Parece que foi ontem... E já se passaram 30 anos. O feriado municipal na segunda-feira de Páscoa, em 1983, teve programa próprio, cerimónias religiosas e profanas, a Romaria à Senhora da Graça e música a rodos ou não tivesse Nisa, naquele tempo, dois ranchos folclóricos, uma banda ressurgida e revigorada, um conjunto musical sem dilemas para resolver e ainda diversas associações.
A Páscoa, a Romaria da Senhora da Graça e o dia de Feriado Municipal fundiam-se num só programa de festa e animação, Nisa beneficiava com a vinda dos seus filhos e parentes, a vila enchia-se de vida e de vozes características. Vinham pela festa da Páscoa, pelo borrego, pelas sopas de sarapatel, pela visita à ermida que brilha no cabecinho, pelo abraço, sentido, aos familiares e amigos. Matavam saudades e levavam saudades.
No ar, havia o cheiro a estevas e a giestas, a anunciar o forno a arder, os bolos fintos, bem despertos após a cozedura retemperadora.
Nisa tinha vida própria, assente nas suas crenças e tradições.Não importava nem assumia "tradições" alheias, artificiais, mostrava o que tinha, na sua essência. Não fazia da época, um "produto" turístico para vender em "pacotes" ou para atrair incautos.
Hoje, continua fiel ao seu passado e história, mas adormeceu no tempo e deixou que outros, aqui bem perto, reclamassem para si, festas, rituais, tradições, que nunca tiveram ou que inventaram "à força" para sustentar públicos interesses e razões privadas.
Há 30 anos, ainda festejámos o Feriado Municipal. Vamos continuar, todos, a "dormir" ou vamos acordar, de vez?
Mário Mendes