Dedicada a pessoa com doença
contagiosa
Tenho pena, tenho pena
Tenho pena, tenho sim
Eu até chego a ter pena
De quem não tem pena de mim
Sou um homem infeliz
Com doença rigorosa
É muito contagiosa
Minha sorte assim o quis
Há muita gente que diz
A doença é pequena
Vivo nesta triste cena
De todos abandonado
Sou por todos desprezado
Tenho pena, tenho pena.
É por isso que eu digo
Que já não tenho alegria
Aonde quer que eu ia
Não tinha um inimigo
Todos falavam comigo
Agora fogem de mim
Não é por eu ser ruim
A minha infelicidade
Posso dizer que é verdade
Tenho pena, tenho sim.
Não me querem falar, não
Nem para mim querem olhar
Quando eles vão a passar
Até escarram para o chão
Dói-me logo o coração
Por haver quem me condena
Mas Deus que tudo ordena
Também os faz padecer
Quando eu os vejo a sofrer
Eu até chego a ter pena.
Estou aqui e além
Vivo no mundo sozinho
Sentando no meu banquinho
Sem carinhos de ninguém
Quem morreu já cá não vem
Para me ver dar o fim
Para que foi que nasci(m)
Para sofrer tanto agora
Choro por quem por mim não chora
De quem não tem pena de mim.
João Marques Faustino