Quercus e Federação
Portuguesa de Cicloturismo e Utilizadores de Bicicleta pedem mais incentivos a
formas de mobilidade alternativas ao automóvel
Em vésperas de arrancar mais uma Semana Europeia da
Mobilidade (SEM), que decorre entre 16 e 22 de setembro, envolvendo quase 2000
cidades, a Quercus e a Federação Portuguesa de Cicloturismo e Utilizadores de
Bicicleta aplaudem e destacam algumas iniciativas, embora lamentem que apenas
45 dos 308 municípios portugueses tenham ações registadas na página oficial
desta iniciativa (http://mobilityweek.eu).
Sob o tema ‘Mobilidade inteligente. Economia Forte’, a
edição deste ano da SEM reforça a importância de um correto planeamento e de
uma utilização racional dos transportes para a economia local. Tratando-se do
maior evento europeu relacionado com mobilidade sustentável, temos contudo
assistido nos últimos anos a uma redução da adesão por parte dos municípios
portugueses e a um decréscimo da aplicação de medidas de carácter permanente,
que extravasem o contexto simbólico e comemorativo da SEM.
Iniciativas previstas
nos próximos dias
A nível nacional,
destacam-se, no entanto, algumas iniciativas, como a 6ª edição do ‘Bike to
Work’, organizada amanhã, 16 de setembro, pela Lisboa E-Nova – Agência de
Energia e Ambiente de Lisboa e a Câmara Municipal de Lisboa, com o apoio da
Federação Portuguesa de Cicloturismo e Utilizadores de Bicicleta (FPCUB) O
objetivo é que as empresas incentivem os seus trabalhadores a deslocarem-se de
bicicleta para o seu local de trabalho.
Ainda em Lisboa, a FPCUB irá promover, no próximo domingo,
18 de setembro, o Bicla Fest – Lisboa Ciclável, com um percurso de bicicleta
pela zona ribeirinha a partir do Terreiro do Paço, pelas 8h30, a par de outras
atividades. A FPCUB organizará, igualmente, no próximo dia 21 de Setembro, a
partir das 17 horas, a cerimónia pública de entrega da 11ª Edição do Prémio
Nacional “Mobilidade em Bicicleta”, cerimónia que tem lugar no Auditório Mar da
Palha – Oceanário de Lisboa. O Prémio Nacional “Mobilidade em Bicicleta” visa
reconhecer publicamente o contributo de determinadas entidades ou pessoas
individuais que tenham promovido a utilização da bicicleta nas suas múltiplas
vertentes, através da criação ou melhoria de condições e facilidades em
Portugal e/ou da divulgação de iniciativas fomentadoras do uso deste veículo
não motorizado.
Do outro lado do rio,
em Almada, decorre amanhã, 16 de setembro, o Fórum Global Ecomobilidade, que
irá debater as soluções para reinventar a mobilidade urbana
A cidade de Aveiro destaca-se, novamente, pela diversidade de
ações previstas no âmbito da SEM, muitas das sob a chancela do ‘CiclaAveiro’,
um grupo de cidadãos que tem vindo a promover a utilização da bicicleta como
meio de transporte no dia-a-dia.
Menos automóveis nas cidades
A Quercus e a FPCUB consideram que a aposta na mobilidade
sustentável implica o investimento em medidas e serviços que tornem atrativa a
substituição ou complementaridade do automóvel com outros meios de transporte
não poluentes:
- pela criação de
incentivos à integração das bicicletas e veículos elétricos nas frotas das
empresas, públicas e privadas (veja-se o exemplo dos CTT);
- pelo alargamento a mais instituições do país de
iniciativas que promovam a utilização da bicicleta no meio universitário, nas
deslocações de e para casa (veja-se o exemplo do Projeto U-Bike Portugal, que
irá integrar bicicletas elétricas e convencionais em 15 instituições do ensino
superior);
- pela implementação
de medidas de segurança rodoviária para os utilizadores de bicicleta, não
esquecendo a importância de sensibilizar todos os utentes das vias públicas
para as novas regras do código da estrada, no sentido de reduzir os conflitos e
sinistralidade;
- pela criação e manutenção de sistemas de bicicletas
públicas partilhadas de uso gratuito (de que são exemplo os municípios de
Aveiro, Murtosa e Torres Vedras), de modo a que possa ser utilizado como meio
de transporte diário e não apenas como forma de lazer e turismo;
- contrariando o desinvestimento nas redes dos vários
transportes coletivos (metropolitano, autocarros, barco e comboios urbanos e
suburbanos), que tem conduzido à deterioração das infra-estruturas e veículos;
à supressão de horários e do número de serviços;
- pelo alargamento
dos sistemas intermodais de transporte a zonas suburbanas ainda a descoberto
(veja-se o caso do Andante, na Área Metropolitana do Porto, que prevê abranger
já este mês mais 36 linhas de autocarros).
Escolhas locais com
repercussão global
Os impactes já
visíveis das alterações climáticas estão a forçar as cidades, não só em
Portugal, mas um pouco por todo o mundo, a repensar as suas estratégias de
mobilidade, afastando-se de modelos centrados no automóvel individual.
Em Portugal, os transportes (em particular, o rodoviário)
são responsáveis por mais de um quarto das emissões de gases com efeito de
estufa, para além de outros poluentes com impacto na saúde humana.
Segundo um relatório recente da Organização Mundial de
Saúde, a poluição atmosférica com origem nas atividades humanas, designadamente
na indústria e na circulação automóvel, é responsável pela morte prematura de
cerca de três milhões de pessoas por ano em todo o mundo.
Urge, portanto, inverter este rumo e, em linha com os compromissos
climáticos de redução das emissões de GEE assumidos no âmbito do Acordo de
Paris, investir em estratégias de mobilidade de baixas emissões, com vista à
descarbonização dos transportes.
Lisboa, 15 de setembro de 2016
A Direção Nacional da Quercus – Associação Nacional de
Conservação da Natureza
A Direção da Federação Portuguesa de Cicloturismo e
Utilizadores de Bicicleta