27 ANOS APÓS O ACIDENTE NUCLEAR DE CHERNOBIL
Energia nuclear – um historial de acidentes
No dia 26 de Abril passam 27 anos desde que
ocorreu o acidente na Central Nuclear de Chernobil, na Ucrânia, que em 1986
fazia parte da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, URSS. Já em 1979
tinha existido um acidente grave na Central Nuclear de Three Mile Island nos
Estados Unidos da América, EUA, e mais recentemente, em 2011, outro grave
acidente ocorreu, desta vez na Central Nuclear de Fukushima no Japão, tendo
este sido também um dos mais severos da história do nuclear. Temos assim os
três maiores acidentes nucleares em três dos países mais avançados nas
tecnologias da indústria nuclear e é importante pois, reflectir sobre os problemas
de segurança inerentes a este tipo de centrais.
Central Nuclear de Almaraz – o perigo bem perto
de nós
Após o último grave acidente nuclear em
Fukushima, no Japão, o Grupo de Reguladores de Segurança Nuclear Europeu levou
a cabo um conjunto de testes de stress (stress tests), por forma a averiguar a
segurança das centrais nucleares na Europa. Em Portugal, como não existem
centrais nucleares, não se realizaram estes “stress tests”, no entanto, a
preocupação da Quercus relativamente a esta questão mantem-se pois a Central
Nuclear de Almaraz, localizada a 100km da fronteira e junto ao rio Tejo,
continua a revelar-se como um potencial perigo para toda a região
transfronteiriça. Com efeito esta central já ultrapassou o seu período normal
de funcionamento e, não obstante, viu prolongado em 10 anos o seu período de
actividade.
De uma forma geral, a Quercus considera que há um
risco preocupante com as centrais nucleares espanholas na medida em que nem
todos os factores de risco foram considerados nos testes efectuados. Com
efeito, não estão contemplados os riscos de agressões externas (atentados,
quedas de aeronaves, etc.) nem são considerados os riscos em caso de acidentes
naturais (sismos, inundações, etc) e os sistemas externos de gestão de socorro
às centrais nucleares (bombeiros, guarda civil, etc).
A título de exemplo, o risco sísmico no “stress
test” à central de Almaraz efetuado pelas autoridades espanholas está
claramente subavaliado e só foi analisada a resistência sísmica para sismos
equivalentes aos que ocorreram entre 1970 e a atualidade. Pelo contrário, não
foi analisada a possibilidade de ocorrerem sismos com uma grande magnitude, que
atinjam com uma intensidade significativa a Central, como foi o caso do sismo
de 1755, ou do que teve o epicentro em Espanha em 1954, com magnitude de 7,9.
A Quercus considera que devia ser avaliada a
possibilidade de poder vir a ocorrer um sismo que afete a barragem donde provêm
a água para o arrefecimento da Central de Nuclear (Barragem de Arrocampo) e com
isso um acidente que teria consequências desastrosas. É importante recordar que
caso não exista água suficiente para o arrefecimento dos reatores da Central
poderá acontecer um problema idêntico ao que aconteceu em Fukushima, onde o
sistema de arrefecimento falhou e conduziu ao lamentável desastre. À semelhança
do que tem vindo a fazer há vários anos, a Quercus alerta mais uma vez para o
facto de que a ocorrer um acidente de grandes dimensões em Almaraz este poderia
resultar em contaminação radioativa direta que atingiria Portugal, quer por via
atmosférica, quer através do rio Tejo.
Nuclear - Um ciclo pouco virtuoso
Neste dia 26 de Abril, em que fazem 27 anos sobre
o acidente na Central Nuclear de Chernobil, a Quercus solidariza-se com a ação
internacional do “Chernobyl Day”, que este ano pretende chamar a atenção para
os problemas relacionados com o urânio.
É fundamental olhar para o nuclear como um todo:
os problemas estão no início do ciclo, nas explorações de urânio que causam
problemas ambientais e de saúde graves em todo o mundo. Em Portugal várias
décadas após o fim da exploração deste minério, sobretudo na zona centro do
país, os problemas não foram completamente diagnosticados e por isso estão
ainda longe de estar resolvidos. Existem mais de sessenta minas abandonadas que
continuam a poluir a água e os solos e a afectar as populações vizinhas.
No final do ciclo também ainda não se conhece um
destino estável e seguro a dar aos resíduos nucleares, que se mantêm
potencialmente nocivos durante muitos anos, sendo que alguns elementos mantêm a
sua radioactividade durante milhares de anos. O fabrico de bombas atómicas e de
armas contendo urânio está também intimamente associado à energia nuclear e é
um perigo que continua a pairar sobre a humanidade e o planeta Terra, sendo
urgente a eliminação de todo este tipo de armamento para um mundo de paz.
Lisboa, 25 de Abril de 2013
A Direcção do Núcleo Regional de Portalegre da
Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza
Para mais informações contactar:
José Janela – Presidente do Núcleo Regional de
Portalegre da Quercus – 960207080
Nuno Sequeira – Presidente da Direcção Nacional
da Quercus – 937788474