3.1.21

OPINIÃO: Mudar as nossas vidas

 

Há um ano atrás, os astrólogos não conseguiram prever nada acerca do ano dramático que atravessámos. Não duvido da influência dos astros e da natureza nas nossas vidas, mas sou cético (pacífico) no que respeita a previsões astrológicas. Acredito nas previsões meteorológicas, que fazem parte de um acumular de saberes e de experiências apoiadas pela ciência. Acredito, também naquelas pessoas que de forma voluntária ajudam os outros.
2020 fica registado para a história como o ano da guerra mundial contra um inimigo comum invisível. Nem assim o mundo o mundo esteve tão unido quanto o desejável e um dos símbolos maiores dessa desunião, foi o derrotado Donald Trump; em Moçambique, na província de Cabo Delgado, o autoproclamado “Estado Islâmico (Daesh), provocou uma crise humanitária e sanitária de proporções alarmantes; no mundo, estamos à beira de um colapso financeiro e não existe solidariedade entre países mais robustos e os mais fragilizados.
Com previsões difíceis de definir, Trump perdeu para Biden e ao cair do pano foi possível o Brexit com acordo. Trump insistiu na fraude das eleições que ele próprio personifica e o Brexit com acordo é um mal menor. Ficam as dúvidas de como o mundo irá girar, mas sem Trump estará seguramente mais respeitável e com o Brexit, só falta saber o futuro da Grã-Bretanha e o impacto que vai ter na União Europeia.
Enquanto o mundo sofre e empobrece, os mais ricos do mundo, ficam ainda mais ricos. Ainda há quem defenda uma taxa de imposto igual para todos[1]. É o caso do Iniciativa Liberal (IL) e CHEGA, que defendem mais pagamento de imposto para os que ganham menos e menos para os que ganham mais. Mas nem tudo é mau e não estava na área da adivinhação, nem da crendice – a ciência deu-nos a hipótese de passarmos o ano com a esperança em alta, devido ao começo do processo de vacinação.
Confesso, que também, já tenho feito as minhas previsões e se acerto muitas, também falho algumas. Neste primeiro “Desabafo” do ano de 2021, gostava de prever que a pandemia, a discriminação e a corrupção vão acabar, que a ignorância e a fome vão desaparecer, assim como a violência. Sei que, infelizmente, não é assim e vai ser transversal a todos os nativos de todos os signos, porque vivemos no mesmo mundo desequilibrado.
E é por este mundo que temos de lutar e não nos deixarmos iludir com fantasias, promessas e desejos. É importante enfrentarmos a realidade e ignorarmos os falsos profetas, demagogos e aqueles que ganham simpatia a dizerem o que todos querem ouvir, mas cujas soluções são um desastre civilizacional.
O ano começa bem para os que foram indultados por Trump. O conceito de justiça deste amigo do CHEGA, é libertarem criminosos, porque são amigos ou familiares. O ano, podia vir a começar menos bem para o CHEGA, porque queria substituir no Parlamento, o próprio André Ventura, durante a campanha eleitoral presidencial, indicando Diogo Pacheco de Amorim, antigo militante do MDLP, movimento de extrema-direita bombista-terrorista, acusado do assassinato do Padre Max e Lurdes Correia no ano de 1976.
Dentro das previsões, tudo indica que Marcelo Rebelo de Sousa, vai ter mais um mandato, mas na corrida estão duas grandes mulheres, que explicam porque não é o atual presidente, a solução para mudarmos e melhorarmos o país. Outro candidato sabe isso e porque Ventura, também não quer a mudança, o objetivo dele é provar o seu contrário. Ele e os seus angélicos seguidores afirmam estarem contra o sistema, mas são mais do mesmo, senão o pior deste sistema.
Nos desejos formulados para 2021, acredito que desta vez houve uma maioria nos votos ao fim da pandemia, que nem os astrólogos se atrevem a vaticinar. Nas previsões mais esperadas, são as dificuldades para todos os nativos de todos os signos; continuarmos a pagar bancos falidos; o escandaloso aumento para administradores da TAP, enquanto se despedem cerca de 2000 trabalhadores e se cortam salários. Não era preciso ser astrólogo para prever que íamos pagar a desastrosa privatização ao sr. Neeleman, com muitas responsabilidades para a União Europeia, que com estas políticas arruinou mais companhias de aviação.
Os astros iluminam, têm a sua interação na natureza, mas não nos fazem mais felizes, ou infelizes, mais ricos ou pobres; o que pode determinar esses fatores, é a atitude do ser humano e é essa atitude que pode mudar as nossas vidas.

Paulo Cardoso - Programa "Desabafos" / Rádio Portalegre - 18/12/2020