27.2.25

Manifestação Nacional de Mulheres em Portalegre

Há 50 anos conquistámos a liberdade e celebrámos o Dia Internacional da Mulher, pela primeira vez sem medo da prisão.

No Portugal de Abril participamos ativamente e decisivamente para a radical transformação do estatuto social ,jurídico e político  das mulheres. E foi muito o que conquistámos!

Hoje não aceitamos o agravamento das condições de vida e de trabalho e das múltiplas violências que nos afetam na família, no trabalho e na sociedade.

Sabendo o quanto custou chegar até aqui não aceitamos retrocessos, não calamos injustiças e não suspendemos a luta.

Por isso, Dia 8 de Março de 2025 as mulheres do distrito de Portalegre saem à rua e marcam encontro em Portalegre, pelas 10h00, no Mercado Municipal desfilando em cordão até ao Rossio , com a coragem, a alegria e a determinação de sempre para dizer que:

- Queremos que se cumpram os direitos de maternidade e paternidade, das crianças e dos jovens, serviços públicos de qualidade e proximidade: na saúde, educação, segurança social , forças de segurança, direito ao transporte e à mobilidade, um SNS  que assegure o direito de todos aos cuidados primários de saúde, salvaguarde o acompanhamento da gravidez,  parto, cuidados materno-infantis, o acesso à IVG, saúde mental e consultas de especialidade.  Mais médicos de família e enfermeiros.

- Queremos  uma escola pública que contribua para o desenvolvimento integral de todas as crianças, incluindo as que tem necessidade educativas especiais, as que são de diversas nacionalidades ou etnia.

- Queremos um Alentejo para viver, livre de cultivos intensivos das monoculturas com impacto dos agrotóxicos na saúde e nos solos,  com emprego com direitos e de qualidade que permita a fixação das populações contrariando a baixa natalidade e envelhecimento da população, que se combata o isolamento das idosas e que estas possam viver a vida com dignidade.

- Já não suportamos o peso das desigualdades e discriminações, as violências que recaem

 sobre as mulheres e todas as formas de preconceitos e estereótipos, do racismo e xenofobia.

A Igualdade não pode ser uma mera promessa, mas um direito do qual não abdicamos para viver a vida com dignidade.

- Nós somos a maioria capaz de transformar a nossa sociedade tornando-a mais justa, equitativa e solidária.

Vamos continuar a luta por uma sociedade onde os direitos sejam reforçados e respeitados e a paz um compromisso, cientes de que esta Manifestação Nacional de Mulheres promovida pelo MDM será um momento alto de convergência de muitas mulheres.

www.mdm.org.pt | geral@mdm.org.pt | mdmportalegre@gmail.com

NISA: Lançamento do livro de Patrícia Porto sobre o Artesanato de Nisa

 

Este livro é um relato sobre “A Alma dos Artesãos de Nisa: Um Tributo à Tradição e à Cultura”.

Entre as colinas e planícies da bela Vila de Nisa, reside uma riqueza que vai além do que os olhos podem ver. É uma riqueza tecida pelos habilidosos dedos dos seus artesãos, aqueles que ao longo dos tempos moldaram não apenas objetos, mas também a própria identidade cultural desta terra encantadora. Este livro é um tributo a todos os artesãos do concelho de Nisa, incluindo os que já partiram, pois cada um deles deixou uma marca indelével na cultura regional, concelhia e local.

Este livro é uma homenagem a cada artesão que, com o seu talento e esforço, contribuiu para a rica tapeçaria cultural de Nisa. É uma celebração às suas vidas, às suas histórias e às suas obras.

Que possamos todos reconhecer e valorizar o legado que nos deixaram, porque vamos continuar a apoiar e a incentivar os novos artesãos que mantêm viva esta magnífica tradição.

Livro foi editado com o apoio da União de Freguesias do Espírito Santo, Nossa Senhora da Graça e São Simão – NISA


26.2.25

CRATO: Comemoração do Dia Internacional da Mulher

 


VIVA A POLÍTICA! Mesmo para quem não precisa dela…

 



O Agrupamento de Escolas de Nisa pelo 3º ano consecutivo irá representar o círculo de Portalegre na Sessão Nacional do Parlamento dos Jovens.

Os alunos Alexandre Bizarro, Rute Pimentel, Rodrigo Carrilho, Francisco Martins e Madalena Louro participaram no dia 25/02, na Sessão Distrital do Parlamento dos Jovens do ensino secundário.

O Agrupamento de Escolas de Nisa foi uma das escolas vencedoras desta sessão, e irá representar o círculo de Portalegre com os deputados Alexandre Bizarro e Rute Pimentel na Sessão Nacional do Parlamento dos Jovens, que irá decorrer nos dias 26 e 27 de maio.

Agradecemos a colaboração da União de Freguesias de Espírito Santo, Nossa Senhora da Graça e São Simão pela cedência de transporte aos alunos que se deslocaram a Portalegre para representar o AEN nas sessões distritais do Básico e Secundário  do Parlamento dos Jovens.

NOTA: Espero bem que a direcção do Agrupamento de Escolas não faça queixa ao Munsk e ao Trumpas pela utilização destas fotos. O mundo está a atravessar um período negro e de recessão mental e societária. O corporativismo fascista de inspiração neo-liberal quer impor, novamente, a mordaça, a sonegação de direitos e a "transformação" do homem social num "ser" anémico e robotizado.

 Temos de impedir que isso aconteça.

25.2.25

SOUSEL: Prisão preventiva por violência doméstica

 


O Comando Territorial de Portalegre, através do Núcleo Investigação e de Apoio a Vítimas Especificas (NIAVE), no dia 20 de fevereiro, deteve um homem de 43 anos por violência doméstica, no concelho de Sousel.

No âmbito de uma investigação por violência doméstica, os militares da Guarda apuraram que o suspeito exercia violência física e psicológica contra a vítima, uma mulher de 39 anos. No seguimento da ação foi dado cumprimento a um mandado, tendo o suspeito sido detido.

O detido foi presente, no dia 21 de fevereiro, ao Tribunal Judicial de Fronteira, tendo-lhe sido aplicadas as medidas de coação de prisão preventiva, proibição de contato, por qualquer meio, com a vítima e proibição de uso e porte de arma.

A violência doméstica é um crime público e denunciar é uma responsabilidade coletiva.

A Guarda Nacional Republicana realiza regularmente campanhas e ações de sensibilização sobre o tema da Violência Doméstica e relembra que, se precisar de ajuda ou tiver conhecimento de alguma situação de violência doméstica, participe:

No Portal Queixa Eletrónica, em https://queixaselectronicas.mai.gov.pt;

Via telefónica, através do número europeu de emergência 112;

No Posto da GNR mais próximo à sua área de residência, tendo os nossos contactos sempre à mão em www.gnr.pt/contactos.aspx;

Na aplicação App MAI112 disponível e destinada exclusivamente aos cidadãos surdos, em http://www.112.pt/Paginas/Home.aspx;

Na aplicação SMS Segurança, direcionada a pessoas surdas em www.gnr.pt/MVC_GNR/Home/SmsSeguranca.

NISA: Carnaval Escolar - Carnaval Trapalhão com Animação e Arroz Doce

 


24.2.25

CRATO: Rota das Romarias 2025

O Município do Crato volta a promover, entre os dias 9 de março a 2 de novembro, a Rota das Romarias, um programa de caminhadas temáticas que alia o desporto à história dos locais a visitar.

Participe! Faça caminhadas pela sua saúde.

 

 

23.2.25

MONFORTE: Exposição de Pintura "Fernando Pessoa, de Pessoa em Pessoas"


Do artista monfortense PATICO

De 14 de fevereiro a 30 de abril na Biblioteca Municipal

Inaugurada no dia 14 de fevereiro, estará patente na Sala Polivalente da Biblioteca Municipal de Monforte, até 30 de abril (dias úteis, das 09.00h às 16.00h), a exposição “Fernando Pessoa, de Pessoa em Pessoas” que reúne 17 trabalhos de pintura da autoria de Patico, nome artístico de Francisco Alberto, natural de Monforte, onde nasceu em 1971, e residente em Lagoa. Celebra 28 anos de carreira autodidata na pintura, no desenho e na escrita, dando sempre primazia à liberdade do seu traço, da sua paleta e da escolha dos materiais. Conta com mais de 100 exposições individuais e coletivas. Tem dois livros editados, de poesia, desenho e pintura e outros na forja. Também ilustrou vários livros de diferentes temáticas. Foi o autor dos painéis de azulejos colocados em quatro monumentos erigidos na vila de Monforte.


22.2.25

NISA: Cancioneiro Popular (6)

 


AMIEIRA DO TEJO: Assembleia Geral do Grupo Desportivo e Cultural

 


OPINIÃO: A batalha contra o cancro (outra vez)

 


A linguagem bélica repete-se sempre que alguém com notoriedade pública sofre uma doença oncológica. Várias intervenções sobre a morte de Pinto da Costa deram conta de que o histórico presidente do F.C. Porto “perdeu a batalha” contra o cancro. Em 2018 escrevi sobre a visão estigmatizante para as próprias vítimas que a expressão encerra, mas há temas a que vale a pena voltar, já que anos de notícias e maior abertura sobre a doença não mudaram significativamente o discurso público.

A incidência de cancro, dizem-nos os especialistas, vai subir 20% em Portugal até 2040. E têm sido insistentes os alertas relativos ao aumento de casos em pessoas com menos de 50 anos. Este é um desafio coletivo, na prevenção da doença como no tratamento. Da investigação à mudança de estilos de vida, dos fatores ambientais à eliminação de mitos e sombras que fomos construindo, são muitas as frentes de trabalho.

Num tempo de marcado individualismo, é ainda mais importante recordar que ninguém deseja um combate corpo a corpo com o cancro e não está, nem pode estar, sozinho nele. Quem morre devido a uma doença oncológica não luta menos do que quem sobrevive, nem ama menos a vida. Não se diz que alguém perdeu a batalha contra a diabetes ou o enfarte, mas por qualquer razão retrata-se uma vítima de cancro como alguém a quem faltou força ou vontade suficiente para sobreviver.

Não escolhemos muitos dos acontecimentos com que embatemos na vida, mas decidimos como agir perante eles. Fazemos a escolha realmente importante: como viver. Que valores nos guiam, que laços nos mantêm de pé, que raízes nos sustentam. A imagem da guerra assume que existem vencedores e derrotados, quando o que há é seres humanos com diferentes medos, necessidades e decisões sobre como viver com cancro. Pessoas inteiras, mesmo que os lugares-comuns as atirem ao tapete.

Inês Cardoso – Jornal de Notícias - 19 fevereiro, 2025

BLOCO DE ESQUERDA: Esclarecimento sobre a situação no distrito de Portalegre

 


Camaradas,

A saída de mais de 70 aderentes da distrital de Portalegre, divulgada numa carta  enviada à comunicação social, carece de confirmação.

Os estatutos do Bloco de Esquerda determinam que as adesões e desvinculações do  partido sejam individualmente comunicadas, de modo a confirmar a vontade expressa de cada aderente.

Após a divulgação da carta, o Bloco recebeu centralmente 14 pedidos de desvinculação.

A sede nacional verificou que nenhum dos 70 aderentes mencionados na carta tinha

pago quotas em 2024 e procurou contactar telefonicamente os mesmos. A maioria dos alegados demissionários não respondeu a este contacto ou não tinha qualquer número telefónico registado. Cinco dos aderentes incluídos na lista de demissões negaram a intenção de sair e verificou-se, ainda, que uma das pessoas que se teria agora demitido faleceu há mais de um ano. Trata-se de uma situação de enorme gravidade, sem precedentes na história do nosso partido.

Nas próximas semanas vão multiplicar-se na imprensa anúncios semelhantes. Estas notícias são parte do processo de abandono público do Bloco por elementos de uma corrente interna - a Convergência -, que esteve na origem da moção E, cujos eleitos se demitiram também recentemente da Comissão Política.

Este grupo minoritário fundou sua principal divergência na questão ucraniana e alimentou, nos últimos anos, um ciclo de conflitos públicos. A intenção de promover uma ofensiva comunicacional contra o Bloco explica a escolha do calendário destas saídas, acompanhadas aliás de declarações públicas que reproduzem falsas acusações, ao mesmo tempo que circulam apelos à subscrição de um novo movimento fora do Bloco.

Ao longo da sua história, o Bloco já conheceu divergências e saídas, individuais e coletivas. São decisões legítimas e naturais em qualquer partido vivo e plural. Mas nunca uma saída coletiva tinha recorrido à intoxicação política nem ao abuso do nome de aderentes, incluídos em listas de demissão contra a sua vontade. Na presente conjuntura política de ofensiva contra a esquerda e contra o Bloco, esta prática define os seus autores.

A Comissão Política vem dar aos aderentes do partido no distrito de Portalegre o sinal do seu empenho na construção de uma organização distrital renovada, aberta e participada. O Bloco relançará a sua atividade no distrito e, no imediato, será assegurada a normalidade do processo preparatório da XIV Convenção Nacional.

A Comissão Política

 

 

 

 

21.2.25

NISA: Grande desfile de Carnaval


Xailes bordados, escola de samba, carnaval Veneziano, arlequins coloridos, mimos e andas vão animar o GRANDE DESFILE DE CARNAVAL que irá decorrer na Praça da República, em Nisa, no Domingo Gordo (2 de março), pelas 14 horas.

Meninas do nosso Concelho, venham desfilar os vossos xailes!

A festa prolonga-se depois no Mercado Municipal, a partir das 17 horas, com o Baile de Carnaval animado pelo organista Marco Morgado.

Todos estão convocados! Vamos, juntos, fazer uma grande festa!

MARVÃO: Detido por violência doméstica

O Comando Territorial de Portalegre, através do Posto Territorial de Marvão, no dia 19 de fevereiro, deteve um homem de 52 anos por violência doméstica, no concelho de Marvão.

No âmbito de uma investigação por violência doméstica, os militares da Guarda realizaram diligências policiais que permitiram apurar que o suspeito exercia violência física e psicológica contra a vítima, sua ex-companheira de 77 anos. No decorrer da ação, foi dado cumprimento a um mandado de detenção.

O detido foi presente no Tribunal Judicial de Portalegre, tendo-lhe sido aplicadas as seguintes medidas de coação:

Proibição de se aproximar da vítima;

Proibição de permanecer e/ou de se aproximar da residência da vítima, bem como do seu local de trabalho ou da própria, num raio de 500 metros;

Proibição de contactar com a vítima, por si ou por interposta pessoa, ou utilizando meios de comunicação eletrónica;

Proibição de adquirir, deter ou usar armas ou outros objetos especialmente perigosos.

A violência doméstica é um crime público e denunciar é uma responsabilidade coletiva.

A Guarda Nacional Republicana realiza regularmente campanhas e ações de sensibilização sobre o tema da Violência Doméstica e relembra que, se precisar de ajuda ou tiver conhecimento de alguma situação de violência doméstica, participe:

No Portal Queixa Eletrónica, em https://queixaselectronicas.mai.gov.pt;

Via telefónica, através do número europeu de emergência 112;

No Posto da GNR mais próximo à sua área de residência, tendo os nossos contactos sempre à mão em www.gnr.pt/contactos.aspx;

Na aplicação App MAI112 disponível e destinada exclusivamente aos cidadãos surdos, em http://www.112.pt/Paginas/Home.aspx;

Na aplicação SMS Segurança, direcionada a pessoas surdas em www.gnr.pt/MVC_GNR/Home/SmsSeguranca

20.2.25

AVIS: Ex𝐩𝐨𝐬𝐢çõ𝐞𝐬 “𝐌𝐮𝐥𝐡𝐞𝐫 𝐍𝐚𝐭𝐮𝐫𝐞𝐳𝐚” 𝐞 “𝐌𝐮𝐥𝐡𝐞𝐫𝐞𝐬 𝐝𝐚 𝐌𝐢𝐬𝐞𝐫𝐢𝐜ó𝐫𝐝𝐢𝐚” 𝐚 𝐧ã𝐨 𝐩𝐞𝐫𝐝𝐞𝐫 𝐧𝐚 𝐁𝐢𝐛𝐥𝐢𝐨𝐭𝐞𝐜𝐚 𝐌𝐮𝐧𝐢𝐜𝐢𝐩𝐚𝐥 𝐉𝐨𝐬é 𝐒𝐚𝐫𝐚𝐦𝐚𝐠𝐨


Há duas novas Exposições para ver este mês de fevereiro, na Biblioteca Municipal José Saramago.  “Mulher Natureza”, um conjunto de 8 desenhos, feitos em Avis, da autoria de Verónica Ornelas, e “Mulheres da Misericórdia”, um trabalho do Fotógrafo Rui Moreno realizado por ocasião das Comemorações do Dia Internacional da Mulher 2024, na Santa Casa da Misericórdia de Avis.

A não perder!

As Exposições podem ser visitadas durante o horário de funcionamento da Biblioteca: de 2.ª a 6.ª feira, das 9h00 às 13h00 e das 14h00 às 18h00.

VILA VELHA DE RÓDÃO: 𝗖â𝗺𝗮𝗿𝗮 𝗠𝘂𝗻𝗶𝗰𝗶𝗽𝗮𝗹 𝗱𝗶𝘀𝘁𝗶𝗻𝗴𝘂𝗶𝗱𝗮 𝗰𝗼𝗺 𝗕𝗮𝗻𝗱𝗲𝗶𝗿𝗮 𝗱𝗲 𝗠é𝗿𝗶𝘁𝗼 𝗦𝗼𝗰𝗶𝗮𝗹


A Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão foi distinguida pela ANGES – Associação Nacional de Gerontologia Social com a Bandeira de Mérito Social, um dos mais prestigiantes galardões atribuídos em Portugal.

A distinção resultou de uma candidatura com as “Medidas de apoio à fixação de jovens e famílias”, que têm por objetivo contrariar a desertificação do concelho, através da conceção de apoios e incentivos à fixação de novos residentes nas áreas da habitação, educação e ação social.

De entre as medidas em vigor, destacam-se, por exemplo, os apoios ao arrendamento e à construção, aquisição e recuperação de habitação própria; a oferta de cadernos de atividades, kits de material escolar, transporte escolar e refeições aos alunos do concelho; o prolongamento do horário no Jardim de Infância e a oferta das Atividades Extracurriculares (AEC´s) no 1.º Ciclo e Jardim de Infância; ou a atribuição de Bolsas de Estudo para facilitar o acesso ao Ensino Superior.

Para o presidente da Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão, Luís Pereira, “esta é uma distinção que nos deixa muito orgulhosos pois reconhece o esforço feito pela autarquia na implementação de medidas de apoio às famílias e à população mais vulnerável do concelho, e cujos resultados, para além da melhoria da qualidade de vida, conduziram a um aumento da população entre os zero e os 14 anos e atraíram novos residentes, contrariando assim a tendência para a diminuição da população que se verifica na maioria dos concelhos do interior”.

A Bandeira de Mérito Social foi criada em 2022 e, de acordo com o regulamento, é atribuída por proposta do Conselho Consultivo da ANGES a organizações que promovam o bem-estar social e o desenvolvimento social e tenham nas suas práticas intervenções que visem menorizar a vulnerabilidade, a pobreza e o estado de necessidade de indivíduos ou comunidades.

A entrega do galardão terá lugar no dia 25 de março, em Oliveira do Bairro, numa gala que contará com a presença da Ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Maria do Rosário Palma Ramalho.

 

19.2.25

NISA: Memória que o tempo não apaga


Um sorriso, ainda jovial, a manter a luz e a alegria de 95 anos de vida.

Nascido no distante ano de 1930, Rui de Freitas Martins Fragoso, tornou-se uma figura popular e um exemplo de  nisense  que respondeu sempre Presente, quando as circunstâncias da vida e a vontade de fazer progredir a terra e o concelho clamavam por ajuda. A história de Nisa do século passado, escrita num tempo de liberdade e sem censuras, há de fazer-lhe a devida justiça e integrá-lo na galeria dos Homens Bons de Nisa.

São muitos os documentos que referem a sua contribuição, voluntária e dedicada, para todas as iniciativas que visavam o progresso da sua e nossa terra.

O pai, João Diniz Fragoso, foi um jornalista, desenhador e cartunista de mérito, cuja obra  ainda não foi devidamente reunida e dada a conhecer. Mas, haverá de chegar o dia em que um e outro (pai e filho) serão devidamente realçados pelo labor e pelo amor à terra que os viu nascer. Uma dedicação nem sempre bem compreendida, num tempo em que os centuriões da palavra e da ordem estabelecida, ditavam as coordenadas da vida comunitária.

Hoje, quase a terminar o dia, evocamos com redobrado prazer, o senhor Rui Fragoso, a Quinta  do Retiro, retiro de tantas recordações. Homenageamos o Homem e o Amigo, que nos dedicou especial carinho e palavras de apoio ao "Jornal de Nisa".

Daqui, deste cantinho da Cevadeira e nesta data memorável, vai um forte abraço de Parabéns e votos de continue a desfrutar de muita saúde e a manter vivo esse sorriso que é a imagem de marca de toda uma vida.

Parabéns, senhor Rui!

NOTA: A foto foi retirada da página de Facebook da Quinta do Retiro, a quem agradecemos.

 

AUTÁRQUICAS 2025: Fernando Saião é o candidato da CDU à presidência da Câmara Municipal de Monforte

 


A Coligação Democrática Unitária – PCP/PEV, torna público que Fernando Saião é o candidato à presidência da Câmara Municipal de Monforte nas Eleições Autárquicas de 2025.

Fernando Saião, 55 anos, natural do concelho de Monforte, é técnico superior de contabilidade.

Bacharel em Gestão Comercial e Marketing e licenciado em Marketing pela Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Portalegre (ESTGP), possui uma pós-graduação em Contabilidade e Finanças Públicas Locais, na C.M. de Reguengos de Monsaraz, organização conjunta da ATAM e ISLA Santarém e uma pós-graduação em Gestão Autárquica, organização conjunta da ATAM e ISLA Santarém.

É militante do Partido Comunista Português, membro da Comissão Concelhia de Monforte do PCP, da Direcção da Organização Regional de Portalegre do PCP e dos seus órgãos Executivos.

No plano local foi presidente da Junta de Freguesia do Assumar entre 2009/2013 e é vereador a tempo inteiro na Câmara Municipal de Monforte desde 2013.

É sócio fundador do Centro de Dia “Nossa Senhora dos Milagres”, em Assumar e foi presidente da Direcção entre 2003/2008.

Praticou Futebol 11 federado entre 1981 e 2009 e integrou a Direcção do Sporting Clube Assumarense.

A candidatura da CDU à Câmara Municipal de Monforte, cujo candidato a presidente da Câmara agora se anuncia, assume-se na continuidade do trabalho e intervenção da CDU à frente dos destinos do concelho, sempre ao serviço das suas populações.

A CDU refere que se "orgulha da intervenção e gestão autárquica em Monforte, com imensa obra realizada na Câmara Municipal e nas Freguesias ao longo dos últimos anos".

 

18.2.25

ALPALHÃO: O Carnaval Alpalhoeiro 2025 está a chegar! 🎊

 


Preparem-se os mais foliões e os curiosos que quiserem presenciar o Carnaval mais genuíno da região, onde a Tradição é a rainha dos cortejos!

Serão 8 dias de muita festa e alegria, neste que é um dos pontos altos da cultura alpalhoeira! 🌸🥳

Que ninguém fique em casa! Preparem-se os magníficos trajes da tradição e os divertidos disfarces de entrudo! 🎭

Viva o Carnaval Alpalhoeiro!

17.2.25

HUMOR EM TEMPO DE CÓLERA

 


Limpeza étnica | cartoon editorial da revista de Domingo do @correiodamanhaoficial - Vasco Gargalo

Politécnico de Portalegre atribui o seu primeiro Doutoramento Honoris Causa


António Cachola recebe o título honorífico

O Politécnico de Portalegre será a primeira instituição portuguesa de ensino superior politécnico a atribuir um Doutoramento Honoris Causa.

O Conselho Académico do IPPortalegre deliberou, por unanimidade, aprovar a atribuição do primeiro título de Doutor Honoris Causa da instituição ao comendador António Cachola, como reconhecimento pelo seu valor pessoal e pelo trabalho desenvolvido em prol da Cultura e da Arte Contemporânea. Distinguindo-se na atividade profissional, cultural e cívica, com altos serviços prestados à região, tem contribuído para o seu prestígio e engrandecimento.

A cerimónia de outorga das insígnias de Doutor Honoris Causa realiza-se no próximo dia 28 de fevereiro, no Campus Politécnico. Paulo Moita de Macedo (CEO da Caixa Geral de Depósitos) é o patrono do agraciado e Albano Silva (Professor Emérito do IPPortalegre), o elogiador.

A atribuição deste título honorífico visa homenagear personalidades eminentes, nacionais ou estrangeiras que, pelo seu percurso de vida, se tenham distinguido na atividade académica, científica, política, cultural, cívica e/ou profissional, tendo contribuído para o prestígio e engrandecimento do Ensino, da Investigação, do País e/ou da Humanidade.   

Síntese curricular do agraciado

António Manuel Raleira Cachola nasceu em Elvas, em 1954. Após terminar a licenciatura em Economia no ISEG, Universidade Técnica de Lisboa (1979), iniciou uma carreira ligada à gestão, com funções de direção executiva nas áreas administrativa e financeira. Em fevereiro de 1981, integrou a empresa DELTA-Cafés, na qual permaneceu como diretor financeiro até 2020 e onde, apesar da responsabilidade na direção financeira da empresa, abordava todas as áreas funcionais com o empresário Rui Nabeiro, de quem foi o adjunto próximo e de confiança.

A par da sua carreira profissional como gestor financeiro, António Cachola sempre revelou uma enorme sensibilidade e gosto pela arte moderna e contemporânea iniciando, em 1990, uma intensa atividade cultural enquanto colecionador de arte contemporânea. A primeira exposição de obras da sua coleção (1999, MEIAC, Badajoz) teve um grande impacto público que foi determinante para validar a ideia de criação de um museu de arte contemporânea em Elvas, para receber e expor as peças da sua coleção. O Museu de Arte Contemporânea de Elvas (MACE) abre as suas portas ao público em 2007.

António Cachola tem assumido diversos cargos em instituições da área cultural, nomeadamente, como membro do Conselho de Curadores da Museus e Monumentos de Portugal, E.P.E., membro da Comissão de Aquisições de Obras de Arte para a Coleção da CGD, membro do Conselho de Patronos da Fundação Arpad Szenes – Vieira da Silva, entre outros. Paralelamente, tem sido agraciado com vários prémios e homenagens, de entre os quais se podem destacar o Prémio "A” ao Colecionismo Privado da Fundação ARCOmadrid, no ano de 2016, e a homenagem e condecoração com a Comenda da Ordem do Mérito Civil, concedida pelo Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, na cerimónia oficial das comemorações do Dia de Portugal de 2013, como reconhecimento do seu trabalho, no país, em prol da cultura, em geral, e das artes visuais, em particular.

 

 

16.2.25

OPINIÃO: Violação da Justiça


 Ninguém duvida da importância da justiça, mas os casos que vêm a público como a “Operação Tutti-Frutti”, revelam uma justiça com “pedras” na engrenagem. A provar a tardia decisão que ilibou Fernando Medina e Duarte Cordeiro. Estes, já se queixaram da demora do processo que deixou as suas vidas comprometidas. Já o PSD viu o desfecho da operação cair que nem uma bomba envolvendo um vereador da C.M. Lisboa e quatro atuais presidentes de juntas de freguesia da capital a serem acusados de uma série de crimes.

Quando clamamos por mais justiça e menos impunidade, soubemos recentemente que o Tribunal da Relação de Lisboa deu razão a 11 bancos, conhecidos pelo “cartel da banca”, no recurso contra o Tribunal da Concorrência que exigia o pagamento de 225 milhões de euros. A desculpa, foi que… prescreveu… infelizmente, mas sem surpresas, repetidamente acontecem casos destes de prescrição. Se fosse com um desgraçado a contas com a vida, já não era assim. Resta-nos esperar que se faça justiça com o recurso da Autoridade da Concorrência (AdC). Estamos perante o resultado habitual de uma justiça leve e lenta para os poderosos e implacável contra os mais desprotegidos.

Não admira que em 2024, Portugal tenha tido o pior resultado de sempre no “Índice de Perceção da Corrupção”. Ficámos na 43.ª posição entre 180 países avaliados, uma queda de nove lugares. Estamos perante um declínio contínuo desde 2015, muito por culpa da ineficácia “do combate à corrupção e do funcionamento das instituições públicas”. Acresce ainda a “avaliação negativa devido a nepotismo, favoritismo político e financiamento partidário pouco transparente”[1].

Enquanto não existir vontade política para acabar com os esquemas das portas giratórias de favorecimentos e esquemas fraudulentos, não melhoramos. Os sinais estão aí e percebemos bem a razão porque a Hungria tem um resultado tão mau.

Os problemas na justiça, não se resolvem com demagogia, nem com medo de enfrentar o poder económico-financeiro, como tem acontecido com vários governos e maiorias parlamentares. Também não podemos acreditar naqueles que, aos berros, dizem querer acabar com a corrupção e limpar Portugal, quando se percebe que no seu seio, é fartar vilanagem, com muitos casos a braços com a justiça e com uma postura agressiva e até grotesca. Já é tempo para os mais distraídos perceberem, que ao elegerem este tipo de gente, caíram no conto do vigário.

A atual Ministra da Justiça, Rita Júdice prometeu a implementação rápida de um pacote anticorrupção; mas passado quase um ano, não temos nada, a não ser continuarmos a assistir a prazos ultrapassados. Por falar nisso, ontem foram anunciadas quatro medidas, onde se destacam a entrada de mais 50 inspetores com o foco principal na inspeção do sistema autárquico, mudança de juízes e novas regras na distribuição de processos judiciais. Não digo que não possa ser positivo, mas resolve o problema de fundo? Não!

No que diz respeito à justiça, os maus exemplos, também vêm de fora. Benjamim Netanyahu com mandados de captura, emitidos pelo Tribunal Penal Internacional por crimes de guerra, reuniu recentemente com Trump, a quem agradeceu, por querer aplicar sanções ao Tribunal Internacional. O absurdo devia ter limites!

É pública a perseguição de Trump a magistrados, ataques à imprensa e o favorecimento da desinformação. Este é o “modus operandi” da extrema-direita e o trumpismo apoiado por Le Pen, Salvini, Bolsonaro e André Ventura entre outros. Eles são um atentado à liberdade e à violação da justiça.

·        Paulo Cardoso - 14-02-2025 - Programa "Desabafos" / Rádio Portalegre

CARLOS PAREDES: O sonhador de amigos


"Um homem tem todas as idades, desde que o mundo existe, desde que a vida surgiu."
                                                                                                               Carlos Paredes
Um homem está debruçado sobre a cidade, sereno e tranquilo e atento a todas as imagens e às outras que não estão lá, e nos seus olhos há um sonho que se constrói com mãos e com alma, como é próprio das coisas belas. É um alguém urgente, de cabeça solta no delírio dos pássaros que estrebucham no rasto de loucos espalhado pela cidade à sua frente. Ali em volta rodopiam mulheres quase invisíveis de cabelos luminosos como nos poemas banais, e ouve-se um som ligeiro, definido apenas quanto baste para ilustrar as lembranças duradouras dos mundos todos que o homem traz dentro da cabeça.

Sobre a cidade paira um fogo enorme de que apenas este homem atento e debruçado se dá conta. E olha em volta, mas quem passa leva mais em que pensar, pode ser o gás, a luz e o telefone, as facturas com três meses, um amor por consumar, ai de nós quando morrer a esperança e o fogo se extinguir. Diz o que diz, nunca fala por falar, porque sabe que há coisas que é preciso dizer, porque o silêncio mais terrível é quando o rumor da memória se apaga na mudez do esquecimento.

O homem sabe que há muito mais coisas no mundo do que aquilo que os olhos podem ver e os dedos podem tocar, cinco sentidos são poucos para tanta coisa extraordinária. É por isso que ao falar se perde e se encontra nos sentidos todos das palavras, porque as palavras nunca são simples conjuntos de letras ordenadas em conformidade com a morfologia e a sintaxe, as palavras são a expressão e a vida de todo o ser ou coisa, e tanto assim é que mesmo deus só existe porque podemos nomeá-lo.

O homem pensa tudo isto de modo desordenadamente claro, e sobre a cidade sorri ao mundo, para disfarçar a tristeza. Tempos houve em que amou mais do que aos humanos é consentido, sabe quão infinitos são os mistérios e as agruras do amor, melhor seria arrancar um braço como o poeta, e no entanto sabe também que desistir de amar seria apenas uma forma cobarde de desistir de viver e por isso preferirá dizer que amou até à exaustão, até ao desespero

– Até somente ser possível amar tudo sabendo ele e sabendo nós que estas são palavras de homem sábio, palavras com o amor por dentro, os passos em volta e infinitos espantos pela rua, e por isso são com certeza mais verdadeiras do que as palavras comuns.

O homem está debruçado com a naturalidade de quem sempre soube de todas estas coisas, vivendo no meio de quem nunca deu por nada. Não se espantará pois se uma desconhecida o abordar e lhe pedir um beijo. Sem pretexto nem razão, apenas porque sim. Talvez altere o rumo dos planos para esse dia, talvez não vá ao encontro marcado para as seis, talvez endoideça e se deixe ir, atrás do beijo e do sorriso da mulher.

Ou talvez não. Provavelmente vai beijá-la como quem diz adeus e serenamente sussurrar-lhe com voz de mar e névoa há quanto tempo não nos vemos, e ela dirá se calhar nunca nos vimos, e ele pois não mas quem dera fosses Aquela por quem estive sempre à espera, e seguirão cada um o seu caminho

– Até tudo poder ser reencontrado por dentro do amor, e esta história não acaba nunca porque é a mais bela de todas as histórias de paixão, total e redentora

– Tomai, isto é o meu corpo e porque assim é, não sei por onde começar. Poderia dizer-lhe que tantas foram as vezes em que falámos destas coisas tão pequenas e tão simples e tão óbvias, que às vezes parece que ainda o vejo aqui mesmo à minha mesa, ou ali à frente, no meio da rua, tacteando a realidade impura dos homens sem ficar contaminado, deslumbrando-se perante um gesto, um sorriso anónimo, uma paisagem ou um som distante. Dizem que o homem, esse homem debruçado sobre a cidade de quem lhe falo, dizem que é músico. Outros dizem que é um ser fantástico, divinumano, julgando com isto explicar o que não tem explicação.

Pois quem poderá aferir a vida de uns e de outros, os seus actos e omissões, os seus feitos e os seus defeitos? Há muito mais perguntas do que respostas, o amigo sabe bem que nem todos os que olham são capazes de ver o que há do lado de dentro das coisas.

Quando o prenderam, por excesso de sonhos, o homem grande sorria. E continuou a sorrir, gesticulando sozinho na cela, dirigindo uma invisível orquestra de guitarras que pairava no seu cérebro. Os companheiros levaram tempo a perceber que se tratava de música, os polícias nunca entenderam que aquele homem seria sempre mais livre do que qualquer deles ou todos juntos. Porque a vida são mais do que cinco sentidos, o meu amigo sabe. E era por isso que o homem continuava a sorrir nessa tarde, tantos anos depois, em que voltou a debruçar-se sobre a cidade.

As palavras são como os sonhos, têm os significados que lhes damos e os outros, e até deus deixaria de existir se trocássemos as palavras, e onde está deus passasse a estar diabo, o mundo nunca mais seria o mesmo. Pena é que sejam tão poucos os que se deixam prender pelas palavras certas, e menos ainda os que entendem as infinitas sem-razões do amor, de amar assim, sem nada em troca, sonhando amigos. Pode alguém viver feliz com tanta dor em volta, tanta mágoa, tantas lágrimas?

Na cidade há um fogo imenso, mas quem passa leva mais em que pensar, o gás, a luz, o telefone, um amor que ficou pelo caminho, ai de nós quando morrer a esperança. Diz o que diz, mesmo sabendo que está tanto por dizer, que está tudo por fazer. Um dia, murmura, um dia virá em que os homens poderão viver como homens, e toda a gente descobrirá que o prazer de dar é maior que o de receber, mas até lá só nos resta o sonho feito com mãos e com alma.

Mãos, dedos, toques e magias – assim se vai desenhando a alma das coisas que o homem vê, do mundo que respira, dos amigos sonhados que surgem pelo caminho, sempre com música em redor e uma ilusão por perto. O que falhou no mundo melhor que quis ajudar a fazer, não sei.

– Sei que não passo de um homem, cidadão de todas as cidades, e trago comigo a única certeza de que a arte só existe com as pessoas por dentro, por isso gosto de abraçar a música como se abraça alguém que se ama. E se a música e a realidade estivessem em lados diferentes de mim, então estaria a viver uma ilusão, uma falsa música ou uma falsa realidade.

Digo: não sou um homem de palco, mas também não me chega ser um homem de plateia. Gosto de ver, sentir, partilhar. Em palco, as mais das vezes só vemos as luzes à nossa frente, e é como se o brilho cegasse, deve vir daí essa imensa solidão angustiada do artista. Foi por isso que nunca quis ser mais do que um arquivista de retratos, maravilhas da técnica, milhares de fotografias tiradas por dentro dos corpos, e é pelo corpo que se chega à alma, eu sei. Só se pode olhar para os outros a partir deles próprios, e eu podia vê-los por dentro, aos nobres e aos pobres, ricos e plebeus, todos igualmente frágeis e verdadeiros. E o amigo não imagina quanto se pode viajar numa simples sombra, o que uma imagem elementar a duas cores nos dá a conhecer de um homem.

Poderia falar uma vez mais de amigos, doidos de paixão, adolescendo no amor que tudo explica. Pois que a idade de um homem não são cinquenta, nem duzentos, nem dez mil anos, a idade é o tempo todo que houve e haverá. É este o meu mundo, o universo que quis construir à imagem e semelhança do homem que reencontro nesta cidade

– Este é o meu sangue como se fosse eu próprio, como se tudo fosse sempre tão simples como estar aqui. O homem debruçado sobre o mundo não tem como esconder um raio de tristeza no olhar atento, os dias não correm de feição para os poetas, mas é só uma questão de tempo. Dias virão em que o mundo aprenderá de novo o valor das coisas simples, como um sorriso, uma melodia de mendigos, um beijo.

À sua volta rodopiam mulheres iluminadas como nos poemas banais e ouve-se um som definido apenas o necessário para acender as lembranças dos mundos todos que o homem traz dentro da cabeça, solta no delírio dos pássaros que estrebucham na cidade à sua frente. Espera, talvez, que alguém o aborde somente para dizer há quanto tempo não nos vemos. E seguirão a pé o resto do caminho, lado a lado, como pássaros tacteando a realidade e os sentidos das palavras e das coisas.

In Movimentos Perpétuos - Textos para Carlos Paredes

Textos de Clara Pinto CorreiaEduardo LourençoEduardo Prado CoelhoFernando AlvesGonçalo M. TavaresJacinto Lucas PiresJorge Silva MeloJosé Carlos VasconcelosJosé Eduardo AgualusaJosé Jorge LetriaJosé Luís PeixotoJosé SaramagoLuís OsórioManuel Alegre, Manuela GonzagaMia CoutoPedro MexiaPedro TamenPossidónio CachapaRegina LouroRui ZinkSarah AdamopoulosSérgio GodinhoUrbano Tavares RodriguesVasco Graça MouraViriato Teles e Y.K. Centeno

Prefácio de Jorge Sampaio | Ed. Oficina do Livro, Lisboa, 2003

Áudio: leitura de Sandra Bernardo no programa Filhos da Madrugada
Emissora das Beiras, 16.Fev.2006

NISA: Conheça os poetas do concelho (XVII) - António Borrego

 


Até à chuva...

Andas triste?

Porque choras?

Não te deixes afundar

Solta essas lágrimas

Deixa as toxinas correr

Seca-as com um lenço

Também és daqui

Deste mundo

Onde pertenço.

Vem!

Dá-me a tua mão

Vem ouvir a canção

Que ensina a amar

A dançar

Basta sentires o ritmo

Isso!

Agora, mexe a cintura

Deixa o sorriso aparecer

Tem paciência

Assim...

É mesmo assim

Já apanhas-te a cadência

Mostra o teu talento

Não chores mais

Para dentro

Não te queiras afundar

Deixa a alma "boiar"

Ir ao sabor da corrente

É tão lindo o amor

O amor que a gente sente

Anda

Vem daí

Vem ver milhões de arco-íris

Lá...

Onde os colibris poisam

Na tua mão.

A.B.-2013.


15.2.25

TEXTOS DE AUTORES NISENSES (24) - Aníbal Goulão - O rio Tejo e o Desporto

O RIO TEJO E O DESPORTO
O desporto em Portugal tem evoluído consideravelmente em todas as modalidades. E a pesca á linha adquiriu inúmeros adeptos. Ainda não há muito tempo, este desporto era quase desconhecido em muitas cidades e vilas, onde hoje conta com grande quantidade de praticantes. Mas os nisenses foram sempre apaixonados pela pesca. As empresas hidro-eléctricas bastante contribuíram para o seu desenvolvimento. A modalidade estende-se a vários rios e afluentes. Desta prática alcança-se o conhecer do valor da fauna, do volume do caudal, da paisagem, do acesso. Geralmente, os desportistas manifestam preferência por um rio ou albufeira. Nós optamos pelo Tejo. Temos percorrido as suas margens, num exercício salutar que praticamos há muitos anos. Este rio, bastante rico, pela sua grandeza e extenso curso, pelas variadas espécies que o povoam, pela fertilidade das terras que banha, pelas actividades que absorve em explorações diversas, torna-se um factor de relevo na economia do país. As suas belezas e encantos têm inspirado os nossos poetas de todos os tempos. Oferece este rio as melhores condições de pesca ao pescador mais exigente. Conhecemos o Tejo desde o Sever até Belver, e neste espaço existem três pegos dignos de referência. O Pego do Bispo, próximo de Salavessa, tem três quilómetros de comprimento e profundidade de quatro a doze metros. Abundam ali o barbo e a carpa, mas o seu acesso é muito difícil. O Pego das Portas, de dimensões mais reduzidas, tem a profundidade de trinta metors e é povoado de grandes exemplares de barbos e carpas. O Pego da Barca, a três quilómetros de Amieira, tem aproximadamente dois quilómetros de comprimento e profundidades de quatro a vinte metros. É muito rico nas já referidas espécies. Pelo seu acesso fácil é muito preferido. A pesca já foi a maior riqueza deste rio. As espécies emigradas do mar como a enguia e a lampreia, o sável, o muge, povoavam o seu longo curso de novecentos quilómetros. Na pesca destas apreciadas espécies ocupavam a sua actividade centenas de pescadores profissionais, que abasteciam muitas povoações. O Tejo presenteia-nos ainda além do barbo e da carpa, com a boga e o Bordalo, em relativa abundância. A reprodução da fauna deste rio favorece todos os seus afluentes. Das espécies emigrantes, só a enguia por cá ficava, ocupando assim um lugar de mérito nos afluentes. Já temos visto por várias vezes a subida desta espécie. Efectua-se no mês de Maio, preferindo as margens e mostrando-se à superfície. Seguem assim a longa viagem, assinalando a passagem por duas faixas, numa extensão de centenas de quilómetros. Dura isto de oito a dez dias. Estes milhões de seres, com o comprimento de sete a dez quilómetros, infiltrou-se por todos os canais, mesmo nos de reduzido volume. Este peixe, que foi tão abundante como apreciado, regressava ao mar, depois de adulto, com o peso a variar de dois a quatro quilos, favorecendo resultados compensadores àqueles que à sua pesca se dedicavam. Hoje, estas espécies não fazem parte da fauna do rio, a partir da Barragem de Belver.
Centenas de pescadores profissionais, que empregavam toda a sua actividade nesta parte do rio, têm-se queixado amargamente. A vasta área abrangida pelo desaparecimento da enguia é deveras considerável e muito se faz sentir na alimentação dos povos ribeirinhos e outros. O maior rio do país encontra-se há muitos anos vedado totalmente à passagem do peixe e o mesmo se passa nos afluentes como a Ocreza, Ribeira de Nisa, Sever, Ponsul. Junto do enorme dique têm sucumbido milhões de enguias que o instinto natural conduziria ao repovoamento em todo o longo curso do Tejo. Só uma estatística nos poderia elucidar concretamente e surpreender com números, do valor do peixe colhido na vasta extensão. É oportuno esclarecer que a empresa construtora e proprietária da barragem não descurou este importante assunto (escada de peixe ou passagem de peixe) encarregando um engenheiro italiano, experiente em obras congéneres, de estudar e construir uma passagem de peixe, mas uma vez concluída, verificou-se que não é possível a subida. De lamentar que assim tivesse sucedido e que assim permaneça esta obra, e muitos esperam a rectificação, para que as águas do rio tornem a ser povoadas e enriquecidas com tão apreciadas espécies. 
* Aníbal Goulão – “Correio de Nisa” – 13/11/1965