17.12.18

NISA: Poetas do Concelho - Ti Zé do Santo

JÁ ERA TEMPO DO HOME(M)
Já era tempo do home(m)
Já era tempo também,
De dar pão a quem tem fome,
Trabalho a quem não o tem.
I
Se a vida é um paraíso
Para os que vivemos na terra,
Fabricar armas de guerra,
A meu ver, não é preciso.
Tomem conta neste aviso,
A minha ideia não dorme,
Esta mágoa me consome.
Querer todo o mundo em sossego
Para acabar com o desemprego
Já era tempo do home(m)
II
Construir centrais eléctricas,
Fazer muita viatura,
Socorrer a agricultura
Em vez de minas magnéticas.
Da Ásia às duas Américas
Em armas não ter ninguém.
Explorar o que a terra tem
Para a vida mecanizar,
Dessalgar águas do mar,
Já era tempo também.
III
Há tanto que vem debatido
O mercado comum europeu,
Ainda alguns estão com receio
Que ele não seja resolvido.
Tragam trigo donde há trigo,
Onde o povo o não consome;
Levem-lhe cortiça, ou conforme
O que necessita a vida interna.
É dever de quem governa
Dar pão a quem tem fome.
IV
Sou cavador é verdade,
Mas rogo a vossas excelências,
Para que empreguem as ciências
A bem da humanidade.
Ponham as armas de lado,
Não queiram matar ninguém;
Cada um que filhos tem,
Não os quer ver na batalha.
Valorizem quem trabalha,
Trabalho a quem o não tem.
Ti Zé do Santo (José António Vitorino)