora. Este livro é um tributo a todos os artesãos do concelho de Nisa, incluindo os que já partiram, pois cada um deles deixou uma marca indelével na cultura regional, concelhia e local.

Este livro é uma homenagem a cada artesão que, com o seu talento e esforço, contribuiu para a rica tapeçaria cultural de Nisa. É uma celebração às suas vidas, às suas histórias e às suas obras.

Que possamos todos reconhecer e valorizar o legado que nos deixaram, porque vamos continuar a apoiar e a incentivar os novos artesãos que mantêm viva esta magnífica tradição.

Livro foi editado com o apoio da União de Freguesias do Espírito Santo, Nossa Senhora da Graça e São Simão – NISA


26.2.25

CRATO: Comemoração do Dia Internacional da Mulher

 


VIVA A POLÍTICA! Mesmo para quem não precisa dela…

 



O Agrupamento de Escolas de Nisa pelo 3º ano consecutivo irá representar o círculo de Portalegre na Sessão Nacional do Parlamento dos Jovens.

Os alunos Alexandre Bizarro, Rute Pimentel, Rodrigo Carrilho, Francisco Martins e Madalena Louro participaram no dia 25/02, na Sessão Distrital do Parlamento dos Jovens do ensino secundário.

O Agrupamento de Escolas de Nisa foi uma das escolas vencedoras desta sessão, e irá representar o círculo de Portalegre com os deputados Alexandre Bizarro e Rute Pimentel na Sessão Nacional do Parlamento dos Jovens, que irá decorrer nos dias 26 e 27 de maio.

Agradecemos a colaboração da União de Freguesias de Espírito Santo, Nossa Senhora da Graça e São Simão pela cedência de transporte aos alunos que se deslocaram a Portalegre para representar o AEN nas sessões distritais do Básico e Secundário  do Parlamento dos Jovens.

NOTA: Espero bem que a direcção do Agrupamento de Escolas não faça queixa ao Munsk e ao Trumpas pela utilização destas fotos. O mundo está a atravessar um período negro e de recessão mental e societária. O corporativismo fascista de inspiração neo-liberal quer impor, novamente, a mordaça, a sonegação de direitos e a "transformação" do homem social num "ser" anémico e robotizado.

 Temos de impedir que isso aconteça.

22.2.25

NISA: Cancioneiro Popular (6)

 


AMIEIRA DO TEJO: Assembleia Geral do Grupo Desportivo e Cultural

 


BLOCO DE ESQUERDA: Esclarecimento sobre a situação no distrito de Portalegre

 


Camaradas,

A saída de mais de 70 aderentes da distrital de Portalegre, divulgada numa carta  enviada à comunicação social, carece de confirmação.

Os estatutos do Bloco de Esquerda determinam que as adesões e desvinculações do  partido sejam individualmente comunicadas, de modo a confirmar a vontade expressa de cada aderente.

Após a divulgação da carta, o Bloco recebeu centralmente 14 pedidos de desvinculação.

A sede nacional verificou que nenhum dos 70 aderentes mencionados na carta tinha

pago quotas em 2024 e procurou contactar telefonicamente os mesmos. A maioria dos alegados demissionários não respondeu a este contacto ou não tinha qualquer número telefónico registado. Cinco dos aderentes incluídos na lista de demissões negaram a intenção de sair e verificou-se, ainda, que uma das pessoas que se teria agora demitido faleceu há mais de um ano. Trata-se de uma situação de enorme gravidade, sem precedentes na história do nosso partido.

Nas próximas semanas vão multiplicar-se na imprensa anúncios semelhantes. Estas notícias são parte do processo de abandono público do Bloco por elementos de uma corrente interna - a Convergência -, que esteve na origem da moção E, cujos eleitos se demitiram também recentemente da Comissão Política.

Este grupo minoritário fundou sua principal divergência na questão ucraniana e alimentou, nos últimos anos, um ciclo de conflitos públicos. A intenção de promover uma ofensiva comunicacional contra o Bloco explica a escolha do calendário destas saídas, acompanhadas aliás de declarações públicas que reproduzem falsas acusações, ao mesmo tempo que circulam apelos à subscrição de um novo movimento fora do Bloco.

Ao longo da sua história, o Bloco já conheceu divergências e saídas, individuais e coletivas. São decisões legítimas e naturais em qualquer partido vivo e plural. Mas nunca uma saída coletiva tinha recorrido à intoxicação política nem ao abuso do nome de aderentes, incluídos em listas de demissão contra a sua vontade. Na presente conjuntura política de ofensiva contra a esquerda e contra o Bloco, esta prática define os seus autores.

A Comissão Política vem dar aos aderentes do partido no distrito de Portalegre o sinal do seu empenho na construção de uma organização distrital renovada, aberta e participada. O Bloco relançará a sua atividade no distrito e, no imediato, será assegurada a normalidade do processo preparatório da XIV Convenção Nacional.

A Comissão Política

 

 

 

 

21.2.25

NISA: Grande desfile de Carnaval


Xailes bordados, escola de samba, carnaval Veneziano, arlequins coloridos, mimos e andas vão animar o GRANDE DESFILE DE CARNAVAL que irá decorrer na Praça da República, em Nisa, no Domingo Gordo (2 de março), pelas 14 horas.

Meninas do nosso Concelho, venham desfilar os vossos xailes!

A festa prolonga-se depois no Mercado Municipal, a partir das 17 horas, com o Baile de Carnaval animado pelo organista Marco Morgado.

Todos estão convocados! Vamos, juntos, fazer uma grande festa!

20.2.25

VILA VELHA DE RÓDÃO: 𝗖â𝗺𝗮𝗿𝗮 𝗠𝘂𝗻𝗶𝗰𝗶𝗽𝗮𝗹 𝗱𝗶𝘀𝘁𝗶𝗻𝗴𝘂𝗶𝗱𝗮 𝗰𝗼𝗺 𝗕𝗮𝗻𝗱𝗲𝗶𝗿𝗮 𝗱𝗲 𝗠é𝗿𝗶𝘁𝗼 𝗦𝗼𝗰𝗶𝗮𝗹


A Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão foi distinguida pela ANGES – Associação Nacional de Gerontologia Social com a Bandeira de Mérito Social, um dos mais prestigiantes galardões atribuídos em Portugal.

A distinção resultou de uma candidatura com as “Medidas de apoio à fixação de jovens e famílias”, que têm por objetivo contrariar a desertificação do concelho, através da conceção de apoios e incentivos à fixação de novos residentes nas áreas da habitação, educação e ação social.

De entre as medidas em vigor, destacam-se, por exemplo, os apoios ao arrendamento e à construção, aquisição e recuperação de habitação própria; a oferta de cadernos de atividades, kits de material escolar, transporte escolar e refeições aos alunos do concelho; o prolongamento do horário no Jardim de Infância e a oferta das Atividades Extracurriculares (AEC´s) no 1.º Ciclo e Jardim de Infância; ou a atribuição de Bolsas de Estudo para facilitar o acesso ao Ensino Superior.

Para o presidente da Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão, Luís Pereira, “esta é uma distinção que nos deixa muito orgulhosos pois reconhece o esforço feito pela autarquia na implementação de medidas de apoio às famílias e à população mais vulnerável do concelho, e cujos resultados, para além da melhoria da qualidade de vida, conduziram a um aumento da população entre os zero e os 14 anos e atraíram novos residentes, contrariando assim a tendência para a diminuição da população que se verifica na maioria dos concelhos do interior”.

A Bandeira de Mérito Social foi criada em 2022 e, de acordo com o regulamento, é atribuída por proposta do Conselho Consultivo da ANGES a organizações que promovam o bem-estar social e o desenvolvimento social e tenham nas suas práticas intervenções que visem menorizar a vulnerabilidade, a pobreza e o estado de necessidade de indivíduos ou comunidades.

A entrega do galardão terá lugar no dia 25 de março, em Oliveira do Bairro, numa gala que contará com a presença da Ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Maria do Rosário Palma Ramalho.

 

19.2.25

NISA: Memória que o tempo não apaga


Um sorriso, ainda jovial, a manter a luz e a alegria de 95 anos de vida.

Nascido no distante ano de 1930, Rui de Freitas Martins Fragoso, tornou-se uma figura popular e um exemplo de  nisense  que respondeu sempre Presente, quando as circunstâncias da vida e a vontade de fazer progredir a terra e o concelho clamavam por ajuda. A história de Nisa do século passado, escrita num tempo de liberdade e sem censuras, há de fazer-lhe a devida justiça e integrá-lo na galeria dos Homens Bons de Nisa.

São muitos os documentos que referem a sua contribuição, voluntária e dedicada, para todas as iniciativas que visavam o progresso da sua e nossa terra.

O pai, João Diniz Fragoso, foi um jornalista, desenhador e cartunista de mérito, cuja obra  ainda não foi devidamente reunida e dada a conhecer. Mas, haverá de chegar o dia em que um e outro (pai e filho) serão devidamente realçados pelo labor e pelo amor à terra que os viu nascer. Uma dedicação nem sempre bem compreendida, num tempo em que os centuriões da palavra e da ordem estabelecida, ditavam as coordenadas da vida comunitária.

Hoje, quase a terminar o dia, evocamos com redobrado prazer, o senhor Rui Fragoso, a Quinta  do Retiro, retiro de tantas recordações. Homenageamos o Homem e o Amigo, que nos dedicou especial carinho e palavras de apoio ao "Jornal de Nisa".

Daqui, deste cantinho da Cevadeira e nesta data memorável, vai um forte abraço de Parabéns e votos de continue a desfrutar de muita saúde e a manter vivo esse sorriso que é a imagem de marca de toda uma vida.

Parabéns, senhor Rui!

NOTA: A foto foi retirada da página de Facebook da Quinta do Retiro, a quem agradecemos.

 

AUTÁRQUICAS 2025: Fernando Saião é o candidato da CDU à presidência da Câmara Municipal de Monforte

 


A Coligação Democrática Unitária – PCP/PEV, torna público que Fernando Saião é o candidato à presidência da Câmara Municipal de Monforte nas Eleições Autárquicas de 2025.

Fernando Saião, 55 anos, natural do concelho de Monforte, é técnico superior de contabilidade.

Bacharel em Gestão Comercial e Marketing e licenciado em Marketing pela Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Portalegre (ESTGP), possui uma pós-graduação em Contabilidade e Finanças Públicas Locais, na C.M. de Reguengos de Monsaraz, organização conjunta da ATAM e ISLA Santarém e uma pós-graduação em Gestão Autárquica, organização conjunta da ATAM e ISLA Santarém.

É militante do Partido Comunista Português, membro da Comissão Concelhia de Monforte do PCP, da Direcção da Organização Regional de Portalegre do PCP e dos seus órgãos Executivos.

No plano local foi presidente da Junta de Freguesia do Assumar entre 2009/2013 e é vereador a tempo inteiro na Câmara Municipal de Monforte desde 2013.

É sócio fundador do Centro de Dia “Nossa Senhora dos Milagres”, em Assumar e foi presidente da Direcção entre 2003/2008.

Praticou Futebol 11 federado entre 1981 e 2009 e integrou a Direcção do Sporting Clube Assumarense.

A candidatura da CDU à Câmara Municipal de Monforte, cujo candidato a presidente da Câmara agora se anuncia, assume-se na continuidade do trabalho e intervenção da CDU à frente dos destinos do concelho, sempre ao serviço das suas populações.

A CDU refere que se "orgulha da intervenção e gestão autárquica em Monforte, com imensa obra realizada na Câmara Municipal e nas Freguesias ao longo dos últimos anos".

 

18.2.25

ALPALHÃO: O Carnaval Alpalhoeiro 2025 está a chegar! 🎊

 


Preparem-se os mais foliões e os curiosos que quiserem presenciar o Carnaval mais genuíno da região, onde a Tradição é a rainha dos cortejos!

Serão 8 dias de muita festa e alegria, neste que é um dos pontos altos da cultura alpalhoeira! 🌸🥳

Que ninguém fique em casa! Preparem-se os magníficos trajes da tradição e os divertidos disfarces de entrudo! 🎭

Viva o Carnaval Alpalhoeiro!

16.2.25

CARLOS PAREDES: O sonhador de amigos


"Um homem tem todas as idades, desde que o mundo existe, desde que a vida surgiu."
                                                                                                               Carlos Paredes
Um homem está debruçado sobre a cidade, sereno e tranquilo e atento a todas as imagens e às outras que não estão lá, e nos seus olhos há um sonho que se constrói com mãos e com alma, como é próprio das coisas belas. É um alguém urgente, de cabeça solta no delírio dos pássaros que estrebucham no rasto de loucos espalhado pela cidade à sua frente. Ali em volta rodopiam mulheres quase invisíveis de cabelos luminosos como nos poemas banais, e ouve-se um som ligeiro, definido apenas quanto baste para ilustrar as lembranças duradouras dos mundos todos que o homem traz dentro da cabeça.

Sobre a cidade paira um fogo enorme de que apenas este homem atento e debruçado se dá conta. E olha em volta, mas quem passa leva mais em que pensar, pode ser o gás, a luz e o telefone, as facturas com três meses, um amor por consumar, ai de nós quando morrer a esperança e o fogo se extinguir. Diz o que diz, nunca fala por falar, porque sabe que há coisas que é preciso dizer, porque o silêncio mais terrível é quando o rumor da memória se apaga na mudez do esquecimento.

O homem sabe que há muito mais coisas no mundo do que aquilo que os olhos podem ver e os dedos podem tocar, cinco sentidos são poucos para tanta coisa extraordinária. É por isso que ao falar se perde e se encontra nos sentidos todos das palavras, porque as palavras nunca são simples conjuntos de letras ordenadas em conformidade com a morfologia e a sintaxe, as palavras são a expressão e a vida de todo o ser ou coisa, e tanto assim é que mesmo deus só existe porque podemos nomeá-lo.

O homem pensa tudo isto de modo desordenadamente claro, e sobre a cidade sorri ao mundo, para disfarçar a tristeza. Tempos houve em que amou mais do que aos humanos é consentido, sabe quão infinitos são os mistérios e as agruras do amor, melhor seria arrancar um braço como o poeta, e no entanto sabe também que desistir de amar seria apenas uma forma cobarde de desistir de viver e por isso preferirá dizer que amou até à exaustão, até ao desespero

– Até somente ser possível amar tudo sabendo ele e sabendo nós que estas são palavras de homem sábio, palavras com o amor por dentro, os passos em volta e infinitos espantos pela rua, e por isso são com certeza mais verdadeiras do que as palavras comuns.

O homem está debruçado com a naturalidade de quem sempre soube de todas estas coisas, vivendo no meio de quem nunca deu por nada. Não se espantará pois se uma desconhecida o abordar e lhe pedir um beijo. Sem pretexto nem razão, apenas porque sim. Talvez altere o rumo dos planos para esse dia, talvez não vá ao encontro marcado para as seis, talvez endoideça e se deixe ir, atrás do beijo e do sorriso da mulher.

Ou talvez não. Provavelmente vai beijá-la como quem diz adeus e serenamente sussurrar-lhe com voz de mar e névoa há quanto tempo não nos vemos, e ela dirá se calhar nunca nos vimos, e ele pois não mas quem dera fosses Aquela por quem estive sempre à espera, e seguirão cada um o seu caminho

– Até tudo poder ser reencontrado por dentro do amor, e esta história não acaba nunca porque é a mais bela de todas as histórias de paixão, total e redentora

– Tomai, isto é o meu corpo e porque assim é, não sei por onde começar. Poderia dizer-lhe que tantas foram as vezes em que falámos destas coisas tão pequenas e tão simples e tão óbvias, que às vezes parece que ainda o vejo aqui mesmo à minha mesa, ou ali à frente, no meio da rua, tacteando a realidade impura dos homens sem ficar contaminado, deslumbrando-se perante um gesto, um sorriso anónimo, uma paisagem ou um som distante. Dizem que o homem, esse homem debruçado sobre a cidade de quem lhe falo, dizem que é músico. Outros dizem que é um ser fantástico, divinumano, julgando com isto explicar o que não tem explicação.

Pois quem poderá aferir a vida de uns e de outros, os seus actos e omissões, os seus feitos e os seus defeitos? Há muito mais perguntas do que respostas, o amigo sabe bem que nem todos os que olham são capazes de ver o que há do lado de dentro das coisas.

Quando o prenderam, por excesso de sonhos, o homem grande sorria. E continuou a sorrir, gesticulando sozinho na cela, dirigindo uma invisível orquestra de guitarras que pairava no seu cérebro. Os companheiros levaram tempo a perceber que se tratava de música, os polícias nunca entenderam que aquele homem seria sempre mais livre do que qualquer deles ou todos juntos. Porque a vida são mais do que cinco sentidos, o meu amigo sabe. E era por isso que o homem continuava a sorrir nessa tarde, tantos anos depois, em que voltou a debruçar-se sobre a cidade.

As palavras são como os sonhos, têm os significados que lhes damos e os outros, e até deus deixaria de existir se trocássemos as palavras, e onde está deus passasse a estar diabo, o mundo nunca mais seria o mesmo. Pena é que sejam tão poucos os que se deixam prender pelas palavras certas, e menos ainda os que entendem as infinitas sem-razões do amor, de amar assim, sem nada em troca, sonhando amigos. Pode alguém viver feliz com tanta dor em volta, tanta mágoa, tantas lágrimas?

Na cidade há um fogo imenso, mas quem passa leva mais em que pensar, o gás, a luz, o telefone, um amor que ficou pelo caminho, ai de nós quando morrer a esperança. Diz o que diz, mesmo sabendo que está tanto por dizer, que está tudo por fazer. Um dia, murmura, um dia virá em que os homens poderão viver como homens, e toda a gente descobrirá que o prazer de dar é maior que o de receber, mas até lá só nos resta o sonho feito com mãos e com alma.

Mãos, dedos, toques e magias – assim se vai desenhando a alma das coisas que o homem vê, do mundo que respira, dos amigos sonhados que surgem pelo caminho, sempre com música em redor e uma ilusão por perto. O que falhou no mundo melhor que quis ajudar a fazer, não sei.

– Sei que não passo de um homem, cidadão de todas as cidades, e trago comigo a única certeza de que a arte só existe com as pessoas por dentro, por isso gosto de abraçar a música como se abraça alguém que se ama. E se a música e a realidade estivessem em lados diferentes de mim, então estaria a viver uma ilusão, uma falsa música ou uma falsa realidade.

Digo: não sou um homem de palco, mas também não me chega ser um homem de plateia. Gosto de ver, sentir, partilhar. Em palco, as mais das vezes só vemos as luzes à nossa frente, e é como se o brilho cegasse, deve vir daí essa imensa solidão angustiada do artista. Foi por isso que nunca quis ser mais do que um arquivista de retratos, maravilhas da técnica, milhares de fotografias tiradas por dentro dos corpos, e é pelo corpo que se chega à alma, eu sei. Só se pode olhar para os outros a partir deles próprios, e eu podia vê-los por dentro, aos nobres e aos pobres, ricos e plebeus, todos igualmente frágeis e verdadeiros. E o amigo não imagina quanto se pode viajar numa simples sombra, o que uma imagem elementar a duas cores nos dá a conhecer de um homem.

Poderia falar uma vez mais de amigos, doidos de paixão, adolescendo no amor que tudo explica. Pois que a idade de um homem não são cinquenta, nem duzentos, nem dez mil anos, a idade é o tempo todo que houve e haverá. É este o meu mundo, o universo que quis construir à imagem e semelhança do homem que reencontro nesta cidade

– Este é o meu sangue como se fosse eu próprio, como se tudo fosse sempre tão simples como estar aqui. O homem debruçado sobre o mundo não tem como esconder um raio de tristeza no olhar atento, os dias não correm de feição para os poetas, mas é só uma questão de tempo. Dias virão em que o mundo aprenderá de novo o valor das coisas simples, como um sorriso, uma melodia de mendigos, um beijo.

À sua volta rodopiam mulheres iluminadas como nos poemas banais e ouve-se um som definido apenas o necessário para acender as lembranças dos mundos todos que o homem traz dentro da cabeça, solta no delírio dos pássaros que estrebucham na cidade à sua frente. Espera, talvez, que alguém o aborde somente para dizer há quanto tempo não nos vemos. E seguirão a pé o resto do caminho, lado a lado, como pássaros tacteando a realidade e os sentidos das palavras e das coisas.

In Movimentos Perpétuos - Textos para Carlos Paredes

Textos de Clara Pinto CorreiaEduardo LourençoEduardo Prado CoelhoFernando AlvesGonçalo M. TavaresJacinto Lucas PiresJorge Silva MeloJosé Carlos VasconcelosJosé Eduardo AgualusaJosé Jorge LetriaJosé Luís PeixotoJosé SaramagoLuís OsórioManuel Alegre, Manuela GonzagaMia CoutoPedro MexiaPedro TamenPossidónio CachapaRegina LouroRui ZinkSarah AdamopoulosSérgio GodinhoUrbano Tavares RodriguesVasco Graça MouraViriato Teles e Y.K. Centeno

Prefácio de Jorge Sampaio | Ed. Oficina do Livro, Lisboa, 2003

Áudio: leitura de Sandra Bernardo no programa Filhos da Madrugada
Emissora das Beiras, 16.Fev.2006

NISA: Conheça os poetas do concelho (XVII) - António Borrego

 


Até à chuva...

Andas triste?

Porque choras?

Não te deixes afundar

Solta essas lágrimas

Deixa as toxinas correr

Seca-as com um lenço

Também és daqui

Deste mundo

Onde pertenço.

Vem!

Dá-me a tua mão

Vem ouvir a canção

Que ensina a amar

A dançar

Basta sentires o ritmo

Isso!

Agora, mexe a cintura

Deixa o sorriso aparecer

Tem paciência

Assim...

É mesmo assim

Já apanhas-te a cadência

Mostra o teu talento

Não chores mais

Para dentro

Não te queiras afundar

Deixa a alma "boiar"

Ir ao sabor da corrente

É tão lindo o amor

O amor que a gente sente

Anda

Vem daí

Vem ver milhões de arco-íris

Lá...

Onde os colibris poisam

Na tua mão.

A.B.-2013.


15.2.25

TEXTOS DE AUTORES NISENSES (24) - Aníbal Goulão - O rio Tejo e o Desporto

O RIO TEJO E O DESPORTO
O desporto em Portugal tem evoluído consideravelmente em todas as modalidades. E a pesca á linha adquiriu inúmeros adeptos. Ainda não há muito tempo, este desporto era quase desconhecido em muitas cidades e vilas, onde hoje conta com grande quantidade de praticantes. Mas os nisenses foram sempre apaixonados pela pesca. As empresas hidro-eléctricas bastante contribuíram para o seu desenvolvimento. A modalidade estende-se a vários rios e afluentes. Desta prática alcança-se o conhecer do valor da fauna, do volume do caudal, da paisagem, do acesso. Geralmente, os desportistas manifestam preferência por um rio ou albufeira. Nós optamos pelo Tejo. Temos percorrido as suas margens, num exercício salutar que praticamos há muitos anos. Este rio, bastante rico, pela sua grandeza e extenso curso, pelas variadas espécies que o povoam, pela fertilidade das terras que banha, pelas actividades que absorve em explorações diversas, torna-se um factor de relevo na economia do país. As suas belezas e encantos têm inspirado os nossos poetas de todos os tempos. Oferece este rio as melhores condições de pesca ao pescador mais exigente. Conhecemos o Tejo desde o Sever até Belver, e neste espaço existem três pegos dignos de referência. O Pego do Bispo, próximo de Salavessa, tem três quilómetros de comprimento e profundidade de quatro a doze metros. Abundam ali o barbo e a carpa, mas o seu acesso é muito difícil. O Pego das Portas, de dimensões mais reduzidas, tem a profundidade de trinta metors e é povoado de grandes exemplares de barbos e carpas. O Pego da Barca, a três quilómetros de Amieira, tem aproximadamente dois quilómetros de comprimento e profundidades de quatro a vinte metros. É muito rico nas já referidas espécies. Pelo seu acesso fácil é muito preferido. A pesca já foi a maior riqueza deste rio. As espécies emigradas do mar como a enguia e a lampreia, o sável, o muge, povoavam o seu longo curso de novecentos quilómetros. Na pesca destas apreciadas espécies ocupavam a sua actividade centenas de pescadores profissionais, que abasteciam muitas povoações. O Tejo presenteia-nos ainda além do barbo e da carpa, com a boga e o Bordalo, em relativa abundância. A reprodução da fauna deste rio favorece todos os seus afluentes. Das espécies emigrantes, só a enguia por cá ficava, ocupando assim um lugar de mérito nos afluentes. Já temos visto por várias vezes a subida desta espécie. Efectua-se no mês de Maio, preferindo as margens e mostrando-se à superfície. Seguem assim a longa viagem, assinalando a passagem por duas faixas, numa extensão de centenas de quilómetros. Dura isto de oito a dez dias. Estes milhões de seres, com o comprimento de sete a dez quilómetros, infiltrou-se por todos os canais, mesmo nos de reduzido volume. Este peixe, que foi tão abundante como apreciado, regressava ao mar, depois de adulto, com o peso a variar de dois a quatro quilos, favorecendo resultados compensadores àqueles que à sua pesca se dedicavam. Hoje, estas espécies não fazem parte da fauna do rio, a partir da Barragem de Belver.
Centenas de pescadores profissionais, que empregavam toda a sua actividade nesta parte do rio, têm-se queixado amargamente. A vasta área abrangida pelo desaparecimento da enguia é deveras considerável e muito se faz sentir na alimentação dos povos ribeirinhos e outros. O maior rio do país encontra-se há muitos anos vedado totalmente à passagem do peixe e o mesmo se passa nos afluentes como a Ocreza, Ribeira de Nisa, Sever, Ponsul. Junto do enorme dique têm sucumbido milhões de enguias que o instinto natural conduziria ao repovoamento em todo o longo curso do Tejo. Só uma estatística nos poderia elucidar concretamente e surpreender com números, do valor do peixe colhido na vasta extensão. É oportuno esclarecer que a empresa construtora e proprietária da barragem não descurou este importante assunto (escada de peixe ou passagem de peixe) encarregando um engenheiro italiano, experiente em obras congéneres, de estudar e construir uma passagem de peixe, mas uma vez concluída, verificou-se que não é possível a subida. De lamentar que assim tivesse sucedido e que assim permaneça esta obra, e muitos esperam a rectificação, para que as águas do rio tornem a ser povoadas e enriquecidas com tão apreciadas espécies. 
* Aníbal Goulão – “Correio de Nisa” – 13/11/1965

CEDILLO EM FESTA: XXIX Matanza Internacional

12.2.25

ALPALHÃO: III Passeio TT AJAL - 1 de Março

INSCRIÇÕES ABERTAS! Temos encontro marcado para dia 1 de março no III Passeio TT da AJAL - Associação de Jovens de Alpalhão! As inscrições são limitadas! Não percas tempo e inscreve-te já através de mensagem privada para as nossas redes sociais ou para os números em cartaz!

OPINIÃO: Os jovens e a falta de futuro

Dois estudos sobre o fascínio dos jovens por discursos populistas e totalitários impulsionaram, na última semana, o debate sobre o tema no Reino Unido. As questões colocadas a jovens com até 27 anos revelaram resultados surpreendentes: 45% apoiam a pena de morte, 52% consideram que viveriam melhor com “um líder forte no comando” e 33% defendem que a governação seja entregue ao Exército. Na análise que se seguiu, com pinças dado o risco de clivagens geracionais, vários sociólogos alertaram que o retrato mostra uma geração encurralada pelo elevado custo de vida e por salários desajustados face às qualificações. Uma geração a quem a crise climática criou uma sensação de urgência e de falta de futuro. Online, circulam a alta velocidade e conseguem ter voz. Offline, sentem que as instituições, partidos incluídos, lhes fecham a porta e dificultam a participação. Com evidentes variações de país para país, a abertura dos mais jovens a discursos populistas vai-se revelando transversal e um sinal de que a educação não basta. E também não faz sentido diabolizar as escolhas: é preciso entendê-las. Até porque aos grandes temas económicos e sociais que afetam os jovens somam-se as doenças endémicas dos partidos. A corrupção (percecionada como estando pior do que nunca em Portugal, de acordo com o índice divulgado ontem pela Transparência Internacional), o compadrio, os casos que tocam diferentes partidos, a incapacidade de renovação do sistema político, tudo somado vai criando um sentimento de desesperança. Os jovens são os mais flexíveis e abertos a mudanças. É crucial analisar o que os seduz e procurar que sejam ativos na construção de uma casa comum mais coesa e justa, sem permitir que desistam de acreditar nos valores democráticos. Os nossos líderes políticos têm mesmo de analisar as causas do ressentimento, assumir os erros e qualificar a vida pública. Se a renovação não for feita por dentro, poderá revelar-se francamente perigosa. Inês Cardoso – Jornal de Notícias - 12 fevereiro, 2025

11.2.25

ALPALHÃO: Vem aí o Carnaval Alpalhoeiro, de 20 Fevereiro a 4 de Março.

HUMOR EM TEMPO DE CÓLERA

A mala desviada - Cartoon de Vasco Gargalo

NISA: Mulher de 47 anos ferida em despiste em Amieira do Tejo, na descida do Fratel

Alerta às 17,27h desta terça-feira, 11 de Fevereiro, para um acidente na descida para a barragem do Fratel, na freguesia de Amieira do Tejo e Arez, envolvendo uma carrinha de transporte de passageiros. Do despiste, resultaram ferimentos numa mulher de 47 anos que foi transportada para o Hospital de Portalegre onde está agora a receber assistência clínica. O Comando Sub Regional de Emergência e Protecção Civil do Alto Alentejo confirmou ainda ao “Linhas de Elvas” que estiveram no local 10 operacionais, auxiliados por quatro viaturas, dos Bombeiros e GNR de Nisa. • In Linhas de Elvas – 11.02.2025 ** Fotos: Filipe Correia / Vigilantes da Estrada

10.2.25

NISA: 2ª Festival de Sopas Tradicionais

SAÚDE: 22 dadores de sangue em Nisa

Por dificuldades inultrapassáveis, a primeira colheita, prevista para 2025, da Associação de Dadores Benévolos de Sangue de Portalegre – ADBSP –só teve lugar um mês depois. Mas efetivou-se! Foi no edifício do centro de saúde de Nisa e, como sempre, marcou presença a Unidade Funcional de Imunohemoterapia da ULSAALE. Rumaram até ao citado local 22 voluntários. E as mulheres em maioria, com uma dúzia de inscrições (54,5%). Uma vez avaliado o estado clínico dos presentes, dois não puderam concretizar a dádiva. Consequentemente, em Nisa foram granjeadas duas dezenas de unidades de sangue total. Um dos protagonistas associou-se ao Registo Português de Dadores de Medula Óssea, sendo certo que a maioria dos doadores já se encontram inscritos. O almoço convívio contou com o apoio da Câmara Municipal de Nisa.
Alpalhão a 22 de fevereiro Sábados de manhã são quando decorrem as brigadas da ADBSP. A próxima vai ser no centro cultural de Alpalhão (concelho de Nisa), a 22 de fevereiro. Já a 22 de março será a vez de Alter do Chão, no centro de saúde local. Seja solidário! E não se esqueça de visitar: https://www.facebook.com/AssociacaoDadoresBenevolosSanguePortalegre/ JR

6.2.25

NISA - Memória histórica: 16/3/1840 – Copia de hum requerimento feito à Câmara

Illmos Senhores Penozo he aos habitantes desta Vila abaixo assignados ter que servir-se do direito de petição consignado no artº 15 da Constituição Política da Monarchia para reprezentar a esta Illustre Câmara Municipal contra o mão serviço que esta prestando aos habitantes deste concelho o Estafeta que he pago por esta Municipalidade para que lhe traga as suas correspondências nas terças-feiras e sábados de cada semana as oito horas da manhã desde o 1º de Abril até ao ultimo de Outubro e às onze horas o resto do anno, condição expreça no contrato que com o mencionado Estafeta fez esta Câmara como consta do Accordo de 21 e 25 de Janeiro de 1837 socedendo que lá já trez correios terem recebido os Requerentes as suas correspondências ás 9 horas da noite daquelles dias com grave prejuízo de seus enteresses pois que os negócios dos particulares não podem ter andamento regular com a alteração mencionada nas horas de chegada do correio. Afim disso os suplicantes teem sempre grande anciedade em receber noticias sobre os acontecimentos que rapidamente se estão socedendo na Península e a demora de hum quarto d´hora lhe he summamente penoza. Não podem os abaixo assignados persoader-se como se diz que o Exmo Administrador deste Districto he quem tem demorado o Estafeta porque sendo elle estabelecido e pago para o serviço e cómodo dos habitantes deste concelho, e sendo a Auctoridade esencialmente benéfica não quererá de sorte o encomodo de seus Administrados quando está a seu cargo procurar-lhes todas as vantagens e os seus antecessores que sempre mandaram a correspondência official pelo Estafeta nunca o demorarão e quando sobrevinha algum cazo extraordinário não só mandavão próprios pagos por aquella repartição mas até pagavão aos que os Ad. Do concelho estão auctorizados a henviar em edenticas circunstancias, não sendo o Estafeta deste concelho correio da Administração Geral, o Correio assestente de Portalegre tem obrigado o Estafeta a levar correspondência que vai para aquella cidade fixada na malla a onde leva as cartas para as outras terra do reino a qual só abre no momento que chega o correio de Lisboa do que rezulta não poderem os habitantes deste concelho receber respostas as suas cartas na volta do Estafeta. Se he de Ley que todas as cartas cheguem fechadas às mãos do correio assestente deve este abrir a malla e fazelas distribuir logo que o Estafeta ali chega para que possa trazer as respostas; ainda que esta pratica seja contraria aos uzos de tempo emmemoriais pois sempre o Estafeta distribuio as cartas que leva para Portalegre podendo deste modo trazer as respostas que leva efirmados neste costume porerão Vªs Sªs em condição ao actual Estafeta que o porte das cartas pª Portalegre e vesse verssa seria de grassa em atenção ao ordenado que recebe como se ve dos Accordos já citados. Esperão os requerentes que Vªs Sªs se servirão dar as providencias que lhe parecerem mães adequadas para se removerem os embaraços que deixam apontados. Carta dirigida ao Illº Sr. Presidente e Mºs da Câmara Municipal se dignem deferir-lhes Assignaram: Francisco Xavier de Sampaio Salgueiro, José Maria Deniz Pancas, O vigário encommendado Francisco Manuel Queimado, Joaquim de Moura Rosa, José Manoel de Salgueiro Eça

5.2.25

OPINIÃO: Vigilância nunca é amor

É provável que o termo “stalkerware” não lhe diga nada ou lhe pareça vago e distante. Refere-se a programas ou aplicações móveis que permitem captar informação exaustiva de telefones ou computadores de outra pessoa. As funcionalidades variam muito, mas podem ir do registo da atividade na internet até à gravação de mensagens trocadas, passando ainda pela localização da pessoa vigiada. Se tudo lhe soa a ficção científica, a verdade é que a utilização deste tipo de ferramentas tem aumentado em todo o Mundo e em Portugal cresce cerca de 5% por ano. Sandra Ribeiro, presidente da Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género, afirma haver dados demonstrativos de que os jovens estão a usar este tipo de apps para vigiarem, em tempo real, onde está o outro. Há uma normalização de comportamentos abusivos, como se o ciúme autorizasse o controlo e este fosse uma prova de amor. Todos os anos, à medida que se aproxima o Dia dos Namorados, multiplicam-se os estudos sobre a violência no namoro. Os resultados estão longe de ser encorajadores e mostram mesmo subidas preocupantes na violência psicológica e na coerção sexual. Há ainda sinais de equiparação entre comportamentos femininos e masculinos no controlo e agressão, embora na violência sexual seja maioritariamente a mulher a vítima. Os números evidenciam que décadas de discussão pública sobre violência de género não têm ajudado a promover mudanças. Num único mês, desde início do ano, morreram pelo menos cinco mulheres em contexto familiar. E ainda assim os mais jovens vão perpetuando definições de amor que confundem relação com posse, compromisso com controlo, entrega com submissão. É preciso trabalhar mais na educação e na prevenção, desconstruir conceitos tóxicos e ensinar que o amor respeita integralmente o outro e a sua liberdade. A violência na intimidade nunca é privada. É uma doença que nos fragiliza coletivamente e (mais) uma demonstração da nossa incapacidade em entender que cada pessoa é um universo particular e sagrado. • Inês Cardoso – Jornal de Notícias - 05 fevereiro, 2025 ** IMAGEM - Pintura de Augusto Pinheiro

AVIS: 𝐂𝐨𝐧𝐜𝐞𝐧𝐭𝐫𝐚çã𝐨 𝐞𝐦 𝐝𝐞𝐟𝐞𝐬𝐚 𝐝𝐨 𝐒𝐞𝐫𝐯𝐢ç𝐨 𝐍𝐚𝐜𝐢𝐨𝐧𝐚𝐥 𝐝𝐞 𝐒𝐚ú𝐝𝐞 𝐝𝐨 𝐂𝐨𝐧𝐜𝐞𝐥𝐡𝐨 𝐝𝐞 𝐀𝐯𝐢𝐬

Realiza-se no próximo dia 12 de fevereiro, pelas 17h30, junto ao Centro de Saúde de Avis, uma Concentração em defesa do Serviço Nacional de Saúde (SNS). O protesto, promovido pelo Município e pelas Freguesias/Uniões de Freguesias do Concelho, reflete as várias necessidades sentidas pela população na área da saúde no território, nomeadamente a falta de médicos e exige soluções urgentes de defesa e acesso aos cuidados de saúde, severamente comprometidos quer pelo deficiente funcionamento do Centro de Saúde de Avis, quer pela falta de atendimento das populações nas Extensões nas Freguesias que, sem recursos humanos suficientes, não prestam o serviço que deveriam, ou simplesmente, continuam encerradas. Uma situação verdadeiramente preocupante, num Concelho com mais de 600 km2, sem rede de transportes públicos e com um elevado número de habitantes com mais de 65 anos e baixas reformas, sem possibilidade de recorrer a outros meios de transporte ou a serviços de saúde privados. Os participantes nesta ação, com transporte assegurado, devem inscrever-se até ao dia 7 de fevereiro nas Juntas e Uniões de Freguesia do Concelho. A saúde é um direito de todos. Faça ouvir a sua voz! Participe.

4.2.25

PCP APOIA: Pisão. Sim, é possível... E necessário!

Apesar das últimas notícias, vindas a público, sobre a anulação da declaração de impacto ambiental da Barragem do Crato-Pisão, proferida pelo Tribunal Administrativo e Fiscal de Castelo Branco, e a previsão em sede de reprogramação do PRR em sacrificar o financiamento desta infraestrutura, o PCP reafirma a necessidade da concretização deste projecto estruturante, independentemente da fonte de financiamento. Portalegre, 31 de Janeiro de 2025 O Secretariado da DORPOR do PCP

1.2.25

TEXTOS DE AUTORES NISENSES (23)- Carlos Franco Figueiredo - Uma fresta no Boqueirão (I)

UMA FRESTA NO BOQUEIRÃO (I) - Autárquicas à vista: vê-se a parra. Mas a uva? 
Fez muito bem este jornal, garantindo a sua inequívoca divisa de génese, como independente, em descortinar desde já as vontades postas ao serviço das forças vivas dos partidos, as quais parecem hesitantes para levar esta Nisa do séc. XXI a caminho do Desenvolvimento que tem sido letra morta e onde, curiosamente, já comungaram todas as bandeiras partidárias, incluindo rostos. Pela nossa parte, cremos que, venha quem vier dos rostos repetentes ou passadistas a pegar no nobre pendão da Câmara, mais não se adiantará do que ficar no rol do papel prometedor, mormente essa vaga de projectos até agora inconcretizáveis no âmbito da Economia concelhia – que é o “bico d´ obra” fatalista que Nisa tem sido desde há décadas, repletas de palavrosos marasmos. E, se Nisa tem potencialidades! Oh, se tem! Ninguém as vê?! Agarre-se pelo menos, numa delas, e caminhe-se para a concretização plena. Agora, projectos ambiciosos, cujos “edifícios” se começam pelo telhado, como aconteceu com a “célebre” Estalagem do Tejo? Ali ficou! Ali está, altaneira e só! Não é só pensar em “consolidar votos”, em fazer demográcia pela democracia. A verdadeira revolução, ou mesmo reformismo, é Fazer e Fazer Bem, com o verdadeiro norteamento de servir a Todos e não só a alguns, ou sonhar com quimeras de paisagem que nada têm a ver com a transformação da realidade, mas aquela que gera a riqueza e os empregos. O que pensarão os potenciais candidatos ou quem se perfila parece que à espera certa do surgimento de “andor”, duma economia a sério para o concelho de Nisa, quanto a nós “Barca” demasiado grande para ser concentrada na velha praça do Município, dia após dia, como no tempo em que os lagartos dormiam ao sol e Lisboa era de um outro mundo? Pareceu-nos ouvir “rufar tambores” em favor de uma estratégia. Porém, quantas estratégias não tem havido, com arrobas de palavras e demasiado egocentrismo vedetista? Perguntamos, com a devida vénia: Já algum nosso bravo Edil conseguiu atrair o investimento a Nisa, a não ser o caso estrito dos granitos de escoamento garantido? Onde está o Queijo de Nisa? Onde? A sul de Portalegre e fora da velha Corte das Areias? Quem se preocupa concretamente com uma verdadeira certificação da marca que detém o nome da notável vila de Nisa, quando o próprio queijo, primeiro que tudo, deveria ser feito numa “fábrica-piloto” e na própria sede do concelho, para dar o exemplo de autêntica produção artesanal, firmemente artesanal.
E a vertente enorme de turismo do Interior, hoje apreciado como o turismo da tranquilidade? Não vamos por ora, falar disto. Na altura própria voltaremos a este tema que tem pano para mangas... Hoje, uma Autarquia do Interior, como Nisa não pode (ou não deve) viver voltada para si própria. Já se falou em capacidade consequente em oferta de amplas facilidades a quem se propõe fundar empresas e empregos diversificados neste concelho de enorme vínculo territorial? Já se falou num certo esforço em renovar uma sociedade rural no âmbito do tecido empresarial agrícola, ainda que cooperativista ou não? Já se falou em publicitar vivamente o território concelhio no exterior, exaltando as suas potencialidades naturais, tanto no domínio do lúdico (caça e pesca desportivas), como na produção de bens de variada índole, para quem queira trabalhar e... Desenvolver? Esta nos parece a verdadeira essência do Neo-Autarquismo que se avizinha, com os desafios inerentes ao final do primeiro lustro de um tempo... em que não se deve perder mais Tempo. Já chega, caras Senhoras e Senhores da nossa terra! 
Carlos Franco Figueiredo

OPINIÃO: Foi você que pediu mais um imposto?

Imagino que não. Que o caro leitor não tenha tentações masoquistas e anseie pela cobrança de mais impostos. Sobretudo porque, como se percebe no trabalho que publicamos hoje, a engorda do Estado por via fiscal transformou-se numa espécie de desporto não federado. A discussão é antiga e não reúne consensos. Um país que pague menos impostos tem maior propensão para o crescimento, para o risco, para a autossuficiência? Mas um país, como Portugal, em que a dependência face ao Estado é tão notória e crescente, pode algum dia almejar libertar-se desse jugo? Se recuarmos uma década, verificamos que o nosso esforço contributivo era consideravelmente menor. Em 2024, ano em que o IRS até baixou, cada português pagou, em média, 6400 euros de impostos, o que dá a módica quantia de 530 euros mensais. Se descontarmos o facto de haver uma parte considerável da população que não paga IRS (porque nem rendimentos para isso tem) e outra que não tem esse encargo porque não trabalha, facilmente percebemos a dimensão do desequilíbrio entre o que pagamos e o que recebemos. E aqui podemos universalizar o descontentamento, na medida em que foi no IRC, dedicado às empresas, que se verificou o maior aumento da receita. Os empresários pagaram 10 mil milhões de euros em impostos. O problema, porém, não está (nunca esteve) na quantidade e diversidade de taxas e taxinhas. A nossa insatisfação terá de ser direcionada noutro sentido. Porque a um enorme sacrifício contributivo não tem correspondido uma melhoria na eficácia dos serviços públicos, algo que tem atirado os portugueses para o regaço do setor privado. O Estado continua a engordar, mas temos hoje melhor saúde, educação ou justiça? • Pedro Ivo Carvalho – Jornal de Notícias - 01 fevereiro, 2025