I
Ermidinha
alva, acolá, distante,
Alumia
o monte com o seu sorrir,
Faz
lembrar um anjo, que vagueia, errante,
Branco,
muito branco, que não quis partir!
II
Oh!
Que canto simples da mansão celeste,
Que
tesouro rude de fé e de amor...
Em
redor, buscando, nosso olhar se veste
De
miragens lindas da mais viva côr!
III
Lá
dentro repousa, num dormir sem fim,
A Senhora-Nossa
que o meu povo adora,
Santa
já velhinha, cheirando a alecrim,
Querida,
bem querida pela vida fora...
IV
Está
tangendo o sino... oh! como ele corre...
Saltita,
contente, no labor de Deus!
Oh!
Cantar sublime que à distância morre,
Oh!
Canção de amor, que se eleva aos céus!
V
E
os moços acorrem ao festim do monte,
Anciãos
caminham, trôpegos, cansados...
Todos
vão beber na piedosa fonte,
Alguns
vão lembrar os dias já passados!...
VI
E
ao cair da tarde na divina estança
Cada
peito aspira a ambição dos céus...
O
mundo é distante... Todo o olhar se lança,
Em
ardente prece para os pés de Deus!
José Gomes Correia (1942)