8.9.16

NISA: O "amarelo" é que está a dar!

"O Amarelo da Carris" era (é) um dos temas do álbum "Um Homem na Cidade", um desfilar de canções na voz inconfundível e brilhante do Carlos do Carmo. O disco já tem uns bons aninhos e as letras das canções tinham a marca desse grande poeta chamado José Carlos Ary dos Santos, poeta da Revolução de Abril. 
Lembrei-me, não sei a que propósito do "Amarelo", querendo esquecer outros "amarelos" que chegaram pela via da "Carta Aberta" e que - dividir para reinar - formaram a UGT.
Isso ficou, há muito, para trás. O Amarelo (a cor de rosa não se vê bem nem está regulamentada em termos de sinalização rodoviária) tem aparecido, ultimamente, em grande profusão em Nisa e, geralmente, nos sítios em que não fazem falta nem servem para coisa nenhuma. Ou por outra, servem para, pelo menos duas coisas: deixar a marca, no asfalto ou na calçada, da Senhora Presidenta da Câmara que, pelos vistos, tem poucas coisas com que se preocupar seriamente; servem também, por via da "impressão digital" que proíbe o estacionamento nos troços das pinturas naifs impregnadas no solo, facilitar a caça à multa.
A imagem de cima, enviada por um nisense residente na Grande Lisboa, mostra a mais recente e amarelada "pintura rupestre" camarária, no topo da Rua Cândido dos Reis ou Rua do Senhor, em Nisa, em sítio completamente despropositado e anacrónico e que, diga-se em abono da verdade, não lembraria nem ao mais céptico e desconfiado dos eleitos locais.Não tem sentido, não faz falta, não regula nem protege coisa nenhuma (pessoas ou bens) e tratando-se de uma "medida avulsa" (das muitas que a edil tem tomado sem consulta aos seus pares) a pintura amarela, em nome do interesse dos munícipes e do bom senso só pode ter um fim: ser apagada com urgência.
A "ditadura do amarelo" (que não o da Carris) tinha chegado, antes, ao pimbólico largo 5 de Outubro e, curiosamente, não foi feita nos sítios em que, efectivamente, ainda poderiam ter alguma justificação.
Pergunta o visitante nisense do "Portal de Nisa" se a campanha já começou, ao que respondi que a campanha de falta de visão e de bom senso começou há muito, fruto de uma estratégia política de gabinete e fechada, produzida no bunker da Praça do Pelourinho.
É preciso dizer à senhora Presidente da Câmara duas coisas: a primeira é que a Rua do Senhor não é a Rua do Marçal; a segunda é que o trânsito em Nisa e no concelho, a merecer regulamentação, deve ser objecto de estudo e do envolvimento de instituições e dos cidadãos.
E esse envolvimento deve começar nas próprias autarquias locais. Pintar traços amarelos no asfalto apenas com o fim de proibir, sem mais nem menos, não é política séria nem contribui para o bem estar dos munícipes.. 
Se a Câmara tem muita tinta e não sabe onde gastá-la, dou-lhe, de borla, duas sugestões: comece por pintar a Torre do Relógio (e arranje o mesmo) e pinte as passadeiras para peões mesmo em frente à Loja do Munícipe. Estão assim há demasiado tempo. De caminho, sugiro, que dê ou mande dar um pouco de urbanidade aqueles "jarrões" junto ao muro da casa do Dr. Henrique Miguéns, paredes-meias com a referida Loja municipal. Umas plantas, simples que sejam, hão-de conferir, certamente, um toque de civilização. 
Se, mesmo assim ainda sobrar tinta, pode iniciar os trabalhos de pintura e demarcação das faixas de rodagem das estradas Nisa-Tolosa e Nisa-Montalvão. Não dou mais sugestões, neste campo, porque não quero que tesouraria fique alarmada com a falta de money para a próxima edição da Nisa em Festa.
Mário Mendes