A peça "Splendid's", de
Jean Genet, tem encenação de Carlos Avilez e fazem parte do elenco José
Condessa*, Henrique Carvalho e João Pedro Jesus estando em cena no Teatro Mirita
Casimiro em Cascais.
Jean Genet sempre é um dos autores
que mais representações teve no Teatro Experimental de Cascais e regressa agora
de novo com encenação de Carlos Avilez, com "Splendid's".
Sete marginais estão juntos, num
hotel de luxo, juntos e presos, detidos por vários momentos de vida, cercados
pela polícia.
"Splendid's" é uma das
peças mais densas de Genet, escrita e entregue ao editor para publicar, em
1942.
Após a recusa de publicação, o
escritor decidiu queimar a obra, mas conseguiram-se salvar algumas folhas.
O grande destaque, na
representação, vai para o jovem actor José Condessa. Com um personagem
complexo, Jean, e um texto difícil, interpretou-o de uma forma extraordinária.
Recordamos que todos os actores,
com excepção de Filipe Duarte, foram alunos de Carlos Avilez na Escola
Profissional de Teatro de Cascais.
Tudo começa com o pano em baixo ao
som de "Non, je ne regrette rien", de Edith Piaf e iluminação de um
lustro no final da plateia.
Muita sensualidade e erotismo, com
um guarda roupa bastante cuidado e uma dicção/projecção de voz perfeita.
Estávamos na última fila e
conseguimos perceber tudo o que os "sete magníficos" disseram: nenhum
deles teve qualquer microfone ou amplificação de som.
O momento alto da peça é quando
Jean beija o polícia e se despe, ficando apenas em boxers.
Esta cena poderia levar a
comentários, ou a risos. No entanto nem o som da respiração de uma sala esgotadíssima,
se escutou.
Recordamos que José Condessa está
a gravar uma novela, em Ilhavo, e que esteve em ensaios em Cascais. Embora
com 19 anos, podemos afirmar que é um "Actor", com um grande Mestre
por trás, Carlos Avilez.
Na estreia, que aconteceu no Dia
Mundial do Teatro, estiveram presentes Marcelo Rebelo de Sousa, Eunice Muñoz,
Ruy de Carvalho, Francisco Pinto Balsemão, e outros actores que diariamente
aparecem nas novelas nacionais.
No final da representação, Teresa Côrte-Real,
que interpreta A voz da Rádio, leu um texto de Isabelle Huppert.
Esse texto recordou que "já
passaram 55 anos" desde que em Paris se celebrou pela primeira vez o Dia
Mundial do Teatro.
Recordou também que "Paris é
a cidade que mais companhias internacionais recebe" e ainda que "o
Teatro renasce sempre das cinzas".
António Manuel Teixeira in www.hardmusica.pt – 29/3/2017