Connor Betts, de 24 anos, e Patrick Crusius, de 21 anos, mataram este fim de semana 29 pessoas e feriram a tiro 53, entre os quais crianças e idosos, perpetrando um dos mais mortíferos tiroteios em solo norte-americano.
Donald Trump, pressionado pela população e pelos Democratas - que querem uma legislação mais proibitiva no uso de armas - respondeu que, perante estas ações, há que aprovar regras mais restritivas de verificação de antecedentes de quem queira comprar armas de fogo. O presidente dos Estados Unidos, mesmo perante a realidade dos factos, não desarma e continua a apoiar a maior indústria do país.
Trump pede uma verificação de antecedentes de quem usa armas. Se a lei que Trump tanto agora pede estivesse já em vigor não evitaria a carnificina. Tanto Patrick Crusius, em El Paso, como Connor Betts, em Dayton, não têm qualquer antecedente criminal que os impedisse de comprar armas. Por isso, a questão é mais profunda. Num país onde se pode ir ao supermercado Walmart - a maior cadeia de venda de armas do Mundo -, precisamente onde as pessoas foram atacadas em El Paso, e comprar uma arma de repetição de grande calibre, só se pode esperar o pior.
Os Democratas há muito que defendem um plano a longo prazo do desarmamento da população. Só nos EUA, cerca de 40 mil pessoas morrem em situações que envolvem armas e, apesar deste doloroso número, Donald Trump é o primeiro a afirmar que os EUA nasceram e se tornaram a maior nação do Planeta pelo poder das armas. A outra face da moeda é a justificação dos dois facínoras para os atos: a supremacia branca e o ódio aos emigrantes, principalmente aos hispânicos. Explicitamente, o presidente norte-americano nunca exortou a supremacia branca, mas o mesmo não se pode dizer em relação à população hispânica, principalmente os mexicanos. Por isso, há que dar razão ao democrata Beto O"Rourke quando diz que ele "é um racista e alimenta o racismo neste país".
António José Gouveia in "Jornal de Notícias" - 6/8/2019
Cartoon de Henrique Monteiro in https://henricartoon.blogs.sapo.pt