A saúde está doente
Em Portalegre há
hospital
Mas não devia de
haver
Quem vai para lá
menos mal
Acaba por lá morrer.
I
Fui lá para ser examinado
E vos digo para já
Quem não morrer “matam-no” lá
Está o caso encerrado
Fica mais um lugar vago
Isto é assim tal e qual
Trocam o bem pelo mal
Acreditem podem crer
E sempre ouvi dizer
Em Portalegre há hospital.
II
O exame que lá fiz
Essa é logo a primeira
Meteram-me numa "betoneira"
E taparam-me o nariz
Só respirei quando ele quis
Ouvi um para o outro a dizer
Este também vai morrer
Porque a morte o persegue
Há hospital em Portalegre
Mas não havia de haver.
III
Responsabilidade não interessa
As opiniões são várias
Tudo são infecções urinárias
Até uma dor de cabeça
Nenhum médico se esqueça
Que não há pensar igual
Mas temos muito hospital
Com outras opiniões
E vai p´ra baixo dos torrões
Quem vai para lá menos mal.
IV
As máquinas estão envelhadas
Mas por mando de alguém
Os exames estão sempre bem
Mesmo com elas desligadas
Ficam as pessoas enganadas
Depois de tanto sofrer
No corredor a gemer
Ficam na ponta da unha
Quem lá não tiver uma cunha
Acaba lá por morrer.
António Elias Estróia (Abril de 2015)