Primeiro, levaram-nos o presépio, trocando-o por uma árvore. Depois, levaram o Menino Jesus, trocando-o por um indefinido Pai Natal promovido pela Coca-Cola, a seguir impingiram a ideia de que a troca de presentes da noite de Natal, deveria estar ao serviço grandes superfícies e consumos desenfreados que agradam aos grandes armazéns mas perderam a dimensão do afeto. O Deus consumista a reger as tão desejadas festividades. Há poucos dias, um caramelo importante da União Europeia veio propor que deixássemos de usar a palavra Natal para dizermos ‘festividades’ ou ‘férias’ porque usá-la não seria inclusivo. Por este andar, deixamos de celebrar a noite de Reis para celebrar a noite dos Presidentes.
Este esforço para a estupidificação coletiva não é de hoje. Em nome da inclusão está a haver um enorme esforço, reacionário e analfabeto, para que o sentido do tempo, o sentido da existência se esgotem no simplismo, pelo desvanecimento da memória, para quem só interessará o imediato e o instante. Sobretudo quando o maior símbolo do Natal é a inclusão, o amor e solidariedade.
Resisto a este cancelamento das palavras, da cultura, da identidade e exorto os meus leitores a celebrar o Natal. Sem eufemismos. Sem o preconceito que se esforçam por impor. A ceia de Natal, a festa de Natal, o nascimento do Menino Jesus, os abraços de Natal.
Não há pachorra para tanto modernismo indigente!
* Moita Flores** Imagem: 'Natividade', de Caravaggio