PR 2 - Descobrir o Tejo | Percurso Pedestre de Nisa
Duração Total :1h30
Descrição »» Acesso: NISA > EM 544 > CM 1159 > CM 1001 > CHÃO
DA VELHA
Grau de dificuldade: FÁCIL
Extensão: 4,25
KM
O percurso inicia-se junto à antiga escola primária de Chão
da Velha, aldeia situada no extremo noroeste do concelho de Nisa, onde pode
observar as casas envelhecidas, com as características chaminés alentejanas.
Outrora, a agricultura e o pastoreio de vacas e cabras eram as principais
fontes de subsistência desta povoação, praticamente desertificada. Hoje, a
agricultura, a olivicultura, a exploração de cortiça e a rentabilização dos
eucaliptais são as principais actividades económicas da zona. Assim que
calcorreamos os primeiros metros, verificamos que em redor subsistem algumas
hortas e vinhas, provando que ainda há quem não tenha abandonado
definitivamente estes campos.
Chão da Velha
Percorrendo as matas, povoadas de eucaliptos, desça por um
trilho de pé posto, serpenteando um caminho estreito ao longo da encosta, num
percurso em terra batida, perdido nas barreiras do Tejo e que nos conduzirá até
à sua margem sul. Aprecie a vista privilegiada sobre o rio, avolumado pela
albufeira da barragem do Fratel, e em particular a panorâmica sobre a margem
norte, pertencente ao concelho de Mação, com a linha da Beira Baixa a recortar
por completo o horizonte. Chegados ao local, onde existe um pequeno cais de
acostagem e um parque de merendas, obtém-se uma boa perspectiva daquela bacia
hidrográfica, área privilegiada para a observação da avifauna local, em
particular de aves como a garça-real, a cegonha-negra, o milhafre-real, a
águia-pesqueira, o abutre-negro, o bufo-real, o corvo-marinho e o grifo. Este é
também o território natural do javali, do veado, do coelho, da raposa, do
ginete, da lebre, do saca-rabos e do gato-bravo, bem como um dos melhores
locais para a prática da pesca desportiva. No Tejo podem pescar-se o barbo, a
boga, a carpa, o achigã, a enguia, o bordalo e a perca.
Rio Tejo.
Inicie então a subida, num percurso em terra batida,
passando por entre vários eucaliptais. Atravesse uma vereda até chegar ao ponto
mais elevado do trilho, numa eira, acompanhando uma parede de xisto com a particularidade
de apresentar um remate deitado. Antes de chegar ao Chão da Velha, passe por
uma fonte, por algumas construções em xisto e junto às barrocas, onde outrora
abundavam os olivais. Em toda esta região, a paisagem reveste-se de sobreiros,
azinheiras, oliveiras, pinheiros bravos e eucaliptos. Junto ao solo são comuns
as estevas, as giestas, o rosmaninho, o zimbro, os medronheiros, a urze e o
alecrim. Por sua vez, nas margens do Tejo abundam o junco, o salgueiro, o
choupo e o freixo.
Aproveite ainda para visitar a igreja matriz de São Matias,
no Cacheiro, que conserva uma imagem de pedra do século XVI, representando S.
Pedro. Nesta povoação, conheça também as fontes de mergulho e os fornos do
povo, e não se esqueça de provar o queijo, as cavacas, as tigeladas, os
enchidos e o ensopado de borrego.
Hortas tradicionais
Grande parte do concelho de Nisa tem uma utilização
agrícola, dominando as árvores de fruto, os olivais e as tradicionais hortas e
vinhas. A maioria das casas das aldeias têm um quintal onde se cultivam legumes
e vegetais, sendo a agricultura de subsistência utilizada também pelos
reformados como terapia ocupacional.
Eira em Chão da Velha
Nas eiras, espaços amplos em terra batida, laje ou cimento,
situadas em zonas soalheiras junto às casas, secavam-se e malhavam-se cereais
como o trigo, o centeio ou o milho. Entre Julho e Setembro, na época das
colheitas, malhavam-se as espigas, fazendo o grão soltar-se dos carolos,
sacudindo-as depois ao vento para libertar a moínha com que se enchia as almofadas.
Terminado o processo, o grão era guardado e mais tarde moído, servindo a palha
de alimento a animais.
Produção de azeite
Noutros tempos, para além das imediações de Nisa, a maioria
da produção de azeite do concelho provinha das proximidades do Tejo, em
particular dos arredores das povoações de S. Simão e de S. Matias. Devido ao
seu microclima e ao tipo de azeitona aí existente, o azeite do Norte Alentejano
apresenta um sabor frutado e suave. Para além dos cozinhados, é também
utilizado na conservação de enchidos e queijos.
Aspectos de interesse: XISTO E SOCALCOS DE OLIVAL
Há 670 milhões de anos, a região era ocupada por um mar
interior de águas pouco profundas, onde se foram depositando sucessivas camadas
de argila, que mais tarde emergiriam, formando colinas xistosas de declives
acentuados. Esta pedra, abundante e fácil de trabalhar, tem sido utilizada na
construção de muros, abrigos e casas, bem como de moinhos e azenhas,
alimentados por rios e ribeiras, e que podem ser apreciados em todo o concelho
de Nisa. Neste troço montanhoso do Tejo, num vale encaixado que marca a
transição entre o sul do país, quente e seco, e o norte, temperado e húmido,
destacam-se os abundantes socalcos de olival.
Fauna e flora em destaque
OLIVEIRA: A madeira desta árvore, dispersa no Mediterrâneo
por gregos e romanos, é dura e compacta, sendo óptima para a marcenaria e
aquecimento. As folhas são usadas em chás e o azeite, extraído do seu fruto, a
azeitona, é utilizado na culinária e em cosméticos e relaxantes.
LONTRA: De pêlo espesso, corpo e cauda alongados e membros
curtos, alimenta-se de peixes, crustáceos, anfíbios e répteis. Animal de
hábitos nocturnos, ágil na água, vive na margem de rios e lagoas, construindo
abrigos na vegetação.
A ter em conta: Não deixe de estabelecer contacto com os
poucos habitantes de Chão da Velha, gente simpática e hospitaleira, que devido
ao isolamento geográfico se mostra especialmente calorosa para com os
visitantes.
Contactos úteis: Junta de Freguesia de São Matias - Tel: 245
469 226 -
www.e-cultura.pt/itinerários