O primeiro
problema pode ser um embaraço com consequências eleitorais. É já amanhã que
Augusto Santos Silva promete pronunciar-se sobre as eleições presidenciais. Se
o antigo ministro do PS e ex-presidente da Assembleia da República avançar,
Carneiro fica com o “bebé” nos braços como se fosse um pai estreante. Apoia de
imediato Santos Silva e relega para segundo plano António José Seguro, ex-líder
do partido? Não escolhe qualquer dos candidatos, o que significará paralisar o
aparelho socialista? Espera sentado para ver uma derrota clamorosa de todos os
candidatos de Esquerda, inclusive os do seu partido? Se Santos Silva fizer como
António Vitorino, a divisão socialista deixa de existir. Ficará a faltar apenas
a unanimidade e, sobretudo, o ânimo, em torno do líder e de Seguro.
Convém não
esquecer que pelo meio ainda há uma missão tão ou mais espinhosa. Se as
autárquicas apresentarem um saldo negativo, a vida de Carneiro pode tornar-se
um inferno. Em 2014, António Costa quis substituir Seguro na liderança porque a
vitória do PS nas europeias foi avaliada como “poucochinho” pelo atual
presidente do Conselho Europeu. O secretário-geral não terá tão cedo
adversários para lhe disputar a liderança. Isso retira-lhe alguma pressão. Tudo
o que conseguir de bom pode ser capitalizado. Tudo o que suceder de mau será
apontado na agenda pelos seus rivais internos.
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Pedro Araújo – Jornal de Notícias - 01 julho,
2025