26.4.13

Quercus volta a exigir o encerramento da Central Nuclear de Almaraz, junto à fronteira com Portugal


27 ANOS APÓS O ACIDENTE NUCLEAR DE CHERNOBIL
Energia nuclear – um historial de acidentes
No dia 26 de Abril passam 27 anos desde que ocorreu o acidente na Central Nuclear de Chernobil, na Ucrânia, que em 1986 fazia parte da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, URSS. Já em 1979 tinha existido um acidente grave na Central Nuclear de Three Mile Island nos Estados Unidos da América, EUA, e mais recentemente, em 2011, outro grave acidente ocorreu, desta vez na Central Nuclear de Fukushima no Japão, tendo este sido também um dos mais severos da história do nuclear. Temos assim os três maiores acidentes nucleares em três dos países mais avançados nas tecnologias da indústria nuclear e é importante pois, reflectir sobre os problemas de segurança inerentes a este tipo de centrais.
Central Nuclear de Almaraz – o perigo bem perto de nós
Após o último grave acidente nuclear em Fukushima, no Japão, o Grupo de Reguladores de Segurança Nuclear Europeu levou a cabo um conjunto de testes de stress (stress tests), por forma a averiguar a segurança das centrais nucleares na Europa. Em Portugal, como não existem centrais nucleares, não se realizaram estes “stress tests”, no entanto, a preocupação da Quercus relativamente a esta questão mantem-se pois a Central Nuclear de Almaraz, localizada a 100km da fronteira e junto ao rio Tejo, continua a revelar-se como um potencial perigo para toda a região transfronteiriça. Com efeito esta central já ultrapassou o seu período normal de funcionamento e, não obstante, viu prolongado em 10 anos o seu período de actividade.
De uma forma geral, a Quercus considera que há um risco preocupante com as centrais nucleares espanholas na medida em que nem todos os factores de risco foram considerados nos testes efectuados. Com efeito, não estão contemplados os riscos de agressões externas (atentados, quedas de aeronaves, etc.) nem são considerados os riscos em caso de acidentes naturais (sismos, inundações, etc) e os sistemas externos de gestão de socorro às centrais nucleares (bombeiros, guarda civil, etc).
A título de exemplo, o risco sísmico no “stress test” à central de Almaraz efetuado pelas autoridades espanholas está claramente subavaliado e só foi analisada a resistência sísmica para sismos equivalentes aos que ocorreram entre 1970 e a atualidade. Pelo contrário, não foi analisada a possibilidade de ocorrerem sismos com uma grande magnitude, que atinjam com uma intensidade significativa a Central, como foi o caso do sismo de 1755, ou do que teve o epicentro em Espanha em 1954, com magnitude de 7,9.
A Quercus considera que devia ser avaliada a possibilidade de poder vir a ocorrer um sismo que afete a barragem donde provêm a água para o arrefecimento da Central de Nuclear (Barragem de Arrocampo) e com isso um acidente que teria consequências desastrosas. É importante recordar que caso não exista água suficiente para o arrefecimento dos reatores da Central poderá acontecer um problema idêntico ao que aconteceu em Fukushima, onde o sistema de arrefecimento falhou e conduziu ao lamentável desastre. À semelhança do que tem vindo a fazer há vários anos, a Quercus alerta mais uma vez para o facto de que a ocorrer um acidente de grandes dimensões em Almaraz este poderia resultar em contaminação radioativa direta que atingiria Portugal, quer por via atmosférica, quer através do rio Tejo.
Nuclear - Um ciclo pouco virtuoso
Neste dia 26 de Abril, em que fazem 27 anos sobre o acidente na Central Nuclear de Chernobil, a Quercus solidariza-se com a ação internacional do “Chernobyl Day”, que este ano pretende chamar a atenção para os problemas relacionados com o urânio.
É fundamental olhar para o nuclear como um todo: os problemas estão no início do ciclo, nas explorações de urânio que causam problemas ambientais e de saúde graves em todo o mundo. Em Portugal várias décadas após o fim da exploração deste minério, sobretudo na zona centro do país, os problemas não foram completamente diagnosticados e por isso estão ainda longe de estar resolvidos. Existem mais de sessenta minas abandonadas que continuam a poluir a água e os solos e a afectar as populações vizinhas.
No final do ciclo também ainda não se conhece um destino estável e seguro a dar aos resíduos nucleares, que se mantêm potencialmente nocivos durante muitos anos, sendo que alguns elementos mantêm a sua radioactividade durante milhares de anos. O fabrico de bombas atómicas e de armas contendo urânio está também intimamente associado à energia nuclear e é um perigo que continua a pairar sobre a humanidade e o planeta Terra, sendo urgente a eliminação de todo este tipo de armamento para um mundo de paz.
 Neste dia simbólico é pois importante continuar a alertar para os riscos que esta forma de energia comporta, para que Portugal e o mundo estejam livres do perigo do nuclear.
Lisboa, 25 de Abril de 2013
 A Direcção Nacional da Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza
A Direcção do Núcleo Regional de Portalegre da Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza
Para mais informações contactar:
José Janela – Presidente do Núcleo Regional de Portalegre da Quercus – 960207080
Nuno Sequeira – Presidente da Direcção Nacional da Quercus – 937788474