Sois
como casulos de abelhas
Onde
zangãos vêm fazer seu ninho
Sugando
o suor de quem trabalha
Agravando
ainda mais o seu destino.
Monstruosas
fortunas de parasitas
Sangue
e suor do trabalhador
Como
legiões de escravos malditas
E
conforto de tanto explorador
Longe
daqui
Estão
os palácios opulentos
Da
vossa abelha mestra
Mas
no interior de barracas nojentas
Está
o triste drama
Duma
negra orquestra.
Nauseabunda
injustiça
Sem
perdão
Do
século vinte
A
luz ausente
Como
ainda feroz escuridão
Ao
serviço
De
quem amor não sente!
Enxame
de abelhas, fazendo mel
Fora
e dentro desta colmeia
Recebendo,
de recompensa, o fel
Triste
destino de quem tanto bem semeia…
Das
pátrias madrastas de todo o mundo
Aqui
vem trabalhar, barata mão
Dos
deserdados, de sofrer profundo
Cuja
família, lhes vem no coração.
O
teu pensamento
Voou
junto ao meu
Até
ao fim
Subindo
até ao firmamento
Para
só na morte
Findar
tão tristemente
A
nossa sorte…
Do
nosso enlace
Como
forte traço de união
Ficaram
quatro folas
Como
rosas em botão
Que
me revive, ao vê-las…
Quantas
vezes
E
até em tua última hora
Me
rogaste, carinhosamente
Que,
para tua memória
Amparasse
eternamente
As
quatros folhas
Da
nossa bela aurora.
Aqui
estou, pois
A
cumprir o teu desejo
Cumprindo
a vontade
De
nós os dois
E
depositando assim
Em
tua fronte
O
último beijo.
·
Manuel
dos Santos Tavares – 1.05.1966 Dijon (França)
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