Nós absorvemos a publicidade de forma inconsciente, o
marketing “programa-nos“ a consumir.
Já vamos a banhos, e de uma forma geral, todos (leia-se aqui
todas) queremos apresentar nesta altura uma silhueta mais elegante. A
parafernália de produtos para emagrecer aumenta de ano para ano.
Escutava na rádio, um anúncio que estava sempre a passar, e
que falava de uns comprimidos para emagrecer que funcionavam enquanto a mulher
dormia, “deixa-me emagrecer mais um pouco”, dizia a mulher ensonada para o
marido, fabuloso! Extraordinário! Coma o que quiser durante o dia, porque à
noite enquanto dorme, com ajuda destas pílulas fantásticas vai perder aqueles
quilinhos a mais. Ora francamente, ainda acreditamos em milagres? Mas, anúncio
após anúncio, o poder persuasivo do marketing começa a entrar em acção, e
pensamos, se calhar até é capaz de ser uma boa ideia, não custa nada
experimentar, eles até dizem que são 100% naturais. E voilá, quando damos por
nós, já estamos à porta de uma ervanária ou farmácia mais próxima, para comprar
este produto.
Claramente o público-alvo destas campanhas são as mulheres, e eu,
enquanto ser feminino, não estou imune a esta questão. Porém, tem que
prevalecer o bem senso, e aceitar que a cada idade o seu corpo, e a cada corpo
a sua herança genética. Não vamos cá em cantigas!
Fórmulas milagrosas não existem, e por favor, o que é que
quer dizer “emagrecimento psico-emocional”? Sou da opinião que deveria haver um
certo controlo sobre este tipo de publicidade, ouvir sistematicamente falar
sobre a cultura do corpo perfeito, acabará por gerar em nós, sentimentos
negativos sobre a nossa imagem, se acharmos que não atingimos os requisitos publicitados.
Mais uma vez, é importante conhecermo-nos a nós próprios e não negar a nossa
própria natureza, para assim aceitarmo-nos como realmente somos, minimizando as
pressões externas.
Sofia Tello Gonçalves in "Jornal de Nisa"