José Maria Reisinho Serra é um artista autodidacta. Começou
a pintar numa idade em que muitos começam a desistir dos sonhos e das
vivências. Reformado, José Maria procurou uma actividade que lhe ocupasse os
tempos livres e lhe desse a liberdade de voar e dar curso à imaginação.
Começou a esboçar, primeiro timidamente, depois com mais
vigor, retratos pintados das ruas e património da vila. Redescobriu, ao fim de
mais de 60 anos, a vila onde nascera e onde sempre viveu. Abalançou-se a ir
mais além; focou-se nas gentes, nos rostos das pessoas, nas figuras, profissões
e trajes de um tempo que já passou mas permanece, como imagem fiel, na sua
memória.
Tem até ao final de Março, na Biblioteca Municipal de Nisa,
a sua segunda exposição naquele espaço de cultura. São duas dezenas de quadros,
variados, de cores expressivas, que tanto mostra aspectos da vila, como traços
fundamentais da sociedade portuguesa. Estão lá o fado, as touradas, a solidão
da velhice, a amizade, numa exposição a que nenhum visitante fica indiferente.
Um dos quadros, subdividido em dois, tal a extensão da foto
- talvez a mais antiga de Nisa – que deu
origem à pintura, mostra o Rossio da Vila no século XIX.
Por ele se pode “ver” a idade do velhinho eucalipto, de
tantas histórias e memórias, com mais de 125 anos.
São muitos os motivos para recomendar uma visita a esta
Exposição. Mas como dizia S. Tomé, o melhor é ir “mesmo ver como é!”.
Mário Mendes