2.4.24

OPINIÃO: UM TRABALHO EXTRAORDINÁRIO

 
“A Federação das Associações de Dadores de Sangue - FAS Portugal tem uma grande preocupação com a informação sobre a dádiva de sangue. Anualmente, editamos a revista “Homenagem ao Dador de Sangue” única no país, na qual destacamos os pontos altos da nossa atividade, incluímos artigos de opinião e damos a palavra às nossas associadas.
Outra forma de promovermos a dádiva, ocorre nas Escolas, cativando os jovens; nesse sentido, em 2023, não perdemos a oportunidade de participarmos ativamente junto dos jovens na Jornada Mundial da Juventude. Temos que ir ao encontro deles, não podemos estar à espera que venham ter connosco.
Foi uma grande jornada, também para a dádiva de sangue, onde não faltou o apoio precioso do IPST, IP. Entre a FAS Portugal, a organização da JMJ e o IPST, foi criada uma parceria no sentido de promovermos a dádiva de sangue para captar jovens em Portugal e, ao mesmo tempo, incentivar jovens de todo o mundo.
Nestas abordagens, fazemos sempre questão de apresentar e defender os princípios da dádiva benévola, altruísta, responsável, regular e sobretudo não remunerada. Para nós o dador é uma pessoa generosa e quando dá, não espera nada em troca, a não ser os seus direitos como dador.
Registamos, também, a nossa intervenção na discussão na União Europeia da regulamentação de substâncias de origem humana destinadas a tratamento humano (SohO), que deve estar pronto no próximo mês de maio. Trabalhámos em sintonia com a Federação Internacional dos Dadores de Sangue (FIODS), onde a FAS Portugal tem uma Vice-presidência e um Conselheiro do Comité Executivo.
A nossa ligação com a Confederação Portuguesa do Voluntariado, da qual somos cofundadores, permite-nos perceber a melhor forma de melhorar o voluntariado na dádiva de sangue. Vamos envolver mais e melhor as nossas associadas nesta área e vamos criar a figura do “Coordenador do Voluntariado”. Não queremos voluntarismo, queremos voluntariado apoiado nas normas e preceitos aprovados na União Europeia.
Outra das preocupações da FAS Portugal, prendem-se com a atividade das nossas associadas, prestando apoio nas diversas contingências. Como em todas as situações da vida, surgem problemas que nós procuramos resolver. Nos últimos tempos, as maiores contrariedades, prendem-se com a falta de meios humanos no SNS, que obrigam, muitas vezes, ao cancelamento de colheitas. Numa altura em que se regista uma diminuição de colheitas e temos muitos dadores a atingirem o limite de idade, não compreendemos como se desmotiva o movimento associativo com esse cancelamento e muitas vezes os dadores querem dar sangue e não podem.
Os dirigentes fazem um esforço para garantir recolhas de sangue e irem ao encontro dos dadores que de outra forma não davam sangue. Muitos desses dirigentes, no início de cada ano, adiantam dinheiro do seu bolso para garantir a atividade. Ainda ficamos a saber que apesar do custo de vida ter aumentado, o valor do subsídio reduziu. Talvez retirar um pouco aos milhões que vão para o futebol milionário, investia-se melhor nesta nobre tarefa de salvar vidas.
Junto da tutela, alertámos e vamos continuar a insistir para a gravidade do assunto e pedimos mais apoio para o IPST, IP. É um sinal da falta de investimento no SNS e consideramos que o Serviço Nacional de Sangue tem de ter obrigatoriamente uma gestão pública. Por isso, seja qual for o governo, tem a obrigação de investir nesta área, sob o risco de termos problemas num futuro próximo, com os doentes a verem-se privados dos componentes sanguíneos, com a gravidade que daí advém.
Por falar em componentes sanguíneos, sabemos da grande necessidade de plaquetas e não podemos deixar de apelar para uma rápida expansão da plaquetaférese. No país vizinho já existem unidades móveis para esse tipo de recolha. É importante, também, não esquecer que apoiado na dádiva de sangue, o registo de voluntários a dadores de medula óssea deve continuar a ser alvo de melhor atenção por todos”.
Esta foi a minha intervenção nas comemorações do Dia Nacional do Dador de Sangue, este ano.
Durante estas comemorações, ainda tive a oportunidade de, em nome da FAS Portugal, receber o 1.º Prémio do concurso Voluntariado Digital, Educação e Promoção para a Dádiva de Sangue, entre 18 candidaturas. É o resultado de uma grande equipa a que presido e associadas nossas que fazem um trabalho extraordinário.
* Paulo Cardoso 29-03-2024 - Programa Desabafos Rádio Portalegre