28.2.21

VILA VELHA DE RÓDÃO: Autoridades investigam queimadura em bebé

 

Os pais acusam a creche de negligência, mas a instituição garante o contrário. O caso está foi entregue e está a ser acompanhado pelas autoridades competentes.
Gerciliane e Gabriel Lopes garantem ter apresentado queixa na GNR de Vila Velha de Ródão e no Ministério Público, em Castelo Branco, contra a Santa Casa da Misericórdia de Vila Velha de Ródão. Acusam a instituição de ter “provocado queimaduras de segundo grau” à sua bebé, de cinco meses, “quando estava aos cuidados da creche” da instituição.
Ao Reconquista, o casal explica que levaram a menina ao Hospital de Castelo Branco, mas dali foi transferida para Coimbra, onde esteve internada um dia. Os pais dizem não saber “como é que a bebé foi queimada”, mas “os médicos da ala de queimados da pediatria do Hospital de Coimbra disseram que a queimadura tinha sido feita com um líquido quente”.
Esta bebé é a mais nova de cinco filhos do casal. Tal como a irmã, de um ano e meio, frequentam a creche da Misericórdia, se bem que em salas diferentes. “Neste momento a irmã vai, mas a bebé está em casa”, diz a mãe, acrescentando que é “no Centro de Saúde que vai fazer o tratamento”. Quando ao sucedido, “às 8H00 do dia 9 de fevereiro deixamos nossos filhos na escola, as duas meninas na creche (a bebé de cinco meses e a irmã de um ano e meio), dois no Jardim de Infância (um de quatro e uma de seis anos)”, pois o mais velho (sete anos) já frequenta a Escola Básica do 1.º Ciclo.
Gabriel Lopes trabalha de noite e de manhã ajuda a esposa a levar os filhos à escola. “Deixei os meus filhos e fui para casa dormir”, afirma. Gerciliane trabalha na Santa Casa da Misericórdia, noutro serviço, mas no mesmo edifício da creche. Diz ter sido chamada “por volta das 10H30. E a diretora perguntou o que tinha acontecido à bebé, pois quando a foram mudar repararam na mancha vermelha”, mas, “só dizia que ali não tinham feito nada”. A mãe prontificou-se a levar a bebé ao hospital, “mas disseram que não era preciso, pois já tinham posto uma pomada”. Os pais terão insistido e levaram a bebé ao Hospital Amato Lusitano, em Castelo Branco, que, dado o cenário, a transferiu para Coimbra.
Temendo ser acusados de negligência, o casal apresentou queixa de imediato na GNR em Vila Velha de Ródão e no Ministério Público, em Castelo Branco.
Mas também a instituição apresentou o caso às autoridades e a família está já a ser acompanhada pela Comissão de Proteção de Crianças e Jovens (CPCJ). “Já fomos notificados e estamos a ser acompanhados pela CPCJ, que já pediram para visitar a nossa casa para ver em que ambiente as crianças vivem, e vamos prestar declarações à GNR e pedimos proteção jurídica na Segurança Social”, esclarecem. “Mas do mesmo modo que temos consciência de que deixamos nossa bebé em perfeito estado na creche, também temos consciência que querem transferir a responsabilidade para nós”. Gabriel Lopes é português, mas viveu e casou no Brasil. “Somos pobres e somos uma família humilde, com cinco filhos que, apesar de todas as dificuldades causadas pela pandemia, faz de tudo para dar o melhor aos filhos”.
Ao Reconquista, a Santa Casa da Misericórdia de Vila Velha de Ródão, esclareceu que “de acordo com as declarações da colaboradora que tratou a criança, esta não sofreu queimaduras enquanto esteve aos cuidados da instituição”. E explica que “a colaboradora reparou que a mesma apresentava uma mancha vermelha na zona das costas, situação essa que terá desvalorizado, pensando que seria um sinal de pressão provocado pelo facto da criança se deslocar ao colo da sua mãe”.
Relativamente ao incidente em causa, “neste momento não temos elementos que permitam dizer que foi queimada na Santa Casa, não sendo possível relatar o que aconteceu, nem a que horas se deu o incidente”, pelo que “assim que houve a perceção de que poderia tratar-se de uma queimadura, foram prestados cuidados de enfermagem, tendo a enfermeira, após observação, questionado as colaboradoras sobre a possível evolução do edema, aplicando o tratamento que considerou adequado e sugerindo vigilância da situação, uma vez que a criança se encontrava calma e sem manifestação aparente de dor”. Mas também “a mãe da criança foi chamada de imediato, uma vez que se encontrava a trabalhar no mesmo edifício”.
A par de qualquer outro processo de averiguações que esteja a ser desenvolvido, a Santa Casa da Misericórdia de Vila Velha de Ródão avança que “foi aberto e está a correr um processo de inquérito interno para apuramento dos factos, do que foi, oportunamente, dado conhecimento aos pais” da bebé.
O Ministério Púbico também confirmou ao Reconquista que foi instaurado um inquérito, que corre termos na Comarca de Castelo Branco.
Lídia Barata - in "Reconquista" - 26/02/2021