12.5.23

SOCIEDADE: Catarina denuncia ameaça de despejo em bairro de Lisboa

 
Num encontro com os moradores que viveram toda a vida no Casal do Gil e estão sob ameaça de despejo, a coordenadora do Bloco criticou a política camarária que quer “expulsar as pessoas com menores rendimentos para fora da cidade”.
Catarina Martins esteve esta segunda-feira com os moradores do Casal do Gil, na freguesia lisboeta da Ajuda, que toda a vida viveram naquele bairro, construíram melhoramentos nas casas à sua custa e estão há cinco anos sob ameaça de despejo. “Estas pessoas estão no pior de todos os mundos: fizeram obras nas suas casas e o senhorio nunca fez obras nenhumas, pagaram sempre as suas rendas. E agora porque há um negócio imobiliário que parece apetecível, vão ser despejadas”, denunciou Catarina, criticando a inação da Câmara para resolver o problema destes moradores.
São pessoas que trabalham, “mas com os seus salários é impossível arranjar uma casa na Área Metropolitana de Lisboa”. Por outro lado, “aparentemente ganham demais para os programas sociais, e ficam sem nenhuma resposta. É absurdo”, prosseguiu Catarina, acrescentando que “há pessoas que vão ser despejadas até ao fim do mês que não têm para onde ir”.
A Câmara nunca usou os mecanismos legais ao seu dispor para obrigar a obras coercivas nas casas, não negociou com o senhorio a compra das casas e não arranja uma resposta social para estes moradores. Na quarta-feira há reunião de Câmara e “queremos que seja cumprido o que foi aprovado em tempos por unanimidade, que é proteger estas pessoas”, afirmou Catarina.
“Vemos todos os dias que a economia está a crescer e que Lisboa é um dos melhores destinos do mundo. Como é que é possível deixarmos estas famílias que ganham pouco mais que o salário mínimo, cumprem as suas obrigações, fazem as obras das suas casas, ficarem numa situação de sem-abrigo sem mais nem menos?”, questionou, acusando o executivo municipal de ter “uma política de expulsar as pessoas com menores rendimentos para fora da cidade”.
Sobre as medidas do Pacote Mais Habitação que vão a debate na próxima semana no Parlamento, a coordenadora bloquista diz que frustrou as expetativas iniciais, pois em ”todas as medidas concretas para baixar o preço da habitação, o Governo desistiu delas e diz que as autarquias farão se quiserem. Mas já se viu que autarquias como a de Lisboa e do Porto querem é expulsar as pessoas mais pobres da cidade e abrir todas as portas aos negócios imobiliários que alimentam os cofres das autarquias”.
"Governo nem resolve os seus problemas internos, nem é capaz de responder à vida das pessoas"
Questionada pelos jornalistas sobre as dificuldades do Governo que ficaram expostas na crise da semana passada, Catarina respondeu que “o Governo neste momento não faz absolutamente nada: nem resolve os seus problemas internos e institucionais, nem é capaz de responder à vida das pessoas, e eu acho que esse é o maior problema do país”, dando os exemplos da falta de professores, os atrasos na justiça, a saúde e habitação “estão cada vez piores”.
A coordenadora bloquista insistiu ainda na responsabilidade que cabe também ao Presidente da República, que “está numa situação complicada desde que decidiu dar a mão a António Costa”, num “número criado para haver eleições antecipadas e dar uma maioria absoluta ao PS”.
“Eu acho que há muita gente no país arrependida desta maioria absoluta. Seguramente o Presidente da República é um deles”, concluiu.
in www.esquerda.net
Foto:  António Pedro Santos/Lusa