Quercus
considera que atual Reforma das Florestas não conseguirá travar este problema
Recentemente o senhor Ministro da Agricultura,
Desenvolvimento Rural e Florestas, Luís Capoulas dos Santos, referiu que
Portugal foi o único país da União Europeia que perdeu área florestal nos
últimos 15 anos, situação lamentável que devia ser invertida.
Segundo
os dados do Ministério, Portugal perdeu cerca de 150 000 hectares
nos últimos 15 anos, contudo, existem outras organizações internacionais que
referem um valor mais elevado.
Para além dos dados da FAO e do Eurostat,
relativos a 2015, que indicam a acentuada desflorestação, também a Global
Forest Watch (GFW), um sistema interactivo de monitorização da floresta, revela
dados preocupantes. Do mesmo modo, a associação portuguesa Acréscimo –
Associação de Promoção ao Investimento Florestal tem lançado alertas sobre este
assunto.
Portugal é o quarto País do Mundo com maior
desflorestação
Os dados da Global Forest Watch, para
Portugal, colocam o nosso País no quarto lugar entre os países com a maior taxa
desflorestação. Entre 2001 e 2014, Portugal perdeu 566.671 hectares
de floresta e, entre 2001 e 2012, ganhou 286.549 hectares ,
o que revela menos 280.122
hectares de área florestal.
No topo
dos países com maior perda percentual de coberto arbóreo (a) está a Mauritânia
(99,8%), seguida do Burkina Faso (99,3%), da Namíbia (31,0%) e de Portugal
(24,6%).
A
situação é mais preocupante para o nosso país pois apenas três países
apresentam pior desempenho do que Portugal, e todos eles têm vastas regiões
desérticas e ou estão na orla de desertos.
Esta
alteração do uso do solo florestal está associada principalmente a conversões
para zonas urbanas, turísticas e industriais, novas infraestruturas como
auto-estradas e barragens e, como é óbvio, os incêndios florestais recorrentes
que têm consumido várias centenas de milhares de hectares de floresta em cada
década recente.
Para
apurar os valores da diminuição da área florestal era essencial existir uma
revisão actualizada do Inventário Florestal Nacional, recorrendo a novas
tecnologias, situação que tarda em avançar.
A Quercus considera que o Governo, na Reforma
das Florestas, que está actualmente em consulta pública não avançou com medidas
para contrariar este grave problema da diminuição da área florestal.
Florestas Primárias em risco de desaparecer em
Portugal
As Florestas Primárias (b) são muito residuais
em Portugal e ocupam apenas cerca de 1% da nossa área florestal.
Em
particular risco estão os últimos carvalhais primários de folha caduca que
todos os anos vêem diminuída a sua área com abate de carvalhos centenários para
lenha e cultivo de cogumelos, ou são vítimas da expansão de outras culturas.
Estas florestas primárias são o principal
depósito da biodiversidade e de património genético de grande parte da flora e
fauna autóctone do nosso país.
Por esse motivo, a Quercus pediu já ao Governo
que crie legislação para a proteção dos carvalhais em Portugal.
(a) – São consideradas apenas as áreas
florestais com mais de 30% de cobertura arbórea.
(b) –
São florestas primárias aquelas que se encontram no seu estado natural e cuja
existência não depende da atividade humana.
Lisboa,
26 de Dezembro de 2016
A
Direção Nacional da Quercus - Associação Nacional de Conservação da Natureza
Para
mais informações contatar:
João
Branco – Presidente da Direção Nacional da Quercus: 937 788 472
Domingos
Patacho – Coordenador do GT das Florestas da Quercus: 937 515 218