MANUEL
Não
pude acompanhar-te, prestar-te como amigo, desculpa-me, família, pois nascendo
na Rua da Fonte da Pipa, era assim que se designava, deslumbrava-me… ficava encantado
a ouvir-te com tua linda voz a acompanhar a concertina cujo sons, música e canto
mal passava a garagem do Senhor Carrilho, ou a loja do Senhor António Tigelinha, ou do Senhor Correia… se ouvia
claramente, depois de passar a casa dos
teus avós maternos, a Senhora Ana e o Senhor Abel, quási em frente da casa onde
nasci.
Não
pude prestar-te a homenagem que merecias, acompanhar a tua última viagem física.
Que
linda voz a tua Manuel!
Disseste-me
a mim perante o sorriso de meu padrinho, com quem costumavas passar
o tempo numa boa suecada ou num
disputado dominó.
A
uma pergunta brejeira…..E a gaita Manuel?....
Que
não tocavas há muito e de insistindo eu na brincadeira , veremos se me é capaz
de dizer não num certo acto em dia a combinar uns acordes ou músicas que
lembrem a nossa meninice
Manuel
com o teu desaparecimento físico esvai-se um pouco da glória, da sã alegria da nossa rua que tu com tua música e voz
mantinhas em nível elevado.
Ainda
me lembro da figura do teu que partiu tão cedo, apesar de menino vi-te em
sofrimento e da luta impressionante para
saber de ti, prisioneiro na Índia,
das tuas querida mãe, tua sogra, tua querida mulher… Num desespero
enorme!
Como
se não bastasse teres perdido o teu pai tão cedo!
Manuel, não tenhas medo…!
Apesar
das nossas, permite-me também as minhas lágrimas, não mais desesperos,
não mais dores, não mais medos,
desesperos ou aflições, ou gritos
porque a tua bondade, a tua presença entre nós foi exemplo, que foste
um exemplo, justifica, meu bom, meu distinto amigo este enorme respeito
pela tua pessoa e pelo grande artista que desaparece.
Manuel,
e voltas a precisar da música que nunca esqueceste para celebrar com tantos amigos
que reencontraste… Não digas que não precisas da tua concertina
meu amigo!
A
tua enorme alegria que retomas! Há-de celebrar-se à volta do canto e da alegria
com tantos amigos que começam a chegar nesse comboio cheio de pessoas
amigas que te espera,.
Adeus
e obrigado meu bom amigo!... Empobrece-se
a minha Rua sem ti, mas olha por ela, para que se arranje como antes no nosso tempo que se esfuma.
Abraço
Fraterno a toda a tua família do sempre amigo,
João Castanho