10.12.16

DIREITOS HUMANOS: Não deixaremos cortar as asas ao rouxinol...


Imagine...
...Que, na sua terra, numa cadeia fora do uso comum e num país que vive em democracia há mais de 40 anos, está alguém, uma pessoa, um ser humano, encerrada num gabinete, isolada do mundo exterior, despojada da sua dignidade profissional e social, e prisioneira de consciência, só porque ousa pensar de maneira diferente daquela que o novo mapa cor de rosa lhe quer impor?
... Imagine, que, essa pessoa, mulher ou homem, com qualificações, experiência, competências e conhecimento do seu universo laboral, devidamente comprovadas ao longo de anos do exercício da profissão e auferindo um vencimento que todos nós, contribuintes, pagamos, se vê destituída de todas as suas competências fundamentais e remetida para um papel de quase inacção que, na gíria administrativa do Estado Novo, era catalogado como “prateleira”. Posto ou posta na “prateleira”, como os pratos e utensílios já sem uso e votados ao abandono...
...Imagine, imaginemos todos, que vivemos em Democracia. Em Liberdade. Num regime político e num Estado de Direito, em que os seus lídimos representantes, tanto a nível central, regional ou local, se regem por normas de conduta assentes na ética, moral e bom senso. Com a preocupação de gerirem bem os recursos, tanto financeiros como humanos, partilhando uma ideia e esforço colectivo no sentido da boa prestação de contas e da transparência na gestão da coisa pública...
...Imagine, imaginemos, agora, neste preciso momento, uma pessoa, um profissional competente – usando de todas as faculdades (direitos, deveres, liberdades e garantias) que a Constituição lhe confere enquanto cidadão, ser “riscada”, “apagada” e remetida para o “sótão das inutilidades”, enquanto o mesmo poder político ou instituição que a emprega, “escolhe” para o seu lugar e num processo, escuro, azul ou cor de rosa, de favoritismo político, uma outra pessoa, sem qualquer experiência, conhecimento e competência para a função, “escolha” essa baseada, única e exclusivamente, no fervor partidário militante e na subserviência política...
... Imagine, imaginemos, com força e determinação, como se fosse verdade, que, a nível da política, nacional ou local, o termo Jobs of the Boys é inadequado, injusto e tem uma forte carga pejorativa, tanto para a classe política (onde esses Jobs ou jotinhas acabam por ingressar) como para os próprios partidos que os promovem...
... Imagine, que, na vila ou aldeia onde vive, bem longe de Cuba (a das Américas, não a do Alentejo) os eleitos da Junta, livremente escolhidos pelo povo, são discriminados, votados ao ostracismo e indiferença, desqualificados e reduzidos à sua mera condição de actores secundários, sem meios e ajuda financeira para realizarem obras essenciais para as populações que juraram servir, e sem personalidade própria enquanto sujeitos que se querem activos, tal qual os definiu o Poder Local Democrático instituído pelo 25 de Abril...
... Imagine, que, bem perto de si, quase ao seu lado, na instituição política local que ajudou, com o seu voto, a eleger e a ter vitalidade democrática, um poder pessoal, prepotente e discriminatório, pressiona trabalhadores em função das suas orientações político-sindicais...
...Imagine, com alegria e satisfação, que tudo o que acima ficou descrito não existiu, não existe e não existirá. Que, este texto apenas foi feito para lembrar que os Direitos Humanos e o Dia Internacional dos Direitos da Pessoa Humana, principalmente os Direitos Laborais, são, cabalmente, cumpridos e respeitados em todo o território nacional. Em todos os municípios e freguesias, sem excepção...
... Imagine, por último, e com a força da certeza (e da esperança?), que “o sonho comanda a vida” e no próximo ano, se cá estivermos, todo este cenário, estas situações serão, não tenhamos dúvidas, imensamente melhores...
Mário Mendes