Mais um ano que está a passar e fica a sensação de que os nossos desejos não se concretizaram. Aumentaram os custos em armamento, aumentaram os sem-abrigo, os refugiados, as rendas, as dívidas, os números de alunos sem professor e as pessoas à espera de tratamento, entre outras situações como as alterações climáticas e o marcar passo na neutralidade carbónica.
Pelo contrário o respeito diminui! Não é possível querermos ver os jovens a crescer numa sociedade de respeito, quando vemos um deputado a dizer a um primeiro-ministro que "nem a sua mãe acredita em si". A falta de educação, da ética e do discurso de ódio, estão a tornar o mundo num caldeirão de água a ferver inquinada que, se não for travada, a seu tempo comprometerá o futuro.
A guerra entre a Rússia e a Ucrânia, não passa de uma guerra de nacionalismos de governos conservadores de extrema-direita, que não respeitam os seus cidadãos. A solução tinha que ser política, mas os EUA precisam de ter a sua indústria do armamento, o seu maior negócio a funcionar. E a Europa lá vai a reboque, entre o Mar Negro e Mar Vermelho; este último onde um movimento apoiado pelo Irão e contra Israel, os Houthis espalham o terror contra navios comerciais, em especial se tiverem bandeira israelita.
Em Gaza, o governo de extrema-direita de Israel responde com terrorismo ainda maior que o ataque terrorista do Hamas. Se fossem terroristas contra os terroristas, tudo bem, mas a população de Gaza está a ser vítima de um brutal massacre, um genocídio, com o mundo a assistir sem exigir sanções a Israel como exigiu para a Rússia. Então, onde está o critério? O critério é o conjunto de forças em torno do grande negócio internacional e na estratégia política dos americanos.
E depois, querem calar Putin com que argumentos? Neste momento ele deve dizer: Só eu é que sou o invasor? E os outros? Israel semeou a revolta do Hamas e o ocidente não estará a arranjar lenha para se queimar? Estamos a falar de crimes de guerra, de violação do direito internacional e o pior é que o discurso de ódio da extrema-direita, não só apoia, como aplaude. Como é possível tanta falta de humanidade, tanta falta de ética e tanta falta de respeito. Esta falta de respeito é bem visível, desde o parlamento nacional a outros parlamentos. Das últimas notícias, temos um deputado da extrema-direita polaco que pegou num extintor para apagar as velas de um candelabro de sete braços, a “Menorá”, símbolo do judaísmo, um ritual que se repete há dezassete anos.
No xadrez nacional, onde muitos correm em direção ao seu umbigo e a ceia de natal, vai ter as tradicionais velas da hipocrisia acesas e o cenário político é deprimente. A aparição de Passos Coelho com uma azia de oito anos por não ter aparecido o diabo, não surpreendeu os mais atentos. Mas a hipótese de o PSD coligar com o Chega, foi a forma dele branquear o discurso de Montenegro que sem apresentar soluções usa um discurso insultuoso e boçal, na tentativa de imitar André Ventura. As poucas medidas que apresentou, ou não são exequíveis, ou já as chumbou ele próprio no Parlamento.
Durão Barroso ainda nos vem falar de uma “higiene política” … Um antigo primeiro-ministro que abandonou o país, que enganou o país para legitimar a invasão no Iraque e que esteve à frente da Comissão Europeia a apoiar políticas contra os países mais pobres. Já nem se fala de outro antigo primeiro-ministro completamente fora de validade, que escreveu recentemente um livro “A Arte de Governar”. Ao estilo “marcelista”, governou com pés de barro e se Costa não escolheu bem os amigos, que dizer de quem apostou em José Oliveira e Costa do BPN, Dias Loureiro, Duarte Lima; enfim, um livro repleto de contradições… Só nos falta ver os Salgados e companhia a virem apelar ao voto em Montenegro.
Este ano, ficou marcado pela Jornada Mundial da Juventude, um evento de sucesso no nosso país; o ano ficou também marcado pelo pedido de demissão do primeiro-ministro António Costa – quer se goste ou não, quer se concorde ou não, é talvez dos primeiros-ministros mais bem preparados que Portugal já teve. Mas se andou mal-acompanhado, também é verdade que a Procuradora Lucília Gago, com um simples parágrafo, puxou-lhe o tapete sem gaguejar.
* Paulo Cardoso - 22-12-2023 - Programa "Desabafos" / Rádio Portalegre