1.1.18

NISA: Poetas da Nossa Terra

DÚVIDA
(No pessimismo do primeiro arrufo)

Minha alma divagando pelo mundo
- Vasto repositório de agonias –
As dores vai contando pelos dias,
Num desespero ingénito, profundo.

E nesta deambular de vagabundo
Cansado de viver sem alegrias,
Sou, qual nauta à mercê das ventanias,
Num mar encapelado, furibundo.

Mas, ao nauta, revela-se-lhe Deus
Numa estrelinha a cintilar nos céus
- Sacro farol que o leva ao salvamento;

E eu, por meu mal, não vejo a luz da Fé,
Pois, meu amor, duvido mesmo até
Do teu olhar de sonho e encantamento!

F. Bagulho – “Correio de Nisa” – 7/1/1967