Mais um ano dado por passado, mais uma consoada se aproxima:
luzes, prendas, é este o espírito natalício.
Para nós é um Natal sem neve, mas nem por isso deixa de ser
Natal, o que para alguns, com neve ou sem neve, esta época é sempre como outra
triste qualquer. Que diferença lhes faz comer bacalhau com a respectiva couve e
batatas? Pois talvez já não conheçam o seu sabor!
Perante o frio cortante, debaixo de mantas ou dentro de
caixas de papelão, vêem os pinheiros brilhantes nas moradias; ouvem as
badaladas da meia-noite, e esta gente, simplesmente permanece na consoada de
todas as noites.
É nestas alturas, principalmente, que nos devemos imaginar
nessas condições, só assim a nossa opinião sobre esta quadra começa a mudar.
Natal é Verdade!
Natal é Justiça!
Natal é Amor!
Natal é Liberdade!
Diz a velha canção que a cada ano que passa entra pelos
nossos ouvidos, mas, em plenas ruas, em plenas esquinas, o Natal de muita gente
resume-se simplesmente em “nada”.
Pessoas que talvez, já nem se lembrem de como é abrir um
presente, de como é estar em família e dizer: Feliz Natal.
De facto ninguém é igual, nem todos nasceram com um lugar no
mundo. Claro que nem sempre podemos ajudar o próximo, mas pensar nas diferentes
formas de viver o Natal faz parte da palavra Solidariedade, a primeira regra do Ser Humano.
Patrícia Porto – Notícias de Nisa” – 24 Dez. 1997