Acontece no Capitólio a 20 e 21 de janeiro
Depois de um adiamento provocado pela meteorologia, o LISBOA MISTURA, o primeiro evento intercultural deste género em Lisboa, está de volta já neste arranque de 2024. São dois dias intensos, de música, encontros, conversas, festa, muita partilha e misturas sociais, culturais, artísticas… mantendo-se quase todas as atrações do programa já anunciadas. O evento acontece nos dias 20 e 21 de janeiro, no Capitólio, em Lisboa.
Como realça e sintetiza Carlos Martins, o fundador e dinamizador do festival, “Nesta 18ª edição, o Lisboa Mistura quer ESCUTAR a cidade e o mundo à volta, pensar no seu futuro e no futuro da cidade e da cultura como ativação da cidadania na construção urbana. Queremos continuar a trabalhar para democratizar a cultura e para desacelerar a vertigem do ruído visual através de processos de escuta. E queremos acima de tudo dar palco às tradições e à inovação, sonora e do pensamento. Pode parecer pouco, mas se conseguíssemos pensar nas sonosferas como novos modelos de governança e de celebração da vida estaríamos a contribuir para uma grande mudança na forma como nos relacionamos entre nós e com as paisagens à nossa volta, ainda mesmo antes de as criarmos.”
Cartaz Geral
DIA 20 JANEIRO (sábado)
DEBATE: LISBOETAS E VISIBILIDADE 16H00 - Bazar do Vídeo
Conversa sobre uma Lisboa inclusiva: quantos dos lisboetas ainda não têm a visibilidade desejada nesta cidade com tantas culturas?
Com Vitor Belanciano, Paula Cardoso (Afrolink), Marisa Rodrigues (Bantumen)
OPA - OFICINA PORTÁTIL DE ARTES 19H30 – Capitólio
A OPA - Oficina Portátil de Artes é um projeto artístico com foco no Hip-Hop e tem como objetivo potenciar novas formas de cruzamento entre a pedagogia e a criação artística através da música. Dirigido por Francisco Rebelo, o projeto providência as ferramentas técnicas e artísticas para uma evolução acompanhada e, ao mesmo tempo, um lugar em palcos centrais da cidade. Através da criação de workshops esporádicos com artistas da área do hip-hop, a OPA cuida de promover as questões sociais e de comunidade numa perspectiva de intervenção social e construção de cidadania.
MC: John Do$, Ró Lk, Snails, Golden Nora
Producer: EVAWAVE
SOWETO KINCH TRIO 21H00 – Capitólio
O premiado saxofonista e MC Soweto Kinch é um dos músicos emocionantes e versáteis nas cenas de jazz e hip hop britânico. Já com uma lista extensa de elogios e prémios, apresenta-nos o seu último álbum The Black Peril, político e racialmente interventivo, encontrando inspiração histórica nos motins que eclodiram na década de 90 e em toda a mudança social associada.
DOBET GNAHORÉ 22H30 – Capitólio
Não há dúvida que a energia da Dobet Gnahoré é contagiante. A Costa de Marfim é o seu país de origem, mas vive há muitos anos em França. A cantora, bailarina, compositora Dobet é vencedora de um Grammy em 2010 e intérprete de seis álbuns desde o início da sua carreira. Com uma abordagem refrescante, procura no álbum “Couleur” transmitir mensagens de positivismo perante o futuro, empoderamento feminino e incentivar a uma realidade mais criativa!
21 JANEIRO (domingo)
FESTA INTERCULTURAL - 17H00 às 19H00 – Capitólio
Apresentação de grupos de diferentes geoculturalidades que muitas vezes não têm acesso aos palcos centrais.
- Mbalango (Moçambique)
Mbalango é um artista a solo que, através da sua mbira de fabrico próprio, instrumento tradicional de Moçambique e do Zimbabué, presenteia-nos com a sua veia artística multifacetada.
- Toy e Emanuel Matos (Portugal)
Os irmãos Emanuel e António vivem em Benavente, Ribatejo. Com o exemplo do seu pai, desde sempre que a música esteve presente na sua família e representa a sua cultura cigana.
- Amizade Linha de Sintra (Guiné Bissau)
O grupo Amizade Linha de Sintra transporta-nos até à Guiné Bissau através do som peculiar da Tina, o seu instrumento típico composto por uma cabaça em água.
- Isha Artes: Kathak (India)
ISHA ARTES representa a Cultura Indiana através da dança clássica indiana – Kathak. As suas coreografias integram caminhos culturais, sociais e educacionais da cultura indiana, tendo em vista a dinâmica das práticas interculturais como mecanismos de integração social.
- Kaori Shiozawa - Grupo Tawoo (Japão)
Tawoo significa "estrada" em chinês. Proporciona um lugar para que as pessoas possam encontrar-se, experimentar e descobrir juntas o caminho do Taiko. Nele são promovidas uma variedade de atividades com o objetivo de desenvolver o seu carácter, estilo, talento e energia através dos ritmos da percussão japonesa.
JAZZOPA - 19H30 – Capitólio
JAZZOPA é um projeto que reúne o jazz, spoken word e hip-hop, numa linguagem artisticamente desafiadora e socialmente consciente e que procura artistas com aptidões consolidadas nas várias áreas propostas. Através de um modelo de “estúdio criativo” de cocriação, os/as participantes são desafiados/as a criar repertório que interliga as três áreas artísticas numa só a partir de improvisação em tempo real.
Instrumentistas: Samuel Dias (bateria), Francisco Nogueira (baixo), Kiko Sá (trompete), Débora king (piano), Jery Bidan (guitarra), Ricardo Rosas (saxofone)
MC: Vileiro e YA SIN
Spoken word: Vanessa Parish Crooks e Luís Perdigão
CRIATURA - 21H00 – Capitólio
Procurando outros olhares da tradição, Criatura refresca-nos com ritmos portugueses, sublimemente trabalhados, para nos fazer viajar na memória popular de norte a sul de Portugal. Depois de editarem o primeiro disco “Aurora” em 2016, lançam em 2021 “BEM BONDA”, apresentando-nos uma nova abordagem na poesia e melodia portuguesas, desafiando os já existentes padrões musicais.
Entre os concertos - Tiago Pereira (DJ Set)
Realizador, documentarista, radialista e visualista, Tiago Pereira tem promovido e divulgado a música portuguesa, como mentor e diretor do projeto: "A música portuguesa a gostar dela própria”. Agora DJ, considera-se ativista, defensor da memória coletiva e tradição oral e tem como principal objectivo a procura de outra música, mais amadora e pouco divulgada, mais concentrada na interpretação e nas pessoas.
LISBOA MISTURA – POR CARLOS MARTINS (fundador e programador)
“Nesta 18ª edição, o Lisboa Mistura quer ESCUTAR a cidade e o mundo à volta, pensar no seu futuro e no futuro da cidade e da cultura como ativação da cidadania na construção urbana. Queremos continuar a trabalhar para democratizar a cultura e para desacelerar a vertigem do ruído visual através de processos de escuta. E queremos acima de tudo dar palco às tradições e à inovação, sonora e do pensamento. Pode parecer pouco, mas se conseguíssemos pensar nas sonosferas como novos modelos de governança e de celebração da vida estaríamos a contribuir para uma grande mudança na forma como nos relacionamos entre nós e com as paisagens à nossa volta, ainda mesmo antes de as criarmos.
O Lisboa Mistura em 24 propõe uma viragem no conceito deste encontro dos lisboetas com a cidade, consigo mesmos e com o mundo à volta. Só se “mistura” quem quer, mas temos de criar condições, espaço e tempo para os que anseiam por mais conexões e melhores condições para se exprimirem criativamente nos planos pessoais, coletivos, artísticos e espirituais.
O Lisboa Mistura junta pessoas e comunidades; culturas populares e eruditas; pensadores e criadores de arte e cidadania no mesmo espaço, num ambiente profissional, profissionalizante, e aberto a todos. O Mistura é ainda mais pertinente quando a cidade de Lisboa se festivaliza cada vez mais a cada ano que passa. Lisboa não encontrou ainda a melhor forma de harmonizar os projetos culturais com a necessidade de ter maior envolvimento social sustentado.
A festivalização da cultura, por promover a efemeridade e substituir cultura por entretenimento, não constrói sustentabilidade nem ajuda as pessoas a encontrar plataformas que medem os seus interesses e aspirações com interesses privados. Por isso o Lisboa Mistura está mais do que nunca enquadrado nos bairros de Lisboa onde inscreve práticas artísticas e comunitárias experimentais que a partir do trabalho coletivo nos façam descobrir os lisboetas e o mundo e que olhem de forma diferente para as questões urgentes que se põem às comunidades. Lisboa tem que ser no mesmo esgar tradição e risco, não só turismo e gentrificação.”