As próximas eleições europeias vão ser mais uma dor de cabeça para o projeto europeu iniciado por Robert Schuman, e Jean Monnet que deram vida à ideia de Winston Churchill da criação dos “Estados Unidos da Europa”. Este projeto está a ser atacado pelo crescimento dos eurofóbicos nacionalistas de extrema-direita. Este fenómeno, é uma tendência internacional, porque os impérios financeiros apostam nos Trump’s d este mundo, que financiam estes partidos para destruir a unidade entre as pessoas e os povos.
A provar, no genocídio em Gaza, o Chega apoia a atitude do governo de extrema-direita de Israel e exige a demissão de António Guterres, quando este, apenas defende o direito internacional negado pelo criminoso de guerra, Benjamim Netanyahu. Esta é a agenda internacional, representada pelo inacreditável Tânger Corrêa cuja preocupação eleitoral, é a imigração. Como se esta preocupação fosse o principal objetivo da política europeia, mas cujo Pacto das Migrações é um falhanço nas soluções necessárias. Pior, é uma ajuda às máfias de tráfico de mão-de-obra, a fonte da nova escravatura, com a ajuda de milhares de milhões de euros entregues à Turquia e à Líbia para capturar seres humanos em desespero.
A agravar, a maioria na União Europeia representada por Ursula Von der Leyen, não mostra sinais de marcar linhas vermelhas com a extrema-direita; antes pelo contrário, a atual Presidente acerta acordos para garantir a sua eleição. O PPE, onde se vão encaixar os eurodeputados da AD, alinha neste acordo com a extrema-direita. Outro dado preocupante é a recusa da U.E. em impor sanções a Israel, assim como, impedir a Alemanha de fornecer armas que estão ao serviço de um genocídio.
O futuro da Europa passa por uma economia sustentável e regulada contra a gula dos poderosos e numa aposta séria na transição climática. Os offshore são as portas giratórias do crime financeiro defendido pelas políticas europeias de direita e não se vislumbram mudanças. Também, na Política Agrícola Comum, a maior parte das verbas vão para uma minoria de grandes agricultores. Das verbas aprovadas pela PAC até 2027, dos 270 mil milhões de euros, Portugal recebe apenas 7 mil milhões. São estas políticas da direita europeia que condenam os nossos agricultores.
Se o problema está nas fronteiras, faça-se o investimento já aprovado para satisfazer a vigilância exigida pela União Europeia, sob o risco de sairmos do espaço Schengen. A Europa precisa dos emigrantes, mas com políticas sérias de integração, como é um bom exemplo, o que está a ser feito no Fundão.
Quanto à guerra na Ucrânia a solução passa por uma estratégia europeia para a paz e com negociações para combater o projeto do invasor russo. O congénere romeno do Ventura defende a anexação de zonas da Ucrânia e estão a favor de Putin; tudo isto entra na contradição habitual da extrema-direita, porque Ventura admite, em condições extremas, o envio de portugueses para a Ucrânia, para combater contra os russos, apesar do candidato do Chega, admitir que não temos exército que nos defenda…
Ninguém pode ignorar a importância das eleições para o Parlamento Europeu que decidem muito das nossas vidas, pois os governos estão obrigados a cumprir as suas diretivas. Nesta eleição para eurodeputados, vamos perceber se estamos a votar em europeístas ou em euro-cínicos.
* Paulo Cardoso - Programa "Desabafos" / Rádio Portalegre - 24.05.2024