A Biblioteca
Municipal de Nisa retomou a sua vocação inicial: estar ao serviço da leitura
pública e dos leitores. Retomou o horário que nunca deveria – por mais negras e
severas que fossem as “condições” – suprimido. Abre, agora e novamente aos
sábados, para alegria e satisfação dos seus leitores (digo leitores e não
utilizadores, para não haver confusão com utentes e a tentação de “inventarem”
taxas moderadoras). Foi dado um passo importante que “razões” financeiras não
justificavam.
Congratulemo-nos pelo horário da Biblioteca e uma vez mais lembramos: A Câmara de Nisa, quando quer, também sabe fazer bem.
Pena que utilize este saber tão poucas vezes...
Em Dezembro
de 1996, noutra ocasião e contexto político local, apresentei na Assembleia
Municipal a seguinte Tomada de Posição sobre o Horário da Biblioteca Municipal
de Nisa.
Vale a pena
lembrá-la.
Tomada de
Posição sobre o horário da Biblioteca Municipal de Nisa / Casa da Cultura
"A Biblioteca
Municipal de Nisa / casa da Cultura, instalada num edifício recuperado e dotado
de modernas infra-estruturas, vem desempenhando um papel insubstituível na
ocupação dos chamados “tempos livres” de crianças, jovens e adultos, promovendo
a leitura, o convívio e o conhecimento, colaborando dessa forma na formação integral
do homem, como bem a definiu Bento de Jesus Caraça.
As novas
condições de localização e funcionamento, trouxeram – como era, aliás,
previsível – um novo e importante contingente de utilizadores, que “mexeram”
com a organização dos serviços, a formação dos funcionários, proporcionando o
aumento e diversificação das iniciativas e ofertas culturais.
Num curto
espaço de tempo, a Biblioteca Municipal de Nisa granjeou – com justiça,
acrescente-se – um lugar de mérito e referência, destacando-se no medíocre
roteiro das realizações camarárias.
A esta casa
da cultura haveria de dar-se ainda maior projecção com novas e fortificantes
realizações que, ocupando o vazio existente em termos culturais, pudessem constituir
meio e razão que obstassem á proliferação de submundos onde a droga e a
delinquência parecem querer instalar-se.
No início do
corrente ano alertámos, criticamente, para os horários em vigor na Biblioteca
Municipal de Nisa que, não servindo os leitores, não respondendo às aspirações
dos seus utilizadores está, automaticamente, em contradição e antagonismo quer
com a natureza do verdadeiro serviço público que presta, quer com a qualidade e
projecção que alcançou.
Justificava-se
em nosso entender e como na altura defendemos, não só a manutenção do anterior
horário, mas o seu alargamento, estendendo-se à abertura nos fins de semana,
permitindo a leitura, o estudo, a preparação de trabalhos escolares e a
promoção de iniciativas nos variados campos do saber.
Ainda que
justo e amplamente sentido, o alerta não provocou qualquer reacção por parte
dos responsáveis municipais, que mantiveram o horário em vigor.
Um horário
que poderá servir os funcionários, poupar uns “cobres” à digníssima Câmara mas
que, indiscutivelmente, não serve, nem de longe os frequentadores da Biblioteca
Municipal /Casa da Cultura, muitos deles com horários de trabalho que colidem
com os existentes na Biblioteca.
Daqui se
apela, uma vez mais, para o bom senso.
E este manda
que se abra a Biblioteca, como casa da cultura que é, para aqueles que a amam,
que gostam de ler, de “viajar" pelo mundo, de construir em cada sonho, o “salto”
com que o universo pula e avança…
Nisa, 16 de
Dezembro de 1996
Mário Mendes