15.2.25

OPINIÃO: E quando a IA controlar o botão nuclear?

Os EUA não querem só anexar a Gronelândia e o Canadá ou transformar a Faixa de Gaza numa espécie de Riviera. Querem estender o império à inteligência artificial (IA), a todo custo e sem qualquer controlo. Sem rodeios, o recado foi dado pelo vice-presidente J. D. Vance aos líderes mundiais e grandes empresários presentes na cimeira de Paris sobre IA. “A Administração Trump está preocupada com os relatórios de que alguns governos estrangeiros estão a considerar apertar a vigilância às empresas de tecnologia dos EUA com presença internacional. A América não pode e não vai aceitar isso”, a Nesse sentido, recusou-se a assinar a declaração internacional para uma inteligência artificial aberta, inclusiva e ética, subscrita por mais de 60 países. O Reino Unido também ficou de fora, alegando que o acordo não está em linha com os interesses do país. Surpreendentemente, a China comprometeu-se com o documento que apela também a uma IA sustentável para as pessoas e para o planeta, que proteja os direitos humanos, a igualdade de género, a diversidade linguística e a propriedade intelectual. A tal China diabolizada pelo seu DeepSeek, mas que escolheu aliar-se à Europa para irritar ainda mais os EUA. A cimeira de Paris deixou claro que não haverá consenso quanto aos limites da IA, nem quanto a um entendimento global, que os EUA e a China continuarão a sua guerra tecnológica e que a Europa reconhece que se preocupou mais em legislar e menos a inovar. Por isso, o presidente francês e a presidente da Comissão Europeia anunciaram muitos milhões e parcerias com grandes grupos internacionais para recuperar o tempo perdido. De pouco valeu o alerta de Fei-Fei Li, uma das principais investigadoras de IA, que no arranque da cimeira desafiou governos e tecnológicas a construir “uma inteligência artificial que seja uma força para o bem, centrada no ser humano”. • Manuel Molinos – Jornal de Notícias - 14 fevereiro