A
imagem desta fotografia é de um amigo e foi tirada esta quarta-feira, 6 de
Maio. Poderiam ser duas fotos de dois amigos ou uma dúzia de outros tantos
amigos ou um milhar de fotos feitas por um milhar de amigos. É um cenário que
se repete a cada dia e em vários pontos do percurso nacional do rio Tejo. Há
muitas teorias sobre as causas destes mantos brancos que deslizam nas águas do
rio.
Este
caso regista-se no açude insuflável de Abrantes mas há registos de que o mesmo
acontece na barragem de Belver. Pode até haver desculpas de que a queda de água
provoca a espuma. Mas a grande pergunta é se a queda de água provoca uma espuma
que teima em não desaparecer e flutua por vários quilómetros empurrada pelas
águas do rio, sabe-se lá por quantos quilómetros.
Ontem,
5 de Maio, um amigo alertava-me para o facto de o rio ter um caudal muito
baixo, talvez abaixo dos níveis ecológicos, mesmo que ninguém o diga
formalmente. O rio Tejo parece um ribeiro de colina e não um rio internacional,
tão pouca é a água que leva. Nalguns pontos poderá mesmo atravessar-se a pé.
Ora esse amigo dizia-me que se fala muito no cheiro e na cor das águas do rio.
Pode ser por estarem mais paradas. Ou não. Como o caudal é menor, os focos de
poluição aumentam exponencialmente. Num exercício puramente de senso comum, ora
se em dez litros de água colocar um centilitro de corante vermelho fica uma
tonalidade. Se juntar mais 90
litros de água a esta mistura a tonalidade passará de
rosa a vermelha. Isto é senso comum. Como no rio Tejo poderá estar a passar-se
a mesma coisa.
Quanto
menor é o caudal mais se notam os níveis de espuma que correm rio abaixo. E o
que observo do meu canto, pelo menos que se saiba no domínio público, é que
nenhuma instituição política ou ambientalista anda a investigar ou a analisar
as águas. Ou tão pouco a falar no assunto. Ou, tão somente, a mostrarem-se
preocupados com os caudais, com os cheiros da água ou então com os
"litros" de espuma que flutuam pelas águas, pouco, correntes do rio.
Ou
então, como o caso não é novo, já estão tão habituados a ver a espuma e a não
ligar ao nosso rio internacional que não ligam patavina ao assunto. E estamos
na primavera. Como não chove em quantidades que aumentem os caudais estaremos
dependentes das descargas das barragens espanholas. Logo, e meramente no senso
comum, a coisa vai piorar um pouco mais. A espuma vai continuar a verificar-se.
Cada um de nós vai habituar-se a este cenário. As instituições não vão fazer
nada.
Se
aparecerem duas dúzias de peixes mortos ali num canto qualquer, daqui a umas
semanas, aí sim temos as instituições ambientalistas e de inspecção de volta do
rio. Enquanto isso não acontece resta-nos olhar a espuma que o rio nos mostra.
Jerónimo Belo Jorge - in www.blackstingnews.com