A escuridão do meu lar
Dentro de quatro paredes
Vivo tristezas e amarguras
Mataram a minha companheira
Tenho o meu lar às escuras
I
Não foi por qualquer motivo
Que ela me abandonou
E nunca mais voltou
E não volta enquanto for vivo
Mas ela tinha um arquivo
Onde arquivava, às vezes
Demore semanas ou meses
Eu tenho de descobrir
Para de mim não se ficarem a rir
Dentro de quatro paredes.
II
A viver com agonias
Com um sofrimento medonho
Para mim parece um sonho
Penso nela todos os dias
Não acredito em magias
Isto, são mortes prematuras
Com umas dores tão duras
Penso que também vou morrer
Acreditem estou a sofrer
Vivo tristezas e amarguras
III
Quase cinquenta anos, a viver
Os dois de lado a lado
Um desfecho inesperado
Que não mais vou esquecer
Deixou muitos a sofrer
Mas não foi ela a primeira
Mesmo que queira ou não queira
Fico com esta paixão
Fosse de propósito ou não
Mataram a minha companheira
IV
À noite quando entro em casa
Apetece-me gritar em voz alta
Alguma coisa aqui faz falta
E a solidão me arrasa
Com a minha alma em brasa
E bem livre de censuras
Meu pensamento com roturas
Que ferem meu coração
Mesmo que dê ao botão
Tenho o meu lar às escuras
Coração solitário