7.12.23

IN MEMORIAN: O Centenário de nascimento de Urbano Tavares Rodrigues

URBANO TAVARES RODRIGUES - Urbano Augusto Tavares Rodrigues, de seu nome completo. Escritor, Político e Professor. Escritor Português, natural da Freguesia de Santa Catarina, em Lisboa, nasceu a 06-12-1923, e faleceu a 09-08-2013. Era filho de Urbano Pires Lavado Côrte-Real Rodrigues, Escritor, natural de Moura e de Maria da Conceição Tavares. Nasceu em Lisboa mas passou a infância em Moura. Licenciou-se em Filologia Românica. Foi leitor de Português em várias Universidades francesas entre 1949 e 1955 e Assistente na Faculdade de Letras de Lisboa, entre 1957 e 1959. Afastado dessa instituição, a ela regressou após a revolução de 25 de Abril de 1974. Sendo um dos mais prolíferos e prestigiados escritores da segunda metade do século XX em Portugal, a obra de Urbano Tavares Rodrigues atinge, entre conto, romance, crónica e ensaio, uma dimensão vastíssima, de várias dezenas de títulos, a que foram atribuídos diversos prémios literários, encontrando-se traduzida em várias línguas. Como escritor, encontra-se próximo do existencialismo, a que alia uma visão crítica da sociedade burguesa, marcada pela sua experiência pessoal no contacto com as dificuldades da vida do campesinato alentejano. A ficção de Urbano Tavares Rodrigues, denotando influências do existencialismo francês da década de cinquenta, tem como características temáticas principais uma autoconsciencialização do indivíduo a vários níveis, desde o nível do corpo e da morte (a dimensão erótica está bastante presente na obra do autor) até à identidade social e política. Nos romances Deriva, A Hora da Incerteza e O Ouro e o Sonho, essa consciencialização é formulada em termos de interrogação angustiada sobre o ambiente finissecular que estamos atravessando.  No balanço conjunto da sua obra, no entanto, o ensaio e a crítica assumem igualmente uma relevância notável, não só pelas obras que fornecem um panorama da produção literária contemporânea, como pelas obras dedicadas à teorização das correntes ficcionais realistas e neo-realistas e, muito especialmente, ao estudo da vida e da obra de uma das mais marcantes personalidades literárias do início do século, Manuel Teixeira Gomes, que foi resgatado ao esquecimento a que o exílio e o desfavor político o tinham votado em grande parte devido à importante obra ensaística que Urbano Tavares Rodrigues lhe dedicou, em obras como Manuel Teixeira Gomes (1950), Teixeira Gomes e a Reacção Antinaturalista (1960) ou Manuel Teixeira Gomes: O Discurso do Desejo (tese de doutoramento, 1984).
Obras principais: Ficção: A Porta dos Limites, (1952); Vida Perigosa, (1955); A Noite Roxa, (1956); Uma Pedrada no Charco, (1958, Prémio Ricardo Malheiros); Bastardos do Sol, (1959); As Aves da Madrugada, (1959); Nus e Suplicantes, (1960); Os Insubmissos, (1961); Exílio Perturbado, 81962); As Máscaras Finais, (1963); Terra Ocupada, (1964); Dias Lamacentos, (1965); Imitação da Felicidade, (1966); Despedidas de Verão, (1967); Casa de Correcção, (1968); Horas Perdidas, (1969); Contos da Solidão, (1970); As Torres Milenárias, 81971); Estrada de Morrer, (1972); Dissolução, (1974); Viamorolência, (1976, Prémio da Crítica); As Pombas São Vermelhas, (1977); Desta Água Beberei, (1979); Fuga imóvel, (1982, Prémio Aquilino Ribeiro); Oceano Oblíquo, (1985); Vaga de Calor, (1986); Filipa Nesse Dia, (1989); Violeta e a Noite, (1991, Prémio Fernando Namora); Deriva, (1993); A Hora da Incerteza, (1995); O Ouro e o Sonho, (1997); Margem de Ausência, (1998); O Adeus à Brisa, (1998); O Dia Último e o Primeiro, (1999). Viagens, crónica: Jornadas no Oriente, (1956); Jornadas na Europa, (1958); De Florença a Nova Iorque, (1963); Roteiro de Emergência, (1966); Tempos de Cinzas, (1968); A Palma da Mão, (1970); Deserto com Vozes, (1971); Esta Estranha Lisboa, (1972); Redescoberta da França, (1973); Viagem à União Soviética e Outras Páginas, (1973); Perdas e Danos, (1974); As Grades e o Rio, (1974); Palavras de Combate, (1975); Diário da Ausência, (1975); A Luz da Cal, (com António Homem Cardoso, 1996). Ensaio e crítica: Manuel Teixeira Gomes, (1950); Présentation de Castro Alves, (1954); O Tema da Morte na Moderna Poesia Portuguesa, (1958); O Alentejo, (1958); Teixeira Gomes e a Reacção Antinaturalista, (1960); O Mito de Don Juan, (1960); Noites de Teatro, (1961); O Algarve na Obra de Teixeira Gomes, (1962); O Romance Francês Contemporâneo, (1964); Realismo, Arte de Vanguarda e Nova Cultura, (1966); A Estremadura, (1968); A Saudade na Poesia Portuguesa, (1968); Escritos Temporais, (1969); Ensaios de Escreviver, (1971); Ensaios de Após Abril, (1977); O Gosto de Ler, (1980); Um Novo Olhar sobre o Neo-Realismo, (1981); Manuel Texeira Gomes: O Discurso do Desejo, (1984); A Horas e Desoras, (1993, Prémio de Ensaio Jacinto do Prado Coelho); Tradição e Ruptura, (1994); O Homem sem Imagem, (1994).
O seu nome faz parte da Toponímia de: Vila Franca de Xira (Freguesia da Póvoa de Santa Iria – Rua Urbano Tavares Rodrigues).
* Texto extraído de Ruas com História