A estratégia para a água apresentada pelo Governo sob a designação «Água que Une», sustenta-se no anúncio da construção de novas barragens.
Esta opção levanta duas grandes
preocupações ao PEV:
· a primeira prende-se com o impacto que
as grandes infraestruturas de armazenamento têm na biodiversidade, a qual está
em grande declínio ao nível mundial e também ao nível nacional, resultando daí
uma maior vulnerabilidade e instabilidade no Planeta;
· a segunda prende-se com o objetivo
destes reservatórios, na medida em que, num contexto de grande variabilidade
climática, em períodos de seca cada vez mais prolongados, não é minimamente
avisado criar estruturas que visam a proliferação de grandes projetos de
agricultura intensiva ou de turismo de grande dimensão. No mesmo sentido, a
anunciada intenção de interligação de bacias deixa também muitas preocupações
na medida em que faz antever o aumento de mega-projetos de agricultura
intensiva.
Desta forma, não há estratégia para a biodiversidade, nem estratégia para adaptação às alterações climáticas que possa resultar.
Em relação à anunciada intenção de
redução de perdas de água, bem como à reutilização de água residual tratada,
são objetivos pelos quais Os Verdes se batem há mais de 30 anos, com alertas e
propostas concretas. Porém, o anúncio do Governo carece de especificação sobre
a forma como se vai concretizar na prática, particularmente no que diz respeito
aos investimentos necessários, dos quais o PEV espera que o Governo não se
desresponsabilize, assim como aos respetivos modelos de financiamento.
Assim, e em síntese, Os Verdes alertam
para o facto de, por um lado, esta estratégia para a água apontar para mais um
conjunto de investimentos de grande dimensão que poderão agravar ainda mais as
condições precárias em que se encontra a defesa e preservação do ambiente em
Portugal, em prol de grandes interesses económicos.
Por outro lado, para o PEV a
utilização eficiente da água é um pilar estruturante da gestão deste recurso
vital, especialmente em contexto de aquecimento global do Planeta. Do que foi
publicamente salientado na apresentação desta estratégia, resultou um embrulho
de boas intenções, as quais, porém, não têm validade enquanto não forem
acompanhadas da respetiva programação financeira e calendário de execução. Esta
cautela é fundamental, porque a proteção e preservação do ambiente tem valido
muito pouco e já é menos do que um chavão na ação do Governo.
Lisboa, 10 de março de 2025
Partido Ecologista Os Verdes