A Associação de Dadores Benévolos de Sangue do Distrito de Portalegre aproveitou a recolha de sangue em Alpalhão, no passado sábado, para assinalar na terra do seu presidente, António Eustáquio, o Dia Nacional do Dador de Sangue (27 de Março).
Tratou-se de uma coincidência de calendário juntar a recolha de sangue programada para esse dia com a comemoração de uma efeméride, criada, justamente, pelo Instituto Português do Sangue, por um lado, para acabar com as dádivas renumeradas e sensibilizar para as dádivas voluntárias e por outro para reconhecer o esforço, a dedicação e o espírito solidário de todos os dadores do país que se juntam numa causa de amor ao próximo e nas dádivas de um elemento tão essencial à vida como é o sangue.
Fosse pela primeira recolha do ano em Alpalhão ou pelo assinalar do Dia do Dador de Sangue, certo é, que no passado sábado, as dádivas de sangue nesta localidade alcançaram um número muito significativo, atingindo as seis dezenas de dadores, cinco dos quais pela primeira vez.
Se é verdade que nestas acções de recolha de sangue são os homens que comparecem em maior número, não deixa de ser digno de registo a participação das mulheres, neste caso 23 e também a presença significativa de um crescente número de jovens, como que a dar razão a António Eustáquio quando diz que “esta é uma causa a que vêm aderindo cada vez mais pessoas”.
Foi a pensar na auto-suficiência dos serviços hospitalares e nas pessoas que na contingência de serem submetidas a intervenções cirúrgicas tinham que apelar aos amigos e familiares para doarem o sangue que lhes era exigido, que há cerca de 20 anos, António Eustáquio meteu mãos à obra e fundou a Associação de Dadores Benévolos de Sangue do Distrito de Portalegre.
Mais de 90 dadores inscritos em 3 meses
Uma associação que anualmente percorre quase todos os concelhos do distrito, por duas vezes, em acções de recolha voluntária do precioso líquido, iniciativas a que não são alheias as Câmaras Municipais, as Juntas de Freguesia, as colectividades e os bombeiros que colaboram, quer na confecção e oferta do almoço convívio ou na cedência de instalações, como sucedeu em Alpalhão, com o Grupo Ciclo Alpalhoense.
A parte mais importante fica à responsabilidade dos dadores e da sensibilização que é feita pelos dirigentes da associação.
António Eustáquio reconhece a importância deste Dia Nacional e da associação que lidera, apesar dos seus 83 anos.
“O mais importante neste processo são os dadores, pois sem a associação isto podia funcionar, sem os dadores é que não. Quando começámos apareciam meia dúzia de pessoas e hoje não há recolhas de dádivas no distrito em que não participem mais de 40 dadores.”
Realçando o aumento de dadores, Eustáquio aponta, com orgulho para os 479 dadores inscritos pela primeira vez em 2009 e reforça “ este ano, em três meses, já se inscreveram 91 novos voluntários para doarem sangue”.
Um esforço da Associação de Portalegre que como reafirma o seu presidente “tem sido reconhecido pelo Instituto Nacional do Sangue que nos atribuiu a Medalha de Prata e pela Câmara Municipal de Portalegre com a Medalha de Ouro da Cidade. É um reconhecimento pelo trabalho que a Associação tem feito em prol dos outros, em prol de pessoas que nem sequer conhece e este é o aspecto mais solidário e humano da nossa acção: fazer o bem sem olhar a quem”.
Sobre o futuro da Associação, António Eustáquio mostra-se confiante e exprime um desejo.
“ Gostava que a Associação mantivesse este espírito de bem-fazer, de contribuir para ajudar as pessoas e a suprimir a carência de sangue para que toda a gente o possa ter quando dele necessita. Mas é cada vez mais difícil encontrar gente com disponibilidade e espírito de voluntariado. Acredito que não há ninguém insubstituível e que hão-de surgir outras pessoas impregnadas do mesmo sentimento de contribuir para o bem-estar humano.”
“O sangue não se pode comprar na farmácia ou na mercearia”
As acções de recolha de sangue são também espaço de encontros e de muitas histórias, algumas exemplares.
São aqueles dois irmãos, jovens, da Alagoa, que aqui encontrámos o ano passado e que vêm outra vez até Alpalhão doar o seu sangue, porque “é uma forma de ajudarmos que precisa”, ou José Canatário, aposentado da função pública, 62 anos e já com um “currículo” de mais de 20 anos a doar sangue que aqui vem “para ajudar o próximo, pois o sangue não se pode comprar na farmácia ou na mercearia”.
José Canatário lembra outros tempos em que eram as pessoas com familiares doentes que vinha pedir e recorda a dádiva ao Mestre Armando como uma das que deu devidamente direccionada.
Sobre o Dia Nacional do Dador reconhece que “faz sentido porque mostra que há pessoas que sem interesse monetário se disponibilizam para ajudar o próximo. É uma efeméride de louvar e que serve para juntar os dadores em convívio”.
Paula Cristina Caetano é uma jovem de 26 anos e que deu sangue pela primeira vez o ano passado. Enaltece estas acções de recolha e confessa-se feliz por ter contribuído par ajudar quem precisa.
A motivação não varia muito de dador par dador, com mais ou menos idade. Estão ali por um imperativo de consciência, na resposta ao apelo e neste local, é bom dizê-lo, há também um certo respeito e admiração pelo trabalho desenvolvido pela associação dirigida por um conterrâneo.
A festa que se seguiu, foi um convívio diferente. Provou-se a cozinha tradicional alpalhoeira, repartiram-se experiências entre os dadores, e repartiu-se o bolo de aniversário.
Cantaram-se os parabéns e aproveitou-se a ocasião para reflectir sobre o papel dos dadores de sangue e das associações que os representam.
António Eustáquio deixou uma mensagem de confiança no futuro. O sangue não faltará enquanto houver homens e mulheres de boa vontade, irmanados nesta causa comum, humana e solidária. Dar sangue é salvar vidas!
Tratou-se de uma coincidência de calendário juntar a recolha de sangue programada para esse dia com a comemoração de uma efeméride, criada, justamente, pelo Instituto Português do Sangue, por um lado, para acabar com as dádivas renumeradas e sensibilizar para as dádivas voluntárias e por outro para reconhecer o esforço, a dedicação e o espírito solidário de todos os dadores do país que se juntam numa causa de amor ao próximo e nas dádivas de um elemento tão essencial à vida como é o sangue.
Fosse pela primeira recolha do ano em Alpalhão ou pelo assinalar do Dia do Dador de Sangue, certo é, que no passado sábado, as dádivas de sangue nesta localidade alcançaram um número muito significativo, atingindo as seis dezenas de dadores, cinco dos quais pela primeira vez.
Se é verdade que nestas acções de recolha de sangue são os homens que comparecem em maior número, não deixa de ser digno de registo a participação das mulheres, neste caso 23 e também a presença significativa de um crescente número de jovens, como que a dar razão a António Eustáquio quando diz que “esta é uma causa a que vêm aderindo cada vez mais pessoas”.
Foi a pensar na auto-suficiência dos serviços hospitalares e nas pessoas que na contingência de serem submetidas a intervenções cirúrgicas tinham que apelar aos amigos e familiares para doarem o sangue que lhes era exigido, que há cerca de 20 anos, António Eustáquio meteu mãos à obra e fundou a Associação de Dadores Benévolos de Sangue do Distrito de Portalegre.
Mais de 90 dadores inscritos em 3 meses
Uma associação que anualmente percorre quase todos os concelhos do distrito, por duas vezes, em acções de recolha voluntária do precioso líquido, iniciativas a que não são alheias as Câmaras Municipais, as Juntas de Freguesia, as colectividades e os bombeiros que colaboram, quer na confecção e oferta do almoço convívio ou na cedência de instalações, como sucedeu em Alpalhão, com o Grupo Ciclo Alpalhoense.
A parte mais importante fica à responsabilidade dos dadores e da sensibilização que é feita pelos dirigentes da associação.
António Eustáquio reconhece a importância deste Dia Nacional e da associação que lidera, apesar dos seus 83 anos.
“O mais importante neste processo são os dadores, pois sem a associação isto podia funcionar, sem os dadores é que não. Quando começámos apareciam meia dúzia de pessoas e hoje não há recolhas de dádivas no distrito em que não participem mais de 40 dadores.”
Realçando o aumento de dadores, Eustáquio aponta, com orgulho para os 479 dadores inscritos pela primeira vez em 2009 e reforça “ este ano, em três meses, já se inscreveram 91 novos voluntários para doarem sangue”.
Um esforço da Associação de Portalegre que como reafirma o seu presidente “tem sido reconhecido pelo Instituto Nacional do Sangue que nos atribuiu a Medalha de Prata e pela Câmara Municipal de Portalegre com a Medalha de Ouro da Cidade. É um reconhecimento pelo trabalho que a Associação tem feito em prol dos outros, em prol de pessoas que nem sequer conhece e este é o aspecto mais solidário e humano da nossa acção: fazer o bem sem olhar a quem”.
Sobre o futuro da Associação, António Eustáquio mostra-se confiante e exprime um desejo.
“ Gostava que a Associação mantivesse este espírito de bem-fazer, de contribuir para ajudar as pessoas e a suprimir a carência de sangue para que toda a gente o possa ter quando dele necessita. Mas é cada vez mais difícil encontrar gente com disponibilidade e espírito de voluntariado. Acredito que não há ninguém insubstituível e que hão-de surgir outras pessoas impregnadas do mesmo sentimento de contribuir para o bem-estar humano.”
“O sangue não se pode comprar na farmácia ou na mercearia”
As acções de recolha de sangue são também espaço de encontros e de muitas histórias, algumas exemplares.
São aqueles dois irmãos, jovens, da Alagoa, que aqui encontrámos o ano passado e que vêm outra vez até Alpalhão doar o seu sangue, porque “é uma forma de ajudarmos que precisa”, ou José Canatário, aposentado da função pública, 62 anos e já com um “currículo” de mais de 20 anos a doar sangue que aqui vem “para ajudar o próximo, pois o sangue não se pode comprar na farmácia ou na mercearia”.
José Canatário lembra outros tempos em que eram as pessoas com familiares doentes que vinha pedir e recorda a dádiva ao Mestre Armando como uma das que deu devidamente direccionada.
Sobre o Dia Nacional do Dador reconhece que “faz sentido porque mostra que há pessoas que sem interesse monetário se disponibilizam para ajudar o próximo. É uma efeméride de louvar e que serve para juntar os dadores em convívio”.
Paula Cristina Caetano é uma jovem de 26 anos e que deu sangue pela primeira vez o ano passado. Enaltece estas acções de recolha e confessa-se feliz por ter contribuído par ajudar quem precisa.
A motivação não varia muito de dador par dador, com mais ou menos idade. Estão ali por um imperativo de consciência, na resposta ao apelo e neste local, é bom dizê-lo, há também um certo respeito e admiração pelo trabalho desenvolvido pela associação dirigida por um conterrâneo.
A festa que se seguiu, foi um convívio diferente. Provou-se a cozinha tradicional alpalhoeira, repartiram-se experiências entre os dadores, e repartiu-se o bolo de aniversário.
Cantaram-se os parabéns e aproveitou-se a ocasião para reflectir sobre o papel dos dadores de sangue e das associações que os representam.
António Eustáquio deixou uma mensagem de confiança no futuro. O sangue não faltará enquanto houver homens e mulheres de boa vontade, irmanados nesta causa comum, humana e solidária. Dar sangue é salvar vidas!
O exemplo da família Becho
A mãe, a filha e o filho, todos três, deitados lado a lado na marquesa, ofereciam um cenário que não podia ser ignorado. Têm um sobrenome tipicamente alpalhoeiro, Becho.
A mãe, Maria Tomásia, tem 43 anos, trabalha na Santa Casa e é dadora há 18 anos. Incentivou os filhos, a Susana, 25 anos, professora, e o Ricardo, 19 anos, estudante na Etaproni.
A mãe, a filha e o filho, todos três, deitados lado a lado na marquesa, ofereciam um cenário que não podia ser ignorado. Têm um sobrenome tipicamente alpalhoeiro, Becho.
A mãe, Maria Tomásia, tem 43 anos, trabalha na Santa Casa e é dadora há 18 anos. Incentivou os filhos, a Susana, 25 anos, professora, e o Ricardo, 19 anos, estudante na Etaproni.
Vieram juntos, sorridentes, disponíveis para compartilhar um pouco do seu sangue, com outros que dele necessitem. Para completar a família, falta o pai. Veio uma vez, tinha os valores do colesterol um pouco altos e não tentou mais vezes. A mãe e os dois filhos, compensam e bem a sua ausência. Não são dadores “normais”. A Susana, por exemplo, viajou de noite desde Aljustrel, onde lecciona, para dizer presente e integrar o número de 60 dadores que se dispuseram a doar sangue no sábado em Alpalhão.
São exemplos destes que ajudam a compreender o papel da Associação de Dadores e constituem, ao mesmo tempo, um estímulo para os seus dirigentes.
O Dia Nacional do Dador de Sangue, só por isso, não podia ter uma mais feliz comemoração do que aquela que aconteceu em Alpalhão.
São exemplos destes que ajudam a compreender o papel da Associação de Dadores e constituem, ao mesmo tempo, um estímulo para os seus dirigentes.
O Dia Nacional do Dador de Sangue, só por isso, não podia ter uma mais feliz comemoração do que aquela que aconteceu em Alpalhão.
Mário Mendes in "O Distrito de Portalegre"