O “Ocidente democrático, civilizado e livre” indignou-se muito, e bem, com a invasão russa à Ucrânia. E indignou-se de tal maneira que tratou de fornecer, de imediato, armas e mais armas àquele país para que pudesse expulsar o invasor. Tratou também de criar vários pacotes de sanções à Rússia no sentido de a penalizar. Nesta guerra não foi invocado o direito de defesa do povo ucraniano. Contudo, ignorando os antecedentes e os tratados firmados, o “Ocidente democrático, civilizado e livre” decidiu ajudar o país de Zelenski dando-lhe (?) muito, muito dinheiro e armas para defesa dos valores “democráticos” e da “liberdade” que são, e sempre foram, expoentes nesta Ucrânia.
O mesmo “Ocidente democrático, civilizado e livre” não teve a mesma ou outra indignação quando Israel invadiu ou ocupou a Palestina, nunca cumpriu qualquer resolução da ONU, criou os colonatos, expulsou e obriga habitantes a saírem das suas terras para que possa bombardear, isolou Gaza, mata à vontade e impõe regras a povos que não o seu, faltou ao respeito ao secretário-geral da ONU e se está nas tintas para os outros países.
As “democracias ocidentais e do mundo livre” nada dizem, nada fazem, antes pelo contrário, apoiam e fornecem mais e mais armas. Agora a nato/otan tão apressada a ajudar a invadida Ucrânia não vai ajudar a Palestina, não vai bombardear Israel, como fez noutros locais. E agora já não há invasão por um estado "democrático" a uma região? Onde está a condenação geral do invasor e ajuda ao invadido?Nesta guerra aceitou-se pacificamente que Israel tem o direito de se defender e de matar quem bem entender, mas não se apoia o direito de defesa da Palestina.
Se não se questiona o apoio a Israel porque tem o “direito de se defender” porque se há-de questionar algum apoio dado ao HAMAS, igualmente para se defender. Sim, foi horrível o que o Hamas fez aos israelitas que estavam num concerto, no passado 7 de Outubro. Sim é horrível o que Israel está a fazer aos palestinianos desde essa data.
Não são ambos terroristas? Sim, são ambos terroristas.
O recente veto dos Estados Unidos a uma resolução do Conselho de Segurança da ONU para um cessar fogo humanitário é muito revelador das intenções daquele país. Qual é a novidade ou surpresa do veto americano? Não estiveram sempre do lado e apoiaram bandidos? A comunidade internacional assiste impávida e serena à matança palestiniana. Grandes defensores dos direitos humanos.
Condenámos, bem e muito, o holocausto. Porque não fazemos o mesmo ao genocídio em Gaza?
* Romão Trindade/ Alter do Chão