17.8.17

COISAS DA VIDA (XXVII): Ser perfeito

Nós absorvemos a publicidade de forma inconsciente, o marketing “programa-nos“ a consumir.
Já vamos a banhos, e de uma forma geral, todos (leia-se aqui todas) queremos apresentar nesta altura uma silhueta mais elegante. A parafernália de produtos para emagrecer aumenta de ano para ano.
Escutava na rádio, um anúncio que estava sempre a passar, e que falava de uns comprimidos para emagrecer que funcionavam enquanto a mulher dormia, “deixa-me emagrecer mais um pouco”, dizia a mulher ensonada para o marido, fabuloso! Extraordinário! Coma o que quiser durante o dia, porque à noite enquanto dorme, com ajuda destas pílulas fantásticas vai perder aqueles quilinhos a mais. Ora francamente, ainda acreditamos em milagres? Mas, anúncio após anúncio, o poder persuasivo do marketing começa a entrar em acção, e pensamos, se calhar até é capaz de ser uma boa ideia, não custa nada experimentar, eles até dizem que são 100% naturais. E voilá, quando damos por nós, já estamos à porta de uma ervanária ou farmácia mais próxima, para comprar este produto
Claramente o público-alvo destas campanhas são as mulheres, e eu, enquanto ser feminino, não estou imune a esta questão. Porém, tem que prevalecer o bem senso, e aceitar que a cada idade o seu corpo, e a cada corpo a sua herança genética. Não vamos cá em cantigas!
Fórmulas milagrosas não existem, e por favor, o que é que quer dizer “emagrecimento psico-emocional”? Sou da opinião que deveria haver um certo controlo sobre este tipo de publicidade, ouvir sistematicamente falar sobre a cultura do corpo perfeito, acabará por gerar em nós, sentimentos negativos sobre a nossa imagem, se acharmos que não atingimos os requisitos publicitados. Mais uma vez, é importante conhecermo-nos a nós próprios e não negar a nossa própria natureza, para assim aceitarmo-nos como realmente somos, minimizando as pressões externas.
Sofia Tello Gonçalves in "Jornal de Nisa"