19.1.21

OPINIÃO: É a minha Candidata!

Portugal é governado por um regime democrático, semipresidencialista e de preponderância parlamentar; por muito que custe a um dos candidatos às presidenciais, sequioso de rasgar a Constituição e mutilar a democracia, atribuindo mais poderes ao Presidente com uma quarta república à francesa, mas de extrema direita. Pretende-se que o Presidente da República seja um árbitro, um moderador e que represente de forma categórica todos os portugueses.
Nesta campanha eleitoral assistimos a vários debates e não é difícil perceber quem quer salvaguardar condições humanitárias e básicas de vida para todos e quem aposta no interesse do lucro dos privados e na manutenção de leis laborais impostas pela troika. Exemplo disso é o candidato André Ventura ao estilo arrogante e brigão de Trump, que bate nos mais fracos e nada diz dos mais fortes, que roubam e a quem já ajudou na fuga aos impostos.
Ventura, o arauto da ditadura dos “portugueses de bem”, mal soube das suas candidaturas, apelidou a candidatura de Ana Gomes de “candidata cigana” e da eurodeputada Marisa Matias como “a candidatura marijuana”. Nos debates, berrou com João Ferreira à moda dos debates televisivos sobre futebol e sossegou-se com o desatinado e bem-disposto Tino de Rans. Levou uma lição de Tiago Mayan Gonçalves e provou, perante Marisa Matias e Ana Gomes, que está do lado dos poderosos e que, não respondendo a nada, apenas lhe interessa descriminar. Marcelo continua igual e calculista na defesa dos interesses instalados. Por isso tem sido a salvaguarda do governo PS, quando se inclina à direita. Com Marcelo Rebelo de Sousa, Ventura ficou nas covas, porque o experiente Marcelo não entrou no campo do lamaçal em que o embuste Ventura tão bem se dá como falso antissistema.
Mas muita gente está cega e surda e, ainda votam em fraudes como aconteceu com Bolsonaro e Trump, apoiados por André Ventura. O pior é que essa cegueira não impede de assistirmos a episódios lamentáveis, como a invasão ao Capitólio, acicatada pelo já considerado, o pior presidente de sempre. Ainda assim, Bolsonaro insiste em defender Trump e está visto, que neste tipo de políticos não há volta a dar. Pior ainda, é que sofrem e morrem muitas pessoas, vítimas das ideias loucas deste tipo de gente. O maior perigo da normalização da extrema direita, resulta no radicalismo que ataca a democracia. Por isso não podemos vacilar perante a ameaça.

Neste cenário preocupante com a escalada da COVID e com novo confinamento, os portugueses vão ser chamados a eleger o próximo Presidente da República em plena calamidade sanitária. Se o cenário das eleições já é preocupante, muitas pessoas perguntaram-se como foi possível o C.N.E. incentivar os idosos a saírem dos lares para irem votar, adiantando ainda, que não precisavam de fazer quarentena (08-01-2021). Felizmente tal disparate já foi retificado. Já o boletim de voto não foi retificado, com um candidato que não o é. Isto revela a leviandade que paira em muitos cargos de responsabilidade, muitas vezes sem consequências.
É caso para dizer que a pandemia está a atacar a consciência de algumas pessoas. E por falar em consciência, é por falta dela e de medidas assertivas, que entramos em novo confinamento. Com culpa ou sem culpa a “fava” saiu a todos… No debate para as presidenciais, ainda assistimos à dialética entre garantir o negócio da saúde privada, ou reforçar o Serviço Nacional de Saúde; hoje não há dúvida, sem um SNS forte não temos saúde para todos.
Já não temos a Maria de Lurdes Pintassilgo, mas temos outras duas grandes mulheres candidatas. Das duas, Marisa Matias, no distrito de Portalegre, participou na luta para impedir a exploração de urânio em Nisa e para impedir a construção de uma refinaria em Tierra de Barros (Balboa) perto de Badajoz, com sucesso. Marisa Matias, fez muito por este distrito, pelo país, pela Europa, onde se destacou com elogios da esquerda à direita, com as novas regras para proteger os doentes de medicamentos falsificados. Pisou palcos difíceis no mundo, no sentido de encontrar respostas para situações dramáticas. Defende um país honesto e progressista nos valores humanos, como foi exemplo a criação do estatuto dos cuidadores informais, na defesa dos serviços públicos, da igualdade de género e no combate à discriminação. Por tudo isto e porque é de confiança, Marisa é a minha candidata.
Paulo Cardoso - Programa "Desabafos" / Rádio Portalegre - 15/1/2021