DÚVIDA
(No pessimismo do primeiro arrufo)
Minha alma divagando pelo mundo
- Vasto repositório de agonias –
As dores vai contando pelos dias,
Num desespero ingénito, profundo.
E nesta deambular de vagabundo
Cansado de viver sem alegrias,
Sou, qual nauta à mercê das ventanias,
Num mar encapelado, furibundo.
Mas, ao nauta, revela-se-lhe Deus
Numa estrelinha a cintilar nos céus
- Sacro farol que o leva ao salvamento;
E eu, por meu mal, não vejo a luz da Fé,
Pois, meu amor, duvido mesmo até
Do teu olhar de sonho e encantamento!
F. Bagulho – “Correio de Nisa” – 7/1/1967