Se a liberdade de expressão é um direito? É. Mas, para a PSP "não é um direito absoluto". Sempre ouvimos dizer que as brincadeiras têm limites. Mas qual é e quem o define?
Um polícia a disparar contra alvos enquanto a cor dos mesmos muda de clara para escuro. Não passa de um cartoon, mas depois de Sindicato dos Chefes da PSP ter avançado com uma queixa-crime, agora foi a vez da própria Direção Nacional da PSP remeter um auto ao Ministério Público.
Isto porque, para a Direção Nacional, o "vídeo [emitido na RTP] formula e representa juízos ofensivos da honra e consideração de todos os profissipnais da PSP" e, "sem qualquer fundamento, propala factos inverídicos, capazes de ofender a credibilidade, o prestígio e a confiança devida à PSP".
Mas, se viajássemos no tempo, sonharíamos que, em 2023, um cartoon ainda provocaria tamanha polémica? Neste caso, diz a PSP, os polícias são apresentados "como xenófobos e racistas". Afirma que "a liberdade de expressão é um direito constitucional", não "um direito absoluto". Mas quem define onde acaba a liberdade de um e começa a do outro? Transformámo-nos numa sociedade de tal forma cinzenta que perdemos a capacidade de aceitar críticas? Ou estamos (só) a recuar no tempo?
Memorial está "em estudo"
Entretanto, e para espanto de toda a gente (não ousasse alguém colocar em causa a boa-fé da Igreja), o memorial de homenagem às vítimas de abuso sexual na Igreja Católica em Portugal não vai ser apresentado na Jornada Mundial da Juventude (JMJ). Parece que "ainda está em estudo".
A criação deste memorial foi anunciada a 3 de março, tendo José Ornelas, presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), assegurado que o tema dos abusos iria ser realçado durante a JMJ, com um memorial no espaço da reconciliação: o Parque do Perdão. Mas fonte da CEP, questionada pela Lusa, informou que, afinal, "ainda está em estudo". Por isso, não será apresentado durante a JMJ. Parece que a Igreja só pedirá perdão mais tarde.
"Reality shoy" no inquérito à TAP
E já que estamos numa onda de críticas, o ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, não volta atrás e recusa "suspender o espírito crítico" sobre o funcionamento da Assembleia da República.
Depois da entrevista ao JN e à TSF, o presidente da comissão de inquérito à TAP, António Lacerda Sales, considerou as declarações do ministro uma "falta de respeito". Já Pedro Adão e Silva diz acreditar que a sua opinião sobre os trabalhos comissão de inquérito à TAP "é partilhada por muitos portugueses", considerando que "houve alguns momentos que não edificam a democracia".
Mais uma polémica para a coleção do Governo de António Costa. Será que alguém consegue adivinhar a próxima?
Boa semana
* Adriana Castro - Jornal de Notícias - 10.7.2023