Diz o povo na sua ancestral sabedoria: "tanto anda até que chega!". Chegou. No dia 1 de Abril, o Dia das Mentiras e do festival pimbólico com o nome de "Somos Portugal" ( e eu a julgar que era catalão!!!) Alpalhão e Tolosa são, finalmente, "portugueses" e "nisenses" (do concelho de Nisa). Até aqui, em dias de feiras, não tinham direito ao transporte municipal que generosa e eleitoralmente era oferecido aos habitantes das restantes freguesias do Município. "Oferecido" é uma maneira de dizer. Ninguém oferece nada a ninguém, nem mesmo aqueles que dizem "trabalhar para as (algumas) pessoas". O que os munícipes recebem da autarquia (uns mais do que outros e até nisto há discriminação) não é mais do que uma pequena parcela das contribuições e impostos que pagam durante o ano, durante uma vida. Mas, voltemos com a faca ao queijo: foi preciso um festival pimba, do mais reles que há a nível televisivo - mas que dá um jeito brutal para a propaganda - para que o autocarro municipal, que é de todos, fosse (seja) posto à disposição de alpalhoenses e tolosenses.
O PPEC (Processo Propagandístico Em Curso) pago com o dinheiro dos contribuintes, serve para os detentores do poder, mostrarem, de quando em vez, as mãos largas. O povo, sereno e ordeiro, só tem que agradecer as graças recebidas e não esquecer, na hora do voto, a "carantonha" de quem, tão generosamente, lhes dá a festa e os bolos. Bolos que, bem dizia o Baptista Bastos, "isto anda tudo ligado", não apareceram no famoso dia 28 de Março (ontem) data há mais de um mês anunciada para a inauguração da Casa do Forno. Por que falhou a inauguração ninguém sabe.
A Câmara tão prolixa a ocupar as páginas de facebook na propaganda com o que fez, pensa fazer e não fez, não tem meia dúzia de linhas para explicar o adiamento da abertura de tão importante obra.
Há quem diga que não havia chamiços para pôr o forno a arder. Outros, dizem que adiaram a inauguração para poder vir cá o Ministro do Ambiente para indagar se os cheiros das lamas que quer depositar no Conhal (uma importante missão de interesse nacional) chegam a Nisa.
O problema há-de ser, certamente, outro. Com a revolução em curso no centro histórico e as obras a granel, anunciadas há mais de um ano (e que ainda não tiveram início) terá havido alguma anomalia "técnica" que não foi resolvida a horas. São coisas que acontecem e muitas delas nem chegam à praça pública (ai se chegassem, havia "cobras e lagartos"...), mas já em 2015, a Câmara anunciou um programa de homenagem ao poeta popular Ti Zé do Santo. Não houve sessão, não houve explicação e a evocação do Ti Zé do Santo foi remetida para as calendas. Diga-se, a propósito, que o Ti Zé do Santo, falecido em 2005, era um homem "esquisito". Tinha ideias, ideias forjadas numa vida dura, de onde lhe vinham, em barda, quadras e décimas sobre a vida, o mundo, a crítica social. Era um tipo assim para o "vermelhusco". E este "carimbo" na actual "conjuntura política" local é um problema dos diabos. Incompreensível, penso eu, quando se tem, a nível nacional, um governo sustentado pelos partidos da Esquerda.
Estamos na Semana Santa, acho que já me alarguei um pouco, porque falava dos alpalhoeiros e dos tolosanos, do transporte que lhes é "oferecido" para o festival pimba. Eu não sou muito religioso, mas quase que me atrevo a acreditar que "deve ter caído um santo do altar".
Saúde e Fraternidade.
Mário Mendes